O vaso diferente
Certa vez Jesus estava caminhando com um cajado na mão. Um
oleiro o chamou: “Venha ver os vasos de barro que faço!” Eram muitos, de vários
tamanhos e modelos; alguns coloridos, outros não; grandes, médios, pequenos; para
uso e para decoração. Passando no meio deles, Jesus olhava um, olhava outro e,
de repente, com aquele cajado que tinha na mão, deu uma pancada num dos vasos e
lhe fez uma fissura. O vaso ficou muito triste. O que tinha feito de errado? Por
que Jesus uma pancada lhe tinha dado? E por que somente nele? Começou a ser
chamado de “o vaso diferente”. Todo diziam: “Aquele é diferente. Eu não quero levá-lo.”
O dono o foi deixando nos fundos do mostruário, porque ninguém ia comprar um
vaso com uma fissura. E não adiantava concertar,
não ficaria o mesmo.
Um dia,
porém, apareceu um comprador. Tinha dinheiro para comprar um vaso só, mas
queria dois.
“- O senhor
podia me dar dois pelo preço de um?”
“- Não! o
preço de um é o preço de um. O preço de dois é o dobro do preço de um.”
E aquela
pessoa insistiu tanto que o dono disse:
“- Está bem!
Leva esse aqui que é novo, o preço é igual ao dos outros. E tem um, aqui no
fundo, que eu vou lhe dar.”
O dono
trouxe o vaso embrulhado. Não dava para ver que tinha uma fissura. O comprador,
feliz, levou os dois.
Em casa, pegou
os vasos, foi até o poço e os encheu. Faria isso várias vezes, todos os dias. Na
metade do caminho, notou que um dos vasos estava mais leve. Claro! Estava
vazando. Não vazava tudo, só um pouco. Então disse a si mesmo: “Tudo bem! Eu
vou usar os dois do mesmo jeito, porque esse furado não fica cheio, mas uns
setenta por cento de água ainda retém.”
Aquele vaso
da fissura tinha uma vergonha muito grande: “Todos os outros vasos permanecem
cheios, mas eu estou sempre vazando. Sou o ‘diferente’.”
Com o tempo,
foi acontecendo algo muito bonito. Na sequidão do caminho, do lado do vaso
fissurado, brotaram algumas plantinhas, alguns rebentos se faziam notar. Com o
tempo, estava verde e florido, mais vivo e mais bonito daquele lado do caminho.
O vaso descobriu: “Eu já sei porque Jesus me feriu. Ele queria que, por onde eu
fosse levado, eu semeasse uma bênção, eu fizesse a diferença.
Queridos
amigos, somos pessoas de fé. Um dia Jesus passou em nossa vida, nos viu, ele nos
deu uma pancada, nos feriu. E nos fez diferentes. Onde formos, levaremos vida,
levaremos amor, levaremos bondade. Onde formos, vazaremos essa água que
recebemos de Deus. Ninguém pega um vaso de água no poço e vai
jogando pelo caminho. A água é para o jardim. Mas na beira do caminho há tantos
que precisam de água! Às vezes é só preciso um pouco de água para que a
potência da semente germine e mostre o esplendor da sua beleza. Ter fé é ser
atingido por Jesus para vazar amor e bondade, para que o que temos não seja só
de um e de outro, mas de quem precisa. A pessoa de fé pode ser chamada de “diferente”,
mas a sua diferença não é porque Deus a rejeita. Nossa fé pode nos incomodar,
pode até parecer antiquada nesse mundo das aparências, até a hora em que descobrimos
o porquê Cristo nos deu aquela pancada. É
para que, aonde fôssemos, aonde passássemos, a vida ficasse mais bonita. Façamos
isso, meus amigos! Por onde passarmos, que a vida fique mais bonita, que os corações
se tornem mais felizes e a vida germine em brotos de esperança.
Adaptado por
Pe. Nildo Moura de Melo, OSFS
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