Chuva serena


Quando a chuva vem serena,
Sereno deixa o coração.
Seu tilintar na face da terra
É como uma harpa que inebria a emoção.
E lentamente penetrando
Vai levando pro fundo dos sonhos
A vitalidade da criança,
Que um dia adormecera
Contando as gostas que não via,
Da chuva que descia
Lá fora.

Quando a chuva vem serena
Sereneia este mundo louco.
Parece tão pouco
Mas pouco não é.
Desperta a vida nas secas pastagens,
Nos campos longínquos,
Nas verdes ramagens.
Nos jardim das casas,
Em torno das vargens.
Nas praças da cidade,
Nas duras realidades.
No coração do homem
E na sua saudade.

A chuva é resposta do céu
Ao broto que ansiosamente
Esperava uma chance.
O céu é sempre pródigo
Quando se trata de apostar novamente.
Chove alturas
Para que as alturas 
Se façam vertentes.
E jorrem o que receberam
Doce e alegremente.

No coração do homem
Às vezes também chove.
E se vem serena
Sereneia, comove.
Não é pouco,
E se pouco fosse, 
Mesmo assim, chuva seria.
Mesmo assim penetraria, 
Aliviaria a aridez
E robusteceria.

No coração, 
Sim, também chove
E comove o milagre da vida
Que não cansa de insistir
Até que um dia,
Ainda que gente não veja,
Chuva também seja.

Pe. Nildo Moura de Melo, OSFS

Imagem: Quadro da Obra Chuva Serena de Liu Kojima

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