Sou um filho cego
Sou um filho cego que aprendeu a confiar em seu pai. Não o vejo,
mas sei que ele é minha origem. Não o vejo, mas sei que ele existe e que me pede
para seguir seus gestos. Meu pai é meu tudo. Confio nele de corpo e alma. Ele
sempre está para mim.
Sei que ele me ama e me cuida. Com ele eu poderei viver as
coisas mais incríveis dessa vida. Ele não é culpado de nada que me falta. O que
está a seu alcance, ele faz por mim.
Algumas vezes já o senti longe, já o ouvi chorar, por causa
daquilo que me faz sofrer. Sei que ele aceitaria minha cegueira para que eu
pudesse ver. Mas as coisas não são assim, por isso existe o amor que resolve as
coisas por dentro, quando não podem ser resolvidas por fora.
Meu pai é quem mais confia em mim, me desafia, mesmo que os
outros não acreditem que eu seja capaz. Os desafios de meu pai não são para me
machucar. São para me fazer descobrir todo o potencial que dele herdei, que em
mim está.
Chamo por ele quando me sinto sozinho, quando as coisas
ficam difíceis, quando estou perdido, quando não sinto sua proximidade. Pai!
Papai! Pai! E ele me responde, ainda que não ouça sua voz.
E salto em seus braços e ele me segura, me afaga, me enche do
seu cheiro, seu toque forte e firme me devolve a segurança. Ele me joga para o
alto, me rodopiando de alegria, me acordando para a vida, me devolvendo o gosto
por seguir seus gestos e descansar em sua proteção.
Esse é meu pai. Aquele que me faz enxergar a vida por meio
de seu toque e de sua força, de seu amor que cura toda escuridão. Ele é a luz
dos meus olhos e nele confio. Sou um filho cego. E ele, o Pai do Céu.
Pe. Nildo Moura de Melo, OSFS
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