Conversando sobre Família
O amor de Cristo é um amor que serve. Este amor é o modelo para todo
amor humano, em especial, para o amor em família. A palavra família significa
“conjunto de servidores”: assim é que deve ser - um servindo o outro, e todos
sendo felizes. Se há preocupação e empenho e servir o outro, então a
felicidade fica descomplicada.
A família é convidada a viver o amor de forma plena, para revelar ao
mundo o rosto do seu Criador. O amor é dom. Dom feito o fruto que a árvore produz.
É resultado de um processo, de um tempo, de perseverança. Quanto mais fruto,
mais semente. E quanto mais semente, mais fruto. Quem se preocupa com o amor,
mais amor terá, seja como fim (fruto) ou como meio (semente). Por isso, a
família tem a missão de semear, cuidar, regar e fazer o amor frutificar. E o
primeiro passo é acreditar no amor que a constitui.
Acredite no dom, acredite no fruto, ainda que você precise lutar muito
por ele. Opte pelo diálogo, converse, dialogue. Não desista de quem você ama.
Nossa vida é curta demais para gastarmos tempo com coisas mesquinhas e sem
importância. Priorize os momentos em que você e sua família podem ficar juntos
e confraternizar na intimidade familiar. Tenha Deus em primeiro lugar. Cuide
dos pequenos detalhes. Um “bom dia”, “como você está?”, “como foi lá?”, “oi!”,
“te amo”, “valeu”, “obrigado” - faz a diferença. Abrace, beije, brinque;
perdoe, ajude, sorria; enfim, curta sua família, sirva-a, dê-se a ela. Sim,
aposte na força do amor. O amor cura feridas. O amor nos humaniza. O amor
transforma. Ele une, fortalece e dá sentido à vida. Se junto está difícil,
sozinho pode não ser a solução. Sedução fora de casa existe. Não se deixe levar
por elas. São armadilhas. Escolha sempre sua família.
Não é difícil encontrar gente com fome dentro de famílias onde sobram
recursos materiais. É fome de amor, de carinho, de atenção, de verdade. Às
vezes se trabalha muito em nome de um futuro melhor. Também se suprime momentos
de estar junto com a família por causa do trabalho, com o intuito de conceder
um futuro próspero aos filhos, uma faculdade, enfim, ajudá-los a ganhar ao
mundo. Porém, de que adianta ganhar o mundo, se corremos o risco de perder a
família? Preocupe-se primeiro, em ser presença na vida dos filhos, do esposo ou
esposa, e dos pais. Quem passa fome de amor, busca satisfazer-se com outras
coisas. Cuidado! Outras coisas não suprem fome de amor, de carinho, de atenção,
de verdade.
Por favor, esteja atento e não deixe as coisas que distanciam a família
crescerem e tomarem força! Ninguém trai de uma hora para a outra. Recorde-se
constantemente que o amor é um compromisso e o compromisso é mais forte que o
sentimento. Não podemos amar e ser fiéis só quando sentimos atração para isto.
Fidelidade é uma questão de compromisso: “Porque eu disse sim, permanecerei
firme até que o sentimento novamente se inflame daquela paixão de outrora.” O
amor é assim mesmo: oscila. Mas jamais acaba, se nós cuidamos dele.
Não despeje em sua casa o lixo que a rua colocou no coração. Já percebeu
que temos facilidade para brigar em casa? Isto porque, nosso lar é, por excelência,
o espaço da nossa verdade. Eis uma beleza e um perigo: o perigo de magoar quem
amamos e a beleza de dar-nos a conhecer. Precisamos sempre estar atentos para
ver qual dessas duas características fica mais evidente às pessoas que conosco
convivem.
Quantas vezes você brincou com seus filhos nesta semana? Quantas vezes
você abraçou seus pais? Quantas vezes você beijou seu esposo, sua esposa nesta
semana? Quanto tempo a televisão e a internet ficaram desligadas enquanto vocês
estavam na sala? Quantas vezes vocês rezaram juntos nesta semana?
Quantas vezes você xingou, você olhou com cara ruim para os seus? Quantas vezes
você ignorou seus pais? Quantas vezes você conversou com seu cônjuge sem jogar
a culpa nele? Você deu mais carinho ao seu bichinho do que a um filho, tenha
ele a idade que tiver? Não deixe que a tv, o rádio e a internet falem mais
com seus amados do que você. Seja presente e garanta que sua presença seja de
qualidade.
Filhos, tenham atenção para com quem cuida de vocês. Saiba que seus pais
talvez não são carinhosos contigo porque nunca receberam carinho dos pais
deles, por isso não aprenderam a dar carinho. Comece você com gestos carinhosos,
e gradativamente eles aprenderão. Sejam gentis, cumprimentem-se, sorriam, peçam
a bênção, abençoem.
Casais, lembram do seu namoro? Por que mudou o jeito de se tratarem? A
intimidade, como anda? Usem da criatividade para não se distanciarem. Sim,
não permitam que as mágoas, as palavras infelizes e o ciúme abafem seus
sentimentos. Perdoem. Vale a pena. Todo mundo erra. Nem todo erro é
intencional. Resolva com criatividade, busque sempre o diálogo, não se preocupe
com questões de poder, mas de relação. Quando um homem e uma mulher se unem
quem deve mandar é o amor. Ele é a autoridade máxima.
Por fim, resta-me dizer que na família não pode faltar o respeito, que a
melhor educação se dá pelo exemplo, que é de singular importância a família ter
um tempo de lazer, de descanso e, que a gratidão é reflexo da felicidade no
lar. Dificuldades não podem ter a última palavra. Vem e virão. E, quando
partirem, devem nos deixar mais unidos. Nenhuma família está sozinha, Deus é o
seu companheiro por excelência. Ele é Pai-Mãe, Esposo e Filho. Ele é o grande
amor que a tudo dá sentido. Ele está no servir que descomplica a felicidade.
Pe. Nildo Moura de Melo, OSFS
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