800 anos de um santo costume

Era o ano de 1223. Fazia frio na Europa e mais uma vez chegava o Natal. Francisco de Assis estava Greccio (Itália), junto aos pobres e humildes daquele povo. A noite do Natal se aproximava. E como desejava que todos pudessem compreender o mistério desta Noite Santa! Sobretudo, queria que ninguém se sentisse esquecido pelo “Menino de Belém”, ou indigno de recebê-Lo, ou pobre demais diante do Rei do Universo. Francisco então teve uma ideia. Para aqueles que não sabiam ler ou não entendiam a língua da solene liturgia, ou que se sentiam pobres de mais para celebrar o Nascimento do Senhor, iria montar a cena do Natal, um “Presépio”.


Uns quinze dias antes, São Francisco falou com um homem chamado João, e lhe disse: “Quero lembrar o menino que nasceu em Belém, os apertos que passou, como foi posto num presépio, e contemplar com os próprios olhos como ficou em cima da palha, entre o boi e o burro” [Primeira Vida (1Cel) – 84]. Esse amigo, numa gruta de Greccio, assim preparou. E, naquela noite de Natal, uma missa foi celebrada. São Francisco fez a homilia apontando os detalhes do presépio e falando do nascimento do “Rei pobre sobre a pequena cidade de Belém”, o nascimento do “menino de Belém”. Quanta alegria irrompeu no coração daquele povo que, ao contemplar a humildade, simplicidade e pobreza do Filho de Deus, sentiu-se também filho de Deus, amado e abençoado. Muitos, pela primeira vez, compreenderam o mistério daquela celebração e a força das palavras usadas pelos evangelistas. De fato, o primeiro presépio, criado há 800 anos, foi o alfabeto dos iletrados, imagens claras das sagradas letras do evangelho.


Amigos, a maior mensagem de Natal é sempre o presépio. Por isso, gostaria de incentivar que todos tenham um presépio, por mais simples que seja. Se não for possível, procurem-no na igreja e o apreciem em oração. Lembrem-se de Belém, cidade humilde e pequenina; imaginem os apertos que Jesus passou, como foi posto num presépio; imaginem José e Maria e o que se passava na alma deles; contemplem Jesus com os próprios olhos, como ficou em cima da palha, entre o boi e o burro; pensem na palha da nossa fé, na nossa ignorância e fragilidade; deixemos que o Menino nos abra os olhos; ouçamos o coraçãozinho de Jesus criança palpitando de amor por nós, vejamos a sua pobreza e a sua fragilidade. Nada que é humano é estranho a Ele. 

Há outro presépio vivo que não podemos deixar de contemplar: na carne de quem sofre. Seja pobre, doente ou pecador; com feridas no corpo, na alma ou na índole; ali se encontra o Pequenino de Belém. Sirvam-no. Amem-no. Cuidem-no. 

Enfim, rendamos graças pela vinda do Salvador, por tudo o que nos acontece. Agradeçamos pela vida, pela fé, pela família, pela comunidade. E sejamos Belém, sejamos a gruta, a manjedoura, a palha onde nasce Jesus. Feliz Natal!


Pe. Nildo Moura de Melo, OSFS

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