O amor jamais abandona
O abandono é uma das maiores dores que alguém pode sentir. Não temos
vocação para o abandono. Temos vocação para a acolhida, para o humanizar-nos com os semelhantes. De acolhida em acolhida vamos escalando os
degraus daquilo que é "ser gente". De rejeição em rejeição descemos para o precipício da selvageria. De modo sadio, a humanidade não tende a isso. Se o
tende, é por uma corrupção ou por uma patologia.

Nessa passagem temos, em Jesus, o homem que ascende nos degraus da excelência humana, porque acolhe e humaniza. Nos fariseus e partidários de Herodes, a imagem de pessoas que despencam nos degraus da desumanização, porque excluem, abandonam.
Jesus não rejeita nem abandona ninguém. É por isso que temos
tanto amor por Ele. É por isso que Ele é nosso modelo perfeito. Nosso Senhor
podia escolher ficar fazendo cena para aqueles poderosos, mas preferiu os
pequeninos e abandonados para indicar que Deus jamais abandona.
Meus irmãos e irmãs, ter fé significa estar amparados por
uma certeza: Deus nos acolhe em seu coração e em seu Reino, sempre. Ele nos
ama. Se estamos passando por alguma situação de abandono,
a voz de Jesus ressoa firme e terna ‘Levanta-te e fica aqui no meio!’. Deus
está conosco sempre, sempre, sempre. Não há porquê duvidar. Lançamo-nos em seus
braços como uma criança lança nos braços de sua mãe depois de sentir
abandonada (Cf. São Francisco de Sales). Naquele abraço gostoso, confortante, que arranca o medo da gente. E
uma vez nos braços de Deus vamos fazer o possível para tirar todas as pessoas
do abandono, seja um abandono afetivo ou material, pessoal ou social.
‘Levanta-te e fica aqui no meio!’ é uma atitude que nos é
pedida no amor. É uma ordem repleta de amor que nos ajuda a amar. Da mesma
forma é a ordem “estenda a mão”. Sim, precisamos ser claros com o Senhor,
dar-se a conhecer a Ele, pois quem confia arrisca. Estender a mão e não
esconder aquilo que precisa ser sarado. Aproximemo-nos do Senhor para seguir o
que Ele nos diz! Sua palavra será sempre uma palavra acolhedora, dignificadora,
libertadora, humanizadora.
Não abandonemos nem excluamos ninguém,
por mais que tenha “feiuras” e ainda que esteja com a mão seca ou o coração e a mente! É sempre um irmão e uma irmã. Não nos enlacemos com sistemas que
privilegiam uns em detrimento de outros, deixando no abandono um filho ou filha
de Deus. Embora Deus nunca abandone ninguém, nós precisamos do calor dos
irmãos, do seu acolhimento, do seu carinho e atenção. Através de cada um o ser humano
é amado por Deus e o Dom de Deus chega a cada qual.
É bom ter em mente, também, que nos tornamos seres humanos
melhores quando acolhemos os outros com suas diferenças e dores. Nós os ajudamos
a serem pessoas melhores, ainda que vagarosamente. Levantemo-nos para esta
atitude de acolhida e valorização de toda pessoa e o mundo novo e feliz com o
qual sonhamos começará a existir à nossa frente. Jesus nos ensina a não abandonar
pois Ele nunca nos abandonou. Ensina, destarte, a não se sentir abandonados:
ele está junto à nossa cama se estamos doentes, junto à nossa pobreza se
estamos excluídos, junto à nossa história e dentro de nós. O Senhor não tem preconceitos
nem medo. O Senhor ama e o amor é aquilo que o amor faz! O amor jamais
abandona. O amor humaniza.
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