Do canteiro da terra ao jardim do céu


O jardineiro ama as suas flores. Elas são de todas as cores, de todas as tonalidades, de todas as fragrâncias, de todos os lugares, de todos os tamanhos, de todas as espécies, de todos os tempos. E ele as ama igualmente.

O jardineiro tem um canteiro. E é nesse canteiro que planta as suas flores. Esse canteiro é bom, é belo, é grande. Esse canteiro tem bilhões de flores, mas ele é só um canteiro. Na hora certa, que só o jardineiro sabe e acerta, ele visita o canteiro e recolhe alguma flor para levar ao seu jardim.

Como as flores são muitas e muitas são as suas espécies e as suas particularidades, só o jardineiro sabe a hora de cada uma. Entre elas, elas não sabem. Elas imaginam, elas suspeitam, elas sonham, mas elas não sabem. Quem sabe a hora de tirar do canteiro para transplantar ao jardim é só o jardineiro.

Hoje celebramos o dia de finados. Podemos dizer: o dia daqueles que o Divino Jardineiro transplantou do canteiro da terra para o jardim do céu. Essa é a nossa fé. Por mais maravilhoso que seja o canteiro da terra, nenhum de nós foi plantado aqui para sempre. Nosso destino é o jardim de Deus. E é lá que nós, de fato, poderemos viver plenamente.

É possível dar flores no canteiro, mas, belas mesmas, são as flores no jardim de Deus. Cada um de nós somos essas flores plantadas aqui nesse canteiro. Chegará uma hora que o Divino Jardineiro nos recolherá. Não para nos dar fim, não para nos punir, mas para nos transplantar ao seu jardim. Não adianta brigarmos com ele, ou brigarmos com a vida. Basta saber que Ele não nos deixará morrer e o nosso coração já fica satisfeito.

Hoje é dia de saudade, mas não é dia de tristeza. Triste se nós soubéssemos que essa flor foi arrancada do canteiro e jogada fora. Mas não. Sabemos que essa for foi transplantada para o jardim de Deus. E nós vamos ao encontro dessa pessoa um dia. Quando chegar a nossa hora e nós formos transplantados também, encontraremos todos lá, porque lá ninguém está morto.

Se você tem uma dor que lhe corrói por dentro por causa da morte de alguém, pare de olhar para trás. Por mais bonito que tenha sido, não vai voltar. Olhe para frente. Olhe para Deus que lhe espera no seu eterno jardim. Se você realmente ama essa pessoa que morreu, você tem que se preparar para quando chegar a sua hora. É para frente que olhamos. É para o céu, é para o jardim de Deus, é para esta pessoa que está viva nele e nos amando. É dia de esperança o dia de finados.

A terra é só um canteiro. Prepare-se, porque você vai ser transplantado para um jardim magnifico que nem pode imaginar como seja. Só não viva como quem está plantado numa rocha, que um dia, quando o sol for forte demais, não poderá sobreviver. Estamos plantados num canteiro, esperando ansiosos o dia de ser transplantados para esse jardim. Não temos medo da morte, pois sabemos: o dia da nossa morte será tão feliz. Se o canteiro é bom, muito mais é o jardim.

Então, vamos com fé, seguremos na mão de Jesus. Não a larguemos procurando outras respostas, outras seguranças. Não prefiramos amenizar falando em retorno ou negando a morte. Acolhamos a compreensão de que esse é o nosso caminho e de que a morte não é o fim, é apenas a nossa passagem do canteiro da terra para o jardim do céu. Na hora da nossa passagem, não ficaremos abandonados, estaremos nas mãos dele (Sb 3,1). E Ele nos transplantará para o seu próprio jardim, eterno e feliz.

 

 

Pe. Nildo Moura de Melo, OSFS

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