O Ressuscitado vai buscar os seus
A
Semana da Páscoa chegou ao fim. Durante esses dias, a liturgia nos mostrou Jesus
indo a procura dos seus. Ressuscitado, ele quis ressuscitar a amizade com
todos. Eram seus amigos antes da cruz e ele o quis como amigos depois da luz. O Ressuscitado foi ressuscitar o que estava morto nos seus amigos.
Às
santas mulheres, em especial à Madalena, Jesus apareceu para devolver a alegria
de viver. Amor se paga com amor! Aos discípulos de Emaús, disseminadores de sua
derrota, Jesus se aproxima, caminha junto e explica o que eles tinham dificuldade
para entender. Ressuscita seus sonhos. Aos apóstolos incrédulos, aqueles que o haviam deixado, ele aparece
e a primeira coisa que lhes diz é “a paz esteja convosco”; e depois, na beira do
mar, numa madrugada de pesca
infrutífera, ele prepara ternamente uma refeição a eles. Vai buscá-los de novo,
vai ao encontro, quer os seus consigo, dá-lhes o que de mais precioso tem, a
sua paz. Ressuscita a amizade e a missão de cada um.
Ele
não ressuscitou para vingar-se, não ressuscitou para fazer cobranças, não
ressuscitou para dar o troco, não ressuscitou para tirar satisfação. Ressuscitou
para fazer o que sempre fez: comunicar a paz, perdoar e animar. E a sua
primeira semana como vencedor é gasta na busca de quem não merecia, mas morava
em seu coração. Jesus os amava e essa era sua lei. Não estava condicionado ao
erro e às fraquezas dos amigos. Tinha claro seu caminho. Quem ama sabe
compreender até mesmo quando não há justificativas.
Pensando
nisso tudo, perguntei a mim mesmo: se alguém falasse mal de mim, se um amigo me abandonasse,
se até pregasse minha derrota, o que eu faria quando desse a volta por
cima? Talvez fosse tirar satisfação, mostrar-me superior, talvez nunca mais o quisesse ver, talvez me
preocupasse em fazer novas amizades, talvez desejasse-lhes o mal.
Mas
Jesus ensina diferente. E é a esse diferente que quero chegar. Os problemas da
vida não se resolvem com vingança, não é com violência que o mundo se liberta,
a mágoa e o ódio só turvam a história. Um mal pago com um mal resulta em dois
males. Um mal pago com um bem resulta no fim do mal. Jesus ressuscitado foi a
procura de quem havia errado e reconstruiu os
laços rompidos. Ele não
se apegou ao erro deles, mas ao amor que havia cultivado em todos os anos de
sua vida. Ressuscitado foi ao encontro, não para mostrar o quão forte era, mas
para dizer que a amizade daqueles simples homens e mulheres lhe era importante.
Não fez ostentação: preparou uma refeição, mostrou as feridas, desejou a paz,
aproximou-se.
A
Semana da Páscoa chegou ao fim. Durante estes dias a liturgia nos mostrou Jesus
indo a procura dos seus. Ele vem a nossa procura também. E se erramos com
ele, não importa, ele nos quer em sua companhia. Nos ensina a não desistir de
ninguém e a não pagar o mal com o mal. A paz ele nos comunica, gesto de ternura
ele nos oferece, o perdão nos dá sem palavras, apenas na companhia. Jesus é um
amigo que chega sem frescura. Mesmo vencedor, grande e glorioso, aproxima e nos
procura, como faz um amigo. Se for preciso caminhar junto, ele caminha; se for
preciso chegar na madrugada, ele chega; se for preciso atravessar muros, ele atravessa; se for preciso chamar-nos pelo nome, ele nos chama. O que Ele não faz é julgar,
cobrar satisfação, acusar, condenar e esquecer-nos. Ele nos procura, ele nos
busca, ele aposta sempre nos seus. E nós somos os seus, como os apóstolos o
foram, como as mulheres o foram, como muitos são. Ele nos ama e quem ama
insiste, persiste e surpreende!
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