O que penso da morte
Queridos amigos, quero aproximar-me de vocês como quem
chega sem entender muito os caminhos da vida, mas trazendo todo o carinho e
afeto que um ser humano pode cultivar em seu coração. Chego num momento de dor,
assim como cheguei em vários momentos de alegria. E chego como irmão: sem a
compreensão necessária, sentindo a dor da perda e com o amor que não permite
desistir.
Vou lhes dizer como compreendo a morte. Penso que pode ser
uma pequena luz, embora também saiba que o silêncio pode ser mais fecundo do
que discursos. Não importa. Quero lhes falar, já que não estou próximo para
lhes abraçar. Não quero explicar nada. Quero apenas borrifar este perfume que a
amizade gerou entre nós e que, creio, Deus me pediu para escrever a vocês.
A morte sempre chega em nossa casa como uma visita
inesperada. Não bate à porta, nem pede licença. Simplesmente entra e
leva aqueles que mais amamos. Parte deixando a saudade e um vazio
questionador que nos faz percorrer as sendas de toda existência em busca de um
sentido forte o suficiente para nos fazer continuar. Esse sentido é a esperança
de um dia poder encontrar de novo a pessoa que a morte levou e dar-lhe um
abraço forte e silencioso, cheio de saudade e pronto para a festa. Isto é
Ressurreição! É isto a nossa fé. Cristo venceu essa intrusa que chamamos
morte.

Quando a morte leva alguém que amamos, nosso coração se
compromete a ser mais céu, pois, alguém que mora lá, nele também
reside. Que a dor lhes ensine, meus amigos, coisas que ainda é preciso
aprender, porém, que a fé lhes mostre o caminho luminoso que essa “passagem”
lhes abre.
Nunca se esqueçam: quem ama fica perto, quem ama cuida,
quem ama não abandona. Deus está do seu lado e, com Ele, a pessoa maravilhosa
que foi, aquela pela qual vocês choram. Coragem e força! Creio que esta pessoa
amada gostaria de vê-los sempre felizes e sorrindo. Deem esse presente a ela. E,
quando não for possível sorrir, pela dor da saudade, façam das lágrimas,
pérolas de amor. Que nenhum vento apague a chama da sua fé, que a esperança do
reencontro em Deus lhes fortifique e que o amor os mantenha sempre unidos. Quando
estiverem muito sofridos procurem o Sacrário da Igreja, aquela luzinha acesa.
Ali está Cristo, o Nosso Senhor. Onde ele está, estão todos os que moram no
céu. Seu amado ou amada está junto ao pão consagrado da Eucaristia. Vocês
poderão, ao conversarem com Deus, conversarem com eles também. Façam isso. Deus
vos dará sinais dessa presença santa e verdadeira.
Deus lhe abençoe, console e fortaleça!
Pe. Nildo Moura de Melo, OSFS
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