O Sacramento do Batismo

Era um dia comum que tornou-se extraordinário. Jesus aproximou-se de João Batista, entrou no rio e quis ser batizado. O que João fazia era um rito para o perdão dos pecados. Jesus, mesmo sem pecado, faz-se irmão de todos no novo caminho que João propunha. Sim, João propunha o início de um caminho. Jesus seria O Caminho, mas ali se coloca no caminho com todos. Foi batizado.

No final de sua missão, Jesus dá uma ordem a seus discípulos: “vão e batizem a todos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28, 19). Talvez, eles se recordaram do batismo de João, mas entenderam que este batismo era diferente porque era no Espírito. A vida de Jesus seria comunicada e assumida por todos os que dissessem sim ao projeto de vida deste Deus que se fez humanidade num lugarejo da terra, abraçando nossa condição para nos conduzir à salvação. Jesus instituiu o Batismo e assim se chama ‘por causa do rito central com que se realiza: batizar (baptizeis,em grego) significa “mergulhar”, “imergir”. A “imersão” na água simboliza a sepultura do catecúmeno na morte de Cristo, de onde sai pela ressurreição com Ele como “nova criatura” (2 Cor 5, 17; Gl 6, 15)’ (CIC, 1214).

Nós quando somos batizados participamos da nova vida que vem de Jesus, é Jesus e nele está. Tornamo-nos filhos de Deus como Jesus seu filho é; tornamo-nos irmãos de Jesus, templo e habitação do Espírito Santo, herdeiros das promessas de Deus. Somos mergulhados em Cristo e nascemos para uma vida nova. Vida esta que só a natureza não poderia nos conceder, a vida sobrenatural, a vida do próprio Cristo.

O Batismo nos insere na mesma missão de Jesus. A água marca a lavagem das coisas do mal, herdadas ou adquiridas voluntariamente, que poderiam nos seduzir. Simboliza, sobretudo, a morte e ressurreição de Cristo. Nas antigas comunidades o Batismo ocorria numa piscina, onde a pessoa era mergulhada representando Jesus que foi sepultado e ressurgiu para a vida nova. O sinal da Cruz é o sinal dos Cristãos. Na cruz está a maior prova de nossa salvação: Deus morreu por nós em Jesus de Nazaré. A cruz é o amor que nos salva, é o amor que se tornou nossa missão.  O óleo marca o selo de Deus em nós, a missão que ele nos confia, o seu Espírito que nos penetra. Antes do batismo, o óleo dos catecúmenos nos traz a força de Deus. Após o batismo, o óleo do crisma nos consagra para participarmos da missão do Cristo, sacerdote, profeta e rei. A roupa branca simboliza a nova vida, que o batizado está revestido de Cristo. A vela acesa significa a luz que Cristo é; também, a luz que Cristo nos faz para o mundo. O sal, o desafio de ser a diferença segundo o evangelho.

O Batismo é o sacramento porta da Igreja. Depois dele, nós estamos inseridos totalmente em Cristo, temos a salvação e vivemos em fraternidade. Há pessoas que não puderam conhecer a beleza deste dom, nem fazer o discernimento do caminho da caridade que o Batismo apresenta ou, mesmo, não valorizaram este dom precioso. Mas aqueles que o fizeram vivem de modo diferente. A vida ganha novo sentido, pois, a partir dele, Jesus e o batizado são só uma pessoa e isto muda todas as nossas perspectivas.

Sim, para viver uma vida nova é que serve o Batismo. Esta vida nova é a vida de Cristo, por Cristo e em Cristo. Ele viveu o mais lindo viver. Ao batizado não é reservado nada menos. Iluminados pela vida do Senhor, somos chamados a viver o amor na radicalidade. Amor que dá a vida para que a vida seja dada a todos. Amor que rompe as estruturas do mundo para saciar a todos de amor e de paz, de pão e de luz. Somos o corpo de Cristo que cuida do mundo. Mas a lógica de nossa ação vem do Senhor. Seu Espírito nos anima e inspira. Ele é a alma de nossa fé. O Batismo faz de nós sal da terra e luz do mundo (Mt 5, 13-14). Acima de tudo, irmãos. E, como família de Deus, filhos muito amados, somos os mensageiros da mais plena verdade: existe um amor que nos salvou, existe uma pessoa que deu a vida por nós, Jesus. Ele agora vive, vive em nós e nós nele vivemos. Por isso, damos nossa vida para que o mundo seja melhor, para que a felicidade seja o dom de todos, para que a salvação seja comunicada sempre. Somos arautos da caridade, da bondade, da compaixão que encontramos no coração de Deus. O Batismo nos fez e nos faz assim. Somos cristãos. Somos Cristo que anda sobre a terra. Somos chamados a ter os mesmos sentimentos e as mesmas atitudes que Ele tem (Fl 2, 5).