A humildade - Espiritualidade Salesiana
Muito se fala em
humildade, porém, poucas vezes se compreende esta virtude capital na vida do
cristão. E quando não se se sabe a fonte, a razão e a perspectiva de alguma
coisa, por mais que se queira e se admire, é difícil levá-la a cabo.
Humildade é não querer
tomar o lugar de Deus. Simples assim. Nós somos pessoas falíveis, não somos
Deus. E tudo o que temos e somos vem Dele. Por isso, só a Ele cabe a glória, só
a Ele cabe o julgamento, só a Ele cabe as grandes decisões. Por isso é humilde
quem não se vangloria[1], quem não julga ou condena
os outros, quem sabe não ser agressivo nem desanima quando alguma coisa toma
rumos diferente do desejado.

Depois de Jesus, temos Maria
Santíssima que, em seu canto Magnificat, diz “A
minh’alma engrandece o Senhor, exulta
meu espírito em Deus, meu Salvador! Porque olhou para a HUMILDADE de sua serva, doravante as gerações hão de chamar-me de bendita!”
(Lc 1, 46-48). Segundo ela, Deus levou em consideração sua
humildade ao escolhê-la como mãe do Salvador. E com humildade, ela reconhece e
confessa publicamente “que Deus tinha operado nela grandes coisas e fez isso ao
mesmo tempo para se humilhar e para dar glória a Deus” (Filoteia
III, V). E é por causa desta humildade
que a chamaremos sempre de bem-aventurada.
O verdadeiro humilde “não quer
parecer que o é. E nunca fala de si mesmo. A humildade, pois, não só procura
esconder as outras virtudes, mas ainda mais a si mesma”, diz São Francisco de
Sales (Filoteia
III, V). Ela é um tesouro escondido que a gente não quer revelar ou, mesmo, nem
sabe que porta. É como uma palavra que existe no pensamento, mas se a quisermos
revelar, já não a temos mais em nós.
Qual é a fonte da humildade? O conhecimento da
grandeza de Deus e das coisas que Ele faz, “porque o conhecimento
dum benefício produz naturalmente o seu reconhecimento” (Filoteia III, V). O humilde reconhece que
tudo o que tem e o que é vem de Deus. O humilde reconhece que todas as coisas
têm a sua razão de existir em Deus. Que a perspectiva de nossa vida é este
encontro com Nosso Senhor, a cada dia, em cada situação, em cada momento, mas
também, um dia, definitivamente.
Ser humilde é fazer de tudo para não tomar o lugar
de Deus. Não vangloriar-se, não sentir-se melhor do que alguém para julgá-lo,
não desanimar nem agredir quando algo dá errado. Confiando, sendo bom e sempre bendizendo a
Deus – assim se é realmente humilde!
[1] “O profeta Eliseu mandou uma pobre
viúva pedir emprestados aos vizinhos todos os vasos que pudesse e lhe disse que
o pouco azeite ainda restante havia de correr tanto até enchê-los todos. Isto
nos mostra que Deus quer corações que estejam bem vazios, para os encher de sua
graça pela unção do seu espírito; e é de nossa própria glória, Filotéia, que os
devemos esvaziar” (São Francisco de Sales, Filoteia III, IV).
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