HISTÓRIA DA CAPELA SENHOR BOM JESUS
Na década de 1850, vieram para povoar o 5° Distrito
do Município de Cruz Alta - Vilinha da Palmeira, o Paulista Miguel Rodrigues
Vieira, juntamente com alguns conterrâneos. O mesmo, por aqui chegando,
arranchou-se no local chamado Potreiro Bonito, o qual possuía erva-mate
Nesse mesmo instante, o pai da criança, em pleno
desespero, pediu ajuda ao seu vizinho e patrão Miguel. Como a madrugada ainda
estava alta e a noite muito escura, Miguel recorreu a outro vizinho chamado
Laguna, para a difícil tarefa de caçar o tigre assassino que poderia voltar e
causar maiores danos.
O dia ainda não estava bem claro, Miguel e Laguna,
acompanhados de dois cachorros, entraram mata adentro à procura do tigre, e
este, assim que se sentiu perseguido pelos cachorros, arremessou-se sobre os
homens, não dando tempo de usarem suas armas de fogo, sendo possível somente o
uso de facões. Ajudados pelos cachorros, depois de mais de duas horas de dura luta,
Miguel e Laguna conseguiram matar o tigre. Entretanto, os heróis caçadores
também caem gravemente feridos. Depois de certo tempo, Miguel, que recuperou
suas forças, tirou sua camisa esfarrapada e ateou fogo para estancar os
ferimentos de ambos.
Miguel, estando prestes a
morrer, mas com muita fé, levantou os olhos ao alto, rezou a Deus pedindo que
se ficasse curado, iria a pé até São Paulo no lugar denominado de Bom Jesus de
Iguape, buscar uma cópia do registro com a imagem do Senhor Bom Jesus, e
ergueria uma igreja no local onde se havia travado a grande luta com o tigre.
Deus ouviu as suas preces,
pois tanto Miguel, quanto Laguna foram curados. Miguel após ter restabelecido
suas forças, na companhia de um peãozinho como ajudante no transporte dos mantimentos,
partiu para São Paulo. Depois de seis meses de viagem, regressou, no dia seis
de agosto (alguns citam o ano de 1865), trazendo na sua bagagem um singelo
quadro de Bom Jesus de Iguape. Nesse mesmo dia, Miguel dava início à construção
de uma capelinha rústica, feita de pau-a-pique no local prometido, onde mais
tarde, no ano de 1880, foi construído um templo de proporções maiores: com
quatro metros de altura, cinco metros de largura por oito metros de
comprimento. Bem mais tarde, na década de 1950, foi edificada outra capela
totalmente em alvenaria, a qual, depois de algumas reformas, permanece até hoje
recebendo muitos fiéis e devotos de Bom Jesus de Iguape, na localidade
denominada de Linha Espinilho, distante oito quilômetros de Palmeira das
Missões.
Miguel Rodrigues Vieira, o
fundador da Capela Senhor Bom Jesus, morreu injustamente degolado no ano de
1895, durante a Revolução Federalista e está sepultado em frente à capela, pois
era muito estimado por todos e devoto fervoroso do Senhor Bom Jesus.
A notícia
do milagre e da viagem a São Paulo para buscar a imagem de Bom Jesus de Iguape
correu como um raio por toda a vasta região da Vilinha. Muitas pessoas de
outras querências faziam promessas e vinham conhecer a igrejinha e sua história.
Nos anos que se seguiram, em louvor a Bom Jesus, eram realizadas grandes festas
que duravam até nove dias com gente de muitas localidades.
Como forma de louvor ao
Senhor Bom Jesus e também agradecendo pelas Missões que haviam sido realizadas
com grande sucesso pelos Missionários Capuchinhos de Vacaria, no ano de 1974, o
grupo de jovens UJC (União de Jovens Cristãos) e de seminaristas oblatos deram
início à Caminhada Bíblica, até a Capela Senhor Bom Jesus. Chamou-se Caminhada
Bíblica porque os jovens iam e voltavam lendo a Bíblia e a meditando, como
pedia a CNBB ao lançar o mês Bíblico nacional (setembro).
Essa demonstração de fé, se repete todos os anos com milhares de
peregrinos, partindo da matriz até a capela do Espinilho. Nesse ano de 2020,
extraordinariamente, em decorrência da pandemia, acontecerá em forma de
Carreata, no dia 06 de dezembro. Venha fazer parte dessa história de fé. De
moto ou de carro, participe da carreata conosco. Será um dia muito feliz, um
dia de esperança em meio a tudo o que temos passado.
Vamos todos agradecer e pedir as bênçãos do Senhor Bom Jesus e, com a
força Dele, vencer todos os “tigres” que nos atacam e nos amedrontam nos dias
de hoje.
Fonte: Livro Paróquia Santo Antônio da Palmeira: 150 anos de
vida e evangelização.
Adaptação: Pe. Nildo Moura de Melo, OSFS
Comentários
Postar um comentário