A simplicidade

Ser
simples é viver como as pombas, sem impor fardos a ninguém. É falar das coisas
complicadas como uma criança fala do mundo. Ser simples é contentar-se com
coisas triviais, fazer do comum algo especial, compor sonhos com cacos de vidro,
mas não machucar ninguém.
Ser
simples é deixar que os sentimentos falem, que as concepções se desnudem de artimanhas,
é olhar nos olhos do outro e neles encontrar o olhar de Deus. É descomplicar o
complicado, perfumar o ambiente gélido, aquecê-lo com ternura, dançar mesmo sem
canção, ser forte sem agredir ou impor.
Ser
simples é respeitar, é fazer-se igual ao outro, é gostar da gratuidade. É usar
de todo requinte para requintar o humano que desajeitou. É revelar nobreza mesmo
sem brocados de ouro. É ser chique sem depender de acessórios e de aplausos, é
ser livre para sempre ser o mesmo apesar das estações da vida.
Ser
simples é vestir a vida do avesso sem que isso consista em atrapalho para o abraço
e o encanto. É voar alto com os pés no chão. É falar em poesia mesmo quando a
poesia não rima com as dores que nos tomam. É tornar-se alguém em quem as
pessoas confiam, apesar de nossas imperfeições.
Jesus
era simples. E que simplicidade majestosa! Ao falar de simplicidade não tinha
como esquecê-lo. Porque era simples chegava ao coração das pessoas e ali se
demorava. A simplicidade era seu método, a rede que muitos dos seus pescadores
ainda não tomaram, mesmo que digam estar fazendo o que Ele fazia. A
simplicidade de Jesus revelava a grandeza de Deus, a beleza da vida e a
singular importância de cada pessoa.
Jesus
era simples. Amava os rebentos das vidas mais desprovidas, amava o essencial. Assim,
tornou-se essencial na vida de tantos. Sua
simplicidade é a rede que muitos dos seus pescadores ainda não tomaram. Quiçá,
todos nós a tomemos! Sim, para que muitos possam ser envolvidos pela mensagem
dEle, uma mensagem simples como é simples a vida de quem tem uma razão para viver,
como é simples a vida de quem tem um grande amor, como é simples o verdadeiro
amor.
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