A mãe mais feia do mundo
Certa
vez, a escola de um menino organizou um dia especial para todas as mães.
Haveria flores, cartazes, músicas, poesias, danças e muita coisa bonita. Tudo
para homenagear as mães. Estava realmente maravilhoso! Cada aluno foi para casa
entusiasmado no dia anterior. No outro dia, cada um iria levar sua mãe à escola
e dar a ela um presente que pessoalmente tinha confeccionado. Seria especial
demais! Todos convidaram a suas mães e todas as mães aceitaram.
Aquele
menino, de mais ou menos onze anos, estava muito feliz em levar sua mãe, pois
ela nunca tinha ido onde ele estudava (o pai ou um outro familiar sempre fazia
isso). Seus colegas e as mães deles, seus professores e o pessoal da escola enfim
a conheceriam. Ele amanheceu eufórico:
-
Vamos, mãe! Vamos, mãe!
E
eles saíram caminhando, um segurando na mão do outro. O dia estava lindo. Mãe e
filho seguiam numa amizade comovente.
Quando
chegaram no portão da escola, saudaram a todos com um largo sorriso e uma
cumplicidade afetuosa. O menino, no entanto, notou um olhar diferente para com
a sua mãe e estranhou muito, mas não deu bola. Quando passou pelos corredores e
adentou no auditório, percebeu que todos a olhavam diferente. Aquilo foi lhe
incomodando. Algumas crianças menores começaram a se esconder dela, outros a
apontavam e faziam comentários. Quando se sentou com sua mãe na terceira fila
do auditório, ele notou que os alunos maiores riam e debochavam dela. Mas,
porquê? E o menino, que tinha entrado feliz ao lado de sua mãe, derrepente começou
a chorar, querendo ir embora.
A
diretora percebeu e se aproximou:
-
Aconteceu alguma coisa? Você entrou tão feliz e agora está chorando. Por que
você está chorando?
-
Porque estou com vergonha, disse ele.
-
Vergonha do quê?, perguntou a diretora.
-
Vergonha da minha mãe... De todas as mães aqui, a minha é a mais feia. Está
todo mundo olhando para minha mãe, e achando ela horrível. Escutei eles falando
isso... A minha mãe é diferente da mãe deles. Eu tenho a mãe mais feia do
mundo.
Uma
lágrima correu no rosto daquela mãe. Ela se levantou e, muito elegante, saiu
levando-o pela mão. Caminhou até a sua casa segurando-o pela mão, sem dizer uma
palavra. Quando chegaram, ele quis ir correndo para o quarto, mas ela o fez
sentar-se no sofá. Puxou uma cadeira e sentou-se de frente a ele.
-
Hoje, meu filho, você descobriu que a mãe mais feia do mundo é a sua. Eu vou te
explicar porque sou a mãe mais feia que existe.
Com
o rosto molhado, mas serena, ela continuou:
-
Quando você tinha dois aninhos, a nossa vida não estava nada fácil. Eu corria
de um lado para o outro, trabalhando sem parar, para lhe dar o melhor. No meio
de tudo isso, descobri que tinha habilidades para fazer doces. Então, comecei a
fazer doces para vender. Com a primeira grande remessa que vendi, comprei uma
panela bem grande, para fazer uma quantia muito maior. Estava tão feliz! Então,
enchi aquele “panelão” de leite e coloquei para ferver. Enquanto eu cuidava das
outras coisas, não sei explicar como, sem que eu percebesse, você subiu no
fogão. E quando vi que você iria virar todo aquele leite fervendo sobre você, dei
um salto, me joguei, meu filho... e consegui tirar você, mas não consegui evitar
que o leite fervendo caísse sobre mim.
Nesse
momento, ela fez uma pausa muito dolorida. Em seguida, continuou:
-
A mãe é feia assim.... a mãe tem a pele enegrecida e enrugada, com partes em
carne viva, o rosto deformado, sem sobrancelhas, com os lábios caídos e a
cabeça sem cabelos porque, entre você e eu, eu escolhi você... eu escolhi você.
Mais
uma pausa profunda ela fez em sua narrativa. E prosseguiu:
-
A primeira vez que eu me vi no espelho, depois de um longo tempo no hospital,
chorei mais de uma hora, me achei horrível, tive vontade de não mais viver. Mas
daí... daí eu conversei com Deus. E Deus me disse: “- Mãe, todas as vezes que
você quiser lembrar da sua beleza, olhe para seu filho”.
E,
fitando seu olhar no rosto do menino, ela disse:
-
Eu me acho, meu filho, a mãe mais linda do mundo, porque, todas as vezes que olho
para você, eu vejo os meus traços em você. Você pode ter vergonha da mãe e me
considerar a mais feia do mundo, mas eu não tenho vergonha, porque, em cada
cicatriz que trago no meu corpo, em cada ferida que há, eu vejo amor, eu sinto
amor... é sinal do meu amor por você. E faria tudo de novo. Faria tudo como fiz
naquela manhã de sábado em que me atirei e me queimei para que você não tivesse
nenhuma feiura, nenhuma queimadura, nenhuma cicatriz que te impedisse de ser
feliz. A mãe ficou deformada, mas você ficou protegido. Sou linda em você. Sou
linda no seu sorriso, na sua alegria, nos traços que a cada ano ficam mais
belos. Sou linda no meu filho e o meu filho é o mais lindo do mundo.
O
menino, deu-lhe um beijo e um abraço demorado. Os dois choraram juntos. Quando
conseguiu falar, ele lhe disse:
-
Mãe, a feiura que o olhar dos outros me fez descobrir em você, na verdade,
feiura não é. São marcas de quem deu o melhor de si por caus
E
naquela manhã, quando estavam terminando as homenagens na escola, entrou de
novo, pelo corredor central do auditório, a mesma mãe e o mesmo filho. O
menino, puxando a mãe pela mão, dirigiu-se ao palco e, virando-se para todos os
seus colegas e todos que ali estavam, ele que havia deixado aquele lugar
chorando porque tinha descoberto que sua mãe era a mais feia do mundo, contou
essa história. E concluiu, dizendo:
- Minha mãe é a mãe mais linda do mundo, porque me ama mais que a própria vida! Digo a vocês: a mãe mais linda do mundo é aquela que Deus escolheu para cada um de nós. Não há nada mais belo que o amor de uma mãe, do que uma mãe amando seu filho. Minha mãe é a mãe mais linda do mundo!
FELIZ DIAS DAS MÃES, MÃES MAIS LINDAS DO MUNDO!
Pe.
Nildo Moura de Melo, OSFS
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