São Francisco de Sales e a oração - Espiritualidade Salesiana

Te aconselho, amigo/a, a oração de espírito e de
coração e, sobretudo, a que se ocupa da vida e paixão de Nosso Senhor:
contemplando-o, sempre de novo, te alimentarás dele e te tornarás mais parecido
com Ele a cada dia. Faça isso pela meditação, que é um
pensamento atento nas coisas de Deus para exercitar nosso querer. Então terás afetos
e atitudes santas e saudáveis. Também faça pela contemplação, ou seja, por uma
amorosa, simples e permanente atenção do espírito às coisas de Deus.
Emprega neste exercício da oração uma hora por
dia, em que esteja com boa disposição e tranquilidade de espírito.
Se te
for possível, realize esta hora de oração numa igreja, onde há maior tranquilidade,
se não der, tudo bem, porque o
principal exercício é falar a Deus e ouvir a Deus no íntimo do coração, numa
conversa silenciosa onde os olhos falam aos olhos, o coração ao coração, e
ninguém ouve o que se diz senão os sagrados amantes que falam.
Começa a tua oração, seja mental, seja vocal,
sempre pondo-te na presença de Deus. Use palavras simples na linguagem do amor
que é comum quanto às palavras, mas quanto à maneira de as dizer e pronunciar é
tão particular, que só os amantes a compreendem.
Reza o Pai
Nosso, a Ave Maria e
o Creio com a máxima atenção ao
sentido das palavras e suscitando os afetos correspondentes. Não te deixes
levar pela pressa infundada de fazer muitas orações, mas cuida de rezar com
devoção; um só Pai Nosso,
rezado com piedade e recolhimento, vale mais que muitos recitados
precipitadamente.
O Rosário é muito bom, mas é preciso recitá-lo
bem. Use um manual que contém o método de rezá-lo. Reze também as ladainhas de
Nossa Senhora e dos santos e outras orações aprovadas pela Igreja; mas, se tens
o dom da oração mental, lhe dês o tempo principal e o melhor. Se não te sobrar
tempo para as orações vocais, não te inquietes; simplesmente reze, antes ou depois
da meditação, o Pai Se, ao recitares uma oração vocal, te sentires
atraído à oração mental, deves deixar-te levar suavemente mesmo que não termine
as orações que te tens proposto. A oração do espírito e do coração é muito mais
agradável a Deus e salutar à alma do que a oração dos lábios.
O melhor é rezar pela manhã; se não der, procura
fazer a meditação de tarde, à hora mais distante possível da refeição, quer
para evitar a sonolência, quer para não fazer mal à saúde. E, se prevês que em
todo o dia não acharás tempo para a oração, reze jaculatórias (pequenas frases
ditas com amor a Deus), ou faça uma leitura espiritual ou algum ato de
penitência.
SÃO FRANCISCO DE SALES. Filotéia. Vozes: Petrópolis,
2008, parte II, capítulo I – A necessidade da
oração; Tratado do Amor de Deus, 2. ed. Petrópolis:
Vozes, 1996, livro VI, capítulo I – A teologia mística ou oração.
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