Carta de um jovem que não foi a JMJ ao Papa Francisco


O branco se perde nos raios do sol ou se confunde entre as gotas da chuva: é Francisco que peregrina nas ruas do Brasil olhando a cada um com o olhar de Cristo. Vem feito um passarinho simples que pousa sobre o galho da árvore do nosso quintal, mas quando fala parece um trovão arrebentando as fronteiras que impedem a vida de viver. Seu sorriso parece a espada de Deus dissipando as trevas, mas Deus não tem espada, só tem mesmo, sorriso. Bendito seu toque, Francisco, que todos anseiam receber! Mas tu preferes os pequeninos e os que já não vão mais sozinhos, porque tu és o servo dos servos e para servir e nos ensinar a servir foi que viestes a nossa casa.

Batestes a nossa porta, chamaste-nos de “menina dos olhos” de Deus, e bagunçastes tudo o que estávamos esperando. Obrigado por bagunçar nossa casa! Foi mais forte que um furacão o que pronunciastes em pleno palácio Guanabara: “Cristo ‘bota fé’ nos jovens e confia-lhes o futuro de sua própria causa”. Sabes a força que isso possui? Sim, sabes. Foi por isso que o dissestes. Quantas e quantas vezes, nós os jovens, esperamos para ouvir isto. Ouvir um voto de confiança, quando tantas acusações pesavam sobre nossas costas. Quando a fé já começava a ser impregnada do mofo fétido das estruturas, tu nos dizes: “eu quero agito nas dioceses”. Quem foi que te contou dos nossos anseios? Teu coração nos entendeu, tua palavra socorreu nossa fé. Mais, muito mais: nos impulsionou, "saiam às ruas como fez Jesus". És o nosso Papa, és o nosso amigo, o nosso “quebra protocolo” mais protocolizado que já conhecemos. Protocolizado segundo as regras do amor que cuida, que educa, que acaricia, que enxerga, que incentiva.

Quando te vimos beijando a imagenzinha da Mãe Aparecida e nos pedindo “três simples posturas: conservar a esperança, deixar-se surpreender por Deus, viver na alegria” tivemos a certeza que eras nosso, nosso! Nosso amigo, filho de nossa mãe, amigo primeiro de nosso primeiro e principal amigo, Jesus.  Não pudestes “bater em cada porta, dizer 'bom dia', pedir um copo de água, beber um cafezinho", mas chegastes até nós, Santo Padre, sem blindagem, sem ouro nem prata, chegastes com Jesus, chegastes com Jesus... era disso que precisávamos!

Lá junto dos irmãos recuperandos, sacudistes quem apostava na violência: "Candelária, nunca mais. Violência, nunca mais, só amor". Isto também, arrancastes de nosso coração. Só o amor, nada mais. Ensinastes que não há desculpas para não repartir. “um pouquinho de água no feijão” enriquece o ser humano. Que pedrada no meu egoísmo, Francisco!

E quando chegava a noite, íamos dormir. Então voltava a frase em nossa mente “Cristo bota fé na juventude. Também a juventude ´bota fé’ em Cristo”. Foi então que tu dissestes a nós: “bote fé, que a vida terá um novo sabor. Bote fé, bote a esperança e bote o amor”. Fomos entendendo teu projeto, amigo. De repente nos surpreendeste com uma confissão, (melhor, surpreendestes de novo, porque sempre nos surpreendia): “tenho que confessar para vocês que eu também muitas vezes me sinto enjaulado e que é feio se sentir enjaulado!". Abaixamos a cabeça concordando contigo. De novo bagunçavas tudo. E nos animastes: “Não permitam que outros sejam protagonistas da mudança. Vocês têm na mão o futuro. Ele vai chegar pelas mãos de vocês. Continuem superando a apatia, dando uma resposta cristã à inquietações sociais e políticas. Se envolvam num trabalho para um mundo melhor. Se metam, saiam para a vida, saiam às ruas. Jesus não ficou preso em um casulo”. Irresistível tuas palavras, amigo Papa. E quando achávamos que de ti só tínhamos para receber, tu nos implorava como uma mãe implora o beijo de um filho “rezem por mim”. Rezaremos! Rezaremos! Estamos rezando.

Santo Padre, eu sou um daqueles jovens que queria muito estar com o senhor, mas não pode. Entretanto, estou muito feliz! O senhor esteve comigo e com os meus amigos. Meio bagunceiro, é verdade. Mas é de bagunça e agito que a gente gosta. Vale a pena bagunçar tudo para encontrar a coisa mais preciosa que podia estar guardada em uma das gavetas ou cantos da nossa vida: Jesus Cristo!

Eu queria ver-te para ver Jesus. Eu vi Jesus nos jovens que encontrei nestes dias de JMJ. Eu vi Jesus nestes meus amigos e nas tuas palavras, Papa Francisco. Agora, eu apenas peço a Deus que me dê coragem para honrar as palavras que o senhor disse, para abraçar com nobreza e convicção os teus mandatos, os teus ensinamentos. Que eu não seja como Pilatos, aquele rosto que acompanhou a Jesus no caminho ao Calvário, mas não teve valentia para ir contra a corrente e salvar a vida de Jesus! Digo-lhe, Santidade, não sou daqueles que lavam as mãos, que se faz de distraído e olha para outro lado. Quero ser como Cireneu que ajuda Jesus a levar o madeiro pesado, como Maria e as outras mulheres que não têm medo de acompanhar Jesus até o final, com amor e com ternura. Obrigado por me fazer estas perguntas e me levara a dar estas respostas, obrigado!

Abençoe-me, Santidade! Abençoe os jovens que aprendi a amar mais e melhor nestes dias de JMJ! Abençoe cada jovem e cada cidadão deste país onde “Deus se naturalizou” (o senhor foi quem disse que Deus é brasileiro!)! Deixastes saudade, deixastes missão, deixastes amor. Obrigado peregrino de Cristo, amigo indubitável, irmão da gente! Deus te abençoe, Santidade, pois ele já nos abençoou com tua visita. Ficou muito mais gostoso ser jovem depois desta Jornada, depois de tuas palavras, de teus gestos, depois que botastes fé em nós! Ficou muito mais gostoso! Até 2017!!!

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