Sexta-feira Santa
A Sexta-feira
Santa chegou. É um dia muito diferente para nós cristãos. O único dia do ano em
que não se reza a santa missa. Jejuamos e silenciamos. O nosso amado foi
crucificado: mergulhamos o quanto conseguimos nesse mistério doloroso, revivemos
as chagas de Jesus Cristo, participamos de sua paixão.
O mais perfeito
dos homens é crucificado com um malfeitor. Aquele que curou as feridas da
humanidade é ferido até a morte. O Bom Pastor se entrega em lugar de suas
ovelhas, como se fosse um cordeiro. Foi traído, humilhado, escorraçado, chamado
de mentiroso e impostor. Bateram nele, o coroaram de espinhos, zombaram-lhe com
um pano real; depois o despiram, fizeram-no carregar a cruz em que seria
torturado, deram-lhe fel como bebida e perfuraram seu coração. Mataram-no. Mataram
o Filho de Deus.
Tudo o que ele
ensinou fica agora ratificado pelo seu próprio sangue derramado. Na cruz Jesus emana o que sempre emanou: amor.
Seu coração aberto verte vida nova, perdão e salvação, mesmo a quem lhe nega o
direito de viver.
Jamais
esqueceremos disso. Seu corpo na cruz estará para sempre em muitos lugares: nas
igrejas, para ser sinal de salvação; nos tribunais, para ser sinal de justiça; nas
praças, para ser sinal de unidade; nas casas, para ser sinal de amor; persignado
no corpo para ser bênção; sobre o peito pendurada, para ser sinal de sua proteção
e de pertença a ele.
A cruz, “escândalo
para os judeus e loucura para os pagãos” (1Cor 1, 23) tornou-se uma meta. Não a
tortura da cruz, mas a fidelidade e o amor que Jesus nela demonstrou. Viver
essa vida que Cristo nos concedeu por sua morte e ressurreição é a meta dos
cristãos. Amarmos o Pai do céu como Jesus amou, amarmos o nosso próximo com a
mesma postura, valentia e ternura de Jesus, e aceitar as consequências desse
amor: eis nossa meta.
A cruz também é o
nosso conforto. Nela compreendemos a dimensão do amor que Deus tem por nós, do
que ele fez para nos salvar. Nossas dores encontram, nas dores de Jesus, uma
forma fecunda de ser, nossos sofrimentos se tornam redentores por causa da cruz
do único Redentor. Na cruz de Cristo a vida se refaz quando o sofrimento parece
vencê-la. Em suas feridas, somos curados (1 Pedro 2, 24).
Hoje é sexta-feira
Santa, o dia em que o filho de Deus deu a sua vida para nos salvar. Acolhamos
essa salvação. Choremos sua dor. E façamos pelos outros o que Ele fez por nós.
Amor se paga com amor. Amemos a Ele no mistério divino e o amemos no mistério
que é a vida de cada ser humano. Amém.
Pe. Nildo Moura de
Melo, OSFS
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