Resumo da Exortação Apostólica Gaudete et Esxultate – “Alegrai-vos e Exultai”


NOVA CARTA APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO

Na última segunda-feira (09/04/18) o Papa Francisco publicou sua nova Exortação Apostólica: Gaudete et Esxultate – “Alegrai-vos e Exultai”. São cento e setenta e sete parágrafos em que ele discorre sobre a santidade. Com linguagem simples e exemplos corriqueiros, Francisco exorta todos os cristãos a serem santos, “cada um por seu caminho” (n.10), quer dizer, segundo suas ocupações, funções e vocação, pois “a santidade é o rosto mais belo da Igreja” (n.9).
Chamado à santidade (Cap. 1)
Todos somos chamados a ser santos e nos tornamos vivendo as Bem-Aventuranças. A santidade a que Deus nos chama irá crescendo com "pequenos gestos" (n.16) cotidianos, tantas vezes testemunhados por “aqueles que vivem próximos de nós", a "classe média de santidade" (n.7). "Os santos, que já chegaram à presença de Deus" nos “protegem, amparam e acompanham" (n.4).
Dois inimigos sutis da santidade (Cap. 2)
O Papa fala do gnosticismo e do pelagianismo, duas heresias que surgiram nos primeiros séculos do cristianismo, mas continuam a ser de alarmante atualidade (n.35). O gnosticismo é um conhecimento abstrato de Deus que pretende “reduzir o ensinamento de Jesus a uma lógica fria e dura que procura dominar tudo”, adorando a mente humana em vez de Deus, que nos pede atitudes concretas. E, ao desencarnar o mistério, preferem “um Deus sem Cristo, um Cristo sem Igreja, uma Igreja sem povo "(nn.37-39). O neo-pelagianismo adora o "esforço pessoal". Manifesta-se numa vontade sem humildade que “sente-se superior aos outros por cumprir determinadas normas" ou por ser fiel "a um certo estilo católico" (n.49). Pessoas que se enveredam por aí, “não se deixam guiar pelo Espírito no caminho do amor” (n.57), "complicando o Evangelho e tornando-se escravos de um esquema” (n.59).
À luz do mestre (Cap. 3)
Francisco interpreta as Bem-aventuranças (Mt 5,1-12 e Lc 6,20-26) mostrando que ser santo é: 1) ser pobre no coração; 2) reagir com humilde mansidão; 3) saber chorar com os outros; 4) buscar a justiça com fome e sede ; 5) olhar e agir com misericórdia; 6) manter o coração limpo de tudo o que mancha o amor ; 7) semear a paz ao nosso redor; 8) abraçar diariamente o caminho do Evangelho mesmo que nos acarrete problemas. (nn.67-94).
A força do testemunho dos santos consiste em viver as bem-aventuranças (Mt 25) e a regra de comportamento do juízo final (Mt 25,31-46). "Ser santo não significa revirar os olhos num suposto êxtase" (n.96), mas viver Deus por meio do amor aos últimos. Não se deve desvalorizar o compromisso social, a defesa do inocente nascituro e a acolhida dos migrantes “que alguns católicos, gostariam que fosse menos importante do que a bioética” (nn.101-103). Quem deseja ser santo "é chamado a obstinar-se, gastar-se e cansar-se procurando viver as obras de misericórdia” (n.107). “Será difícil que nos comprometamos e dediquemos energias a dar uma mão a quem está mal, se não cultivarmos uma certa austeridade, se não lutarmos contra esta febre que a sociedade de consumo nos impõe para nos vender coisas" (n.108).
Algumas características da santidade no mundo atual (Cap. 4)
Para Francisco as características do santo em nossos dias são: a perseverança – perseverar sempre, mesmo quando o desânimo tenta nos abater; a paciência – suportar aquilo que não podemos resolver de imediato; a mansidão – nunca optar pela violência e autoritarismo para resolver nossos impasses; a alegria e o senso de humor – que revelam em quem confiamos, o Deus que nos conduz, fonte de nossa alegria; a audácia e o fervor – que encantam e mostram a beleza de nossa fé.
O caminho da santidade deve ser vivido "em comunidade". Juntos podemos vencer o mal do egoísmo e do isolamento.  Também precisamos estar "em constante oração", que nos leva à "contemplação" dos mistérios da vida de Cristo e de sua presença nos que sofrem. Por isso essa contemplação não é “evasão que nega o mundo que nos rodeia” (nn.110-152).
Luta, vigilância e discernimento (Cap. 5)
“Não se trata apenas de uma luta contra o mundo e a mentalidade mundana, que nos engana, atordoa e torna medíocres sem empenhamento e sem alegria. Nem se reduz a uma luta contra a própria fragilidade e as próprias inclinações (cada um tem a sua: para a preguiça, a luxúria, a inveja, os ciúmes, etc.). Mas é também uma luta constante contra o demônio, que é o príncipe do mal” (n.159).  Devemos ser "vigilantes", usando as "armas poderosas" da oração, a adoração eucarística, os Sacramentos e com uma vida permeada pela caridade (n.162).
Numa época "que oferece enormes possibilidades de ação e distração" - das viagens, ao tempo livre, ao uso descontrolado da tecnologia - "que não deixam espaços vazios onde ressoa a voz de Deus" faz-se indispensável o discernimento, para podemos cumprir melhor a missão que nos foi confiada no Batismo" (n.174).

“Gosto de ver a santidade no povo paciente de Deus: nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes, nas consagradas idosas que continuam a sorrir. Nesta constância de continuar a caminhar dia após dia, vejo a santidade da Igreja militante. Esta é muitas vezes a santidade «ao pé da porta», daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus, ou – por outras palavras – da “classe média da santidade”. (Papa Francisco, Gaudete et Esxultate, n.7)


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