A flor amarga - Espiritualidade Salesiana
A vida é como um grande jardim, com
flores de variadas cores, aromas e tamanhos. São Francisco de Sales ensina que
nós somos como pequenas abelhas que estão sobrevoando este jardim[1]. Hora pousamos numa flor,
hora em outra. E queremos o seu néctar. Somos como estas abelhas. Encontramos
flores com néctar doce que nos enchem de alegria, dão gosto à vida, regozijo à
alma. Quantos momentos felizes você já teve? Eu já tive muitos. Gostaríamos que
eles fossem estendidos para sempre. Até tiramos fotografias na tentativa de
fazer isso. É, se a vida parasse ali, naquele momento, não reclamaríamos.
Entretanto, a vida é mais. Em nosso
voo, somos levados a pousar também sobre flores amargas, que causa repugnância
e das quais desejaríamos sair o mais rápido possível. São os momentos de dor,
da perda de alguém muito amado, de doença, de decepção, de incapacidade, de
dúvidas, de angústia. Experimentamos, assim, o lado amargo da vida.
O que faz a abelha quando pousa sobre
uma flor de néctar amargo? Não, não abandona esta flor. Pelo contrário, ela suga o néctar todo para depois convertê-lo num doce mel. Na maioria das vezes
o néctar mais amargo é que mais se torna doce e substancioso.
Você passa por um momento difícil na
vida? Então você pousou sobre esta flor de néctar amargo. E, como a abelha,
você tem dois caminhos: aproveitar tudo o que a amargura tem para lhe ensinar
ou ficar só com o amargo. Nem o jardim, nem a flor e nem o néctar tem culpa da
amargura. Tampouco a abelha. Sendo assim, ficar em cima da culpa ou de um
suposto culpado pouco ajuda. O que faz a diferença é a posição que tomamos
sobre a flor de néctar amargo. Transforme a dor, a sua angústia, seu medo,
sua decepção no doce mel da paciência, da alegria, da bondade, da fé.
Transforme a amargura em doce mel.
Imita a abelha. Não desperdice o néctar amargo. Ele é necessário para a
qualidade do seu mel. Tem gente à sua volta que precisa deste mel que só você
pode oferecer. Sobrevoa o jardim, mesmo tendo que experimentar este amargor.
Vai até a colmeia e deixa lá o néctar. Faz o mel. Transforma a amargura em doce
mel. Deus lhe ajudará.
[1] “Contemplai as abelhas sobre o tomilho:
encontram nele um gosto muito amargo, mas, ao chupá-lo, o convertem em mel,
porque esta é sua propriedade” (Introdução à Vida Devota, p. 19).
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