Padre Nildo Moura de Melo, OSFS

Havia um grande grupo fazendo companhia a Jesus. Seguiam-no, o admiravam e tinham-no como referencial. Jesus amava todas essas pessoas. Elas sabiam disso. Cada uma ia, a seu tempo, recebendo uma missão de Jesus. Entretanto, o Senhor sentiu a necessidade de ter mais perto de si e mandar para mais perto daqueles que precisavam, algumas pessoas que o seguiam. Foi falar com o Pai, foi conversar com Deus, foi rezar. No silêncio daquela noite e na solidão daquele monte passou pela mente de Jesus os nomes e os rostos de muita gente. E de todos estes rostos, Jesus ficou com os doze que o Evangelho de Lucas (6,12-19) nos conta. Eles foram chamados de apóstolos. Receberam por missão anunciar o Evangelho a fazer Jesus viver em todos os lugares e corações. Eles deveriam ser um ponto de referência para todos os que quisessem seguir o caminho de Jesus. Tudo isso porque Ele quis, porque naquela noite e naquela oração o Senhor pensou neles com carinho. O Senhor sempre Jesus pensa em nós com car

O amor de Deus é como amor de Mãe: valente, verdadeiro, misericordioso. Quem é o filho mais amado em casa? O pequeno até que cresça, o enfermo até que se cure, o ausente até que volte (Al-Asbahani). Amor que é amor privilegia quem mais precisa, e confia em que já tem asas para voar. Deus nos ama como uma mãe ama seus filhos. E a medida desse amor é a medida que cada qual necessita. Não é demais nem de menos. É só o que cada qual precisa. Destarte nasce o mandamento de amá-lo também. Não como um simples dever, mas como a correspondência justa ao Senhor. Amar a Deus de todo o coração, de toda a alma, com todo o entendimento. E amar ao próximo como a si mesmo. Aqui mora nossa felicidade. Só quem entra nessa dinâmica e orienta sua vida para este caminho pode experimentar a felicidade de Cristo. Nunca compreenderemos o suficiente quão feliz é aquele que tem por única Lei o amor. É o mandamento que mais livre deixa o ser humano. Devemos agradecer a Deus por nos ter dado só isso como r

A gente reluta, mas é assim: não há vitória sem luta! E mesmo quando perdemos a batalha não podemos perder a coragem de lutar. Lutar é muito difícil, ainda mais quando alguém que amamos é quem sofre as maiores feridas. Bom, em questão de dor não há gradação, como concebemos costumeiramente, pois a dor maior é aquela que dói. Quem está sofrendo que o diga! Lutar! Ninguém quer lutar. Não por falta de coragem, mas porque é muito exigente. Se lutamos, é porque algo ameaça nossa vida, ameaça nossa felicidade e nossa fidelidade. E uma ameaça sempre desespera. Mas há a luz do amor. Só um grande amor, um amor que transforma, converte, une, robustece, só um amor de verdade nos faz permanecer lutando. Pois o amor transforma a gente na luta por quem amamos. O amor é uma forma de lutar. E a luta é uma forma de amar. Lutamos com fé, mas nem sempre é fácil ter fé. Não sabemos explicar o porquê, mas há algo que impede Deus de fazer o extraordinário em tantos momentos de nossa vida. Você há de co

A fé é a coragem de amar alguém e viver segundo este amor, ainda que este alguém não possa ser demonstrado por ninguém, nem por quem o ama de todo coração. A juventude é uma etapa da vida marcada por descobertas, erros e acertos, plena de uma beleza própria e desafiada a entrar no caminho da felicidade autônoma. A fé é importante na vida do jovem e talvez seja o maior ato de coragem que ele possa ter. Por ela se chega ao verdadeiro sentido da vida. Ela é o mapa da verdadeira felicidade, o GPS que não conhece desconfiguração ou ausência de sinal. A juventude, sendo o tempo das experiências novas e marcantes, é tempo especial para amadurecimento da fé, mas também, para descoberta do dom da fé. A fé cristã se explicita por um assentimento afetivo a Deus conforme Jesus ensinou. Mas principalmente se torna concreta e evidente por atitudes de amor ao próximo, comprometimento com a comunidade e retidão de vida. A juventude se explicita não tanto pela transformação e evidência físic

O tempo passou e nós crescemos. Que bom que foi assim! Era o nosso sonho crescer, ser grande, ser adulto. Agora, o doze de outubro tem outro significado. Não é mais nosso dia, mas continua sendo o dia que já foi nosso.  Lembra como Deus era nosso amigo? Lembra dos planos que fazíamos pra convencer os adultos? Lembra da alegria que tínhamos em se encontrar com os amiguinhos, ir na casa dos avós, receber uma visita, brincar na chuva... Lembra?  Tantas coisas boas que fomos esquecendo e que lembramos diante de um texto como esse.  É que as preocupações vieram, descobrimos que o mundo não é nada inocente, que a vida é exigente; nossos heróis se tornaram fábula, nossas fábulas se tornarem vazias e passamos a repetir com as crianças aquilo que, quando crianças, não queríamos que viesse de um adulto. Falta-nos recordação. Recordar significa “voltar o coração”, dar uma marcha à ré no coração da gente.  Sim, voltar lá atrás e viver de novo o que ainda está vivo em nós. Recordar nos ajuda

O casamento em Caná da Galileia mostra o primeiro sinal de Jesus registrado pelo evangelho segundo João (Jo 2, 1-11). Maria está presente. É ela quem atua para que a festa continue. Ela se dá conta disso quando falta o vinho e faz alguma coisa. Vai a Jesus. Quando nos falta o vinho da alegria, da paz, da esperança, da coragem, do amor, a atitude de Maria nos ensina que primeiro se deve ir a Jesus e procurar Nele aquilo que nos falta. Ela é alguém que não tem dúvida da capacidade de Jesus. Ele pode transformar aquela situação de vergonha e de tristeza em alegria e festa. Ir a Jesus. Ir com confiança, com as palavras certas, sem hesitação. Ir a Jesus! Maria nos ensina a ter atenção àquilo que falta na vida das pessoas e a fazermos o que estiver ao nosso alcance para ajudar. Sempre ajudar, jamais se omitir! Ela também é aquela que está atenta ao que nos falta. É mãe providente. Quando nos falta o vinho da festa de nossa vida podemos ir a Jesus sem constrangimento. Mas temos algué