FINADOS


Amados irmãos e irmãs, viemos ao Cemitério e à Santa Missa para honrar e rezar pelos nossos entes queridos, amigos e irmãos falecidos. A Igreja chama esta celebração de “Comemoração de todos os fiéis defuntos”. A palavra defunto vem do latim defunctus e literalmente significa "aquele que cumpriu", "que terminou sua tarefa" ou que "cumpriu o tempo de vida". Hoje é o dia dos que findaram o seu caminho na terra. Não é dia da derrota nem da injustiça, nem da perda e da tristeza. É o dia da oração, como nos recorda a primeira leitura – “santo e piedoso pensamento este de orar pelos mortos” (2Mc 12,46) - e é o dia da saudade, embora todos os dias a saudade nos acompanhe.

Esta celebração religiosa, na segunda leitura, nos presenteia com as palavras de São Paulo. Nos diz o Apóstolo: “enquanto moramos no corpo, somos peregrinos longe do Senhor” (2Cor 5,6); ao deixar este corpo, “Deus nos dará uma outra moradia no céu que é eterna” (Cf. 2Cor 5,5). “Peregrinos longe do Senhor”, mas Peregrinos de Esperança, conforme o lema do Ano Santo de 2025. Peregrinos que sempre avançam, um passo depois do outro, com fé, em frente. A dor de perder um ente querido, nós sabemos, não some no caminho nem no tempo. Mas ela se curva diante de uma esperança mais alta. Esperança em Cristo, esperança na vida eterna. Esperança de um dia reencontrar quem a gente ama na glória de Cristo e do Pai eterno.

Sem fé e sem esperança, a morte pode suscitar o sentimento de que, no seu advento, tudo acaba. E a escuridão vem nos convencer que não vale mais a pena viver, pois a vida não tem mais gosto, o tempo será uma tortura e a saudade nos corroerá com um caruncho interior. Mas a fé não ouve as mentiras da escuridão, a esperança não se deixa enganar. Elas redimensionam todo o nosso ser. E choramos no colo de Deus, esmurramos seu peito, até que o seu abraço e seu beijo, e as próprias lágrimas Dele, misturadas às nossas, absorvam os nossos protestos.

O dia de Finados nos lembra que essa vida é passageira, que somos estrangeiros nesse mundo e que nossa verdadeira morada está junto de Deus. A morte de quem a gente ama torna a vida insuportável. Mas, por outro lado, é um presente, visto que nos faz enxergar o céu. Quando lembramos dos que findaram, compreendemos que, mais do que nunca, precisamos caprichar. Pois agora, viver na terra não é mais suficiente. Precisamos ir para o céu, lá estão os que um dia fizeram a vida valer a pena aqui na terra. Não podemos ir para outro lugar, não podemos terminar no nada: para onde foram os nossos é que queremos ir. E a fé, que antes olhava para cima de vez em quando, agora não tira mais os olhos de lá.

Muitas pessoas, depois da morte de um amor, passam a buscar Deus, a participar da Igreja, encontram sentido na religião e refúgio na oração. Há quem olhe de longe, não compreenda, e pergunte: Por quê? Porque estão buscando o caminho para o céu, querem acertar a rota, querem saber mais sobre Deus, para poder chegar lá e encontrar quem tanto amam. Esse mundo se tornou insuportável, então, o mundo vindouro, como destino e meta, voltou a atraí-los e deu-lhes sentido a cada passo nesta terra, os arrancou da morte como absurdo, exorcizando as mentiras das trevas e trazendo luz onde parecia ser só escuridão. Se quem amamos está no céu, então é hora de capricharmos para lá também chegar. E, chegando, reencontrar quem tanto amamos.

Amados irmãos e irmãs, Jesus nos disse no Evangelho que “sua voz faz viver os que morreram” (Cf. Jo 5,25). Escutemos sua voz. Acreditemos em sua Palavra. Essa voz acordou nossos filhos falecidos, nossos pais, nossos amigos e nossos irmãos e os fez contemplar a glória de Deus e a experimentar a paz dos santos. Que ela nos acorde aqui também, e nos faça viver como bons cristãos, como peregrinos de esperança, a caminho da vida que não termina e que está escondida com Cristo no Pai (Cl 3, 3). Sobretudo para você, a quem esse mundo se tornou insuportável, lembre-se: o céu é de verdade. E é aqui que o conquistamos. Caprichemos! Vale a pena seguir o Caminho para chegar lá e reencontrar quem amamos e quem os socorreu quando a morte os tirou de nós: o próprio Deus.

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