Chuva serena

Quando a chuva vem serena, Sereno deixa o coração. Seu tilintar na face da terra É como uma harpa que inebria a emoção. E lentamente penetrando Vai levando pro fundo dos sonhos A vitalidade da criança, Que um dia adormecera Contando as gostas que não via, Da chuva que descia Lá fora. Quando a chuva vem serena Sereneia este mundo louco. Parece tão pouco Mas pouco não é. Desperta a vida nas secas pastagens, Nos campos longínquos, Nas verdes ramagens. Nos jardim das casas, Em torno das vargens. Nas praças da cidade, Nas duras realidades. No coração do homem E na sua saudade. A chuva é resposta do céu Ao broto que ansiosamente Esperava uma chance. O céu é sempre pródigo Quando se trata de apostar novamente. Chove alturas Para que as alturas Se façam vertentes. E jorrem o que receberam Doce e alegremente. No coração do homem Às vezes também chove. E se vem serena Sereneia, comove. Não é pouco, E se pouco foss...