Ela derramou o perfume em Seus pés


O amor antecipou a triste notícia. À bela jovem, o amor antecipou. Seu amado iria morrer. Como podia isso? Que mal ele fez? Não era justo. Ela, então, decidiu imediatamente: “eu vou com ele”. Iria para a cruz, iria para a sepultura, iria para onde tivesse que ir. Sozinho não o deixaria. Mas não era possível.
Então ela lembrou do vaso de alabastro, do perfume de nardo puro, da única coisa que possuía de valor. Ouviu a voz do amado na sala ao lado. No ímpeto do seu devoto amor, entrou jogando-se aos pés dele. Foi tomada pela emoção. Ali estava o seu amado, o seu mestre, o seu Deus (Jo 12, 1-11).
Foi ele quem a perdoou do que ela tinha vergonha de lembrar, foi ele quem devolveu a ela o gosto de viver, a beleza da vida.
Ela lembrava perfeitamente seu olhar carinhoso, sua melodiosa voz contando histórias nas montanhas e planícies da galileia e de Jerusalém, seu sorriso puro e inocente, cheio de uma beleza sem par.
Ela lembrava a coragem veronil dos embates no Templo, da ousadia em curar sob repreensão dos ditos poderosos, da preferência pelos não preferidos.
Lembrava também da ternura para com as criancinhas, da poesia sobre os lírios do campo e os pássaros do céu, da firmeza no ensinamento, da luz que ele falou que todos éramos, do amor como sua única regra, da felicidade no reino dos céus.
E não podia esquecer que ele nunca a julgou, nunca a diminuiu, nunca lhe usou; pelo contrário, sempre fazia vir à luz o seu melhor, com ele ela se sentia protegida, forte, mulher.
Aos pés de Jesus, sob o olhar arrogante e condenatório dos demais, de quem não entende a gratuidade do amor, chorava e enxugava com seus cabelos os pés do mestre. Sob soluços de medo, de dor, de temor, quis ir com ele à cruz, à sepultura, aonde fosse preciso ir. Já que não era possível, então iria no seu perfume. Derramou aquele nardo com cuidado, ungindo seu amado. E no perfume derramado, derramou seu coração.
“No perfume eu estarei com ele, no perfume ele se lembrará que não está sozinho. Eu estarei com ele na cruz, eu estarei com ele na sepultura, eu estarei com ele quando a luz se apagar. Amor com amor se paga. No perfume eu estarei em ti como tu estás está em mim. Sua dor será a minha e a minha dor consolará a tua. E não haverá nada mais forte do que o nosso amor, Jesus, meu Salvador! Não se ama de longe. No perfume eu permanecerei contigo, meu divino amigo.”
Esta é a história da mulher que derramou todo seu perfume nos pés de Jesus ungindo-o para a sua sepultura. Porque foi muito amada, muito amou.
“Dá-me, Jesus, este mesmo amor! Dá-me a graça de te amar assim, na gratuidade, sem esperar nada em troca, apenas querendo ficar contigo. Dá-me amar-te com esta mesma coragem, a coragem de me entregar, de me derramar aos teus pés, de querer estar contigo acima de tudo e de todas as coisas. Dá-me, Jesus, este mesmo amor!”

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