A Vocação de São Francisco de Sales - Espiritualidade Salesiana

São Francisco de Sales formou-se como excelente advogado e foi recebido no Senado de Chambéry na França com muita honra devido a seu destaque no exame final. Em sua vida tudo parecia ir bem. Estava feliz pelas conquistas que alcançara ainda muito jovem, com apenas 25 anos de idade. Mas algo lhe roubava a paz do coração. Queria ser padre e não homem do Direito ou da Política como desejava o pai. O que fazer? Francisco enfrentava um duro momento em sua vida, precisava tomar uma decisão e não sabia como.
Foi então que um sinal de Deus lhe alcançou. Deixando a cidade de Chambéry, a cavalo, passando pelo bosque de Sonnaz, vizinho a Chambéry, algo inusitado lhe aconteceu: “por três vezes foi lançado do ginete de seu cavalo e por três vezes a espada caiu por terra com a bainha, desprendida do cinturão e por três vezes formou um cruz com a espada no solo” (LAJEUNIE, p. 146). Na primeira queda Francisco pensou ser aquilo algo natural, pois o cavalo tinha caído “muito lentamente”. Simplesmente “a espada saiu da bainha. O pingente do cinturão junto com a bainha tinha-se desprendido do cinturão. A espada e a bainha formaram uma cruz. Simples coincidências que não indicam nenhum sinal” (LAJEUNIE, p. 146). Acontece que a tripla repetição não lhe deixou dúvida: era um sinal de Deus. Precisava decidir.

Um dos seus biógrafos nos faz entender o que poderia estar passando no seu coração: Francisco “voltava angustiado por pensamentos contraditórios: sendo fiel ao pai, não estaria sendo infiel a Deus? Sendo fiel a Deus, não estaria faltando contra o amor para com seu pai? Não seria melhor, sem renunciar a sua vocação, cooperar durante alguns anos na educação de seus irmãos? Não seria covardia abandonar seus pais anciãos, cheios de responsabilidades, para continuar no seu próprio desejo?” (LAJEUNIE, p. 146).  Perguntas difíceis que chegam ao coração de todo jovem quando tem que enfrentar desafios semelhantes. A ponta da espada voltada contra o coração de Francisco “produziu um choque psicológico, que originou a certeza: Deus me quer para Si sem tardar!”. E ele acreditou em Deus, colocou sua família sob o olhar cuidadoso do Senhor, direcionou sua profissão para servir a Igreja e deixou de ouvir as vozes que viam a felicidade apenas no sucesso social e nos holofotes da Corte. Francisco de Sales não tinha dúvida de sua vocação, mas sim, da hora em que deveria entregar-se ao serviço de Deus. O sinal lhe mostrou que dizer SIM era urgente, a hora tinha chegado.

Penso então nos tantos jovens que hoje sentem o desejo de servir a Deus e ao povo na vida consagrada como Irmão, Irmã e Padre. Muitos também esperam um sinal. Os sinais vêm. Dai surgem outros temores. É normal. Dizer SIM a Deus é sempre um risco, só que vale a pena correr este risco. Nem Jesus esteve isento disso, não é verdade? Francisco teve coragem. Depois deste sinal ajeitou tudo para que o pai lhe concedesse a permissão. E então tornou-se padre, e como padre, o santo que conhecemos. Você, jovem ou adulto que pensa na vida religiosa e sacerdotal, não brinque com os sinais de Deus. A hora é agora. Preste atenção nos sinais Dele. Talvez, Ele não vá te derrubar do cavalo, nem da moto. Tomara que não! Mas Ele te derrubará da comodidade quando você ver gente precisando de paz, de uma palavra amiga, precisando de perdão, de casa, de pão, de cuidado, de atenção. Derrubar-lhe-á porque fará perceber que você poderia fazer a diferença. Deus nos envia sinais. Os sentimentos de indignação diante do mal, de compaixão e misericórdia diante do sofrimento do outro, são os grandes sinais que Ele envia a todos e a você em especial. Não adiante a resposta. Procure tomar a sua decisão logo. Deus precisa de você!

Referência: LAJEUNIE, Étienne-Jean. San Francisco de Sales. El Hombre, El Pensamiento, La Acción. Vol. I. Salamanca: Gráficas Cervantes, 2001.

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