O Padre Francisco de Sales - Espiritualidade Salesiana

Quando Francisco de Sales expressou o desejo de ser padre, seu pai protestou veementemente: “quem meteu estas ideias na tua cabeça, meu filho? Quem te aconselhou? Eu esperava que fosses o báculo da minha velhice... tens irmãos para quem deves fazer as vezes de pai!...” Mas Francisco respondeu: “Meu pai, te servirei até o último alento da minha vida e prometo que não regatearei nenhum serviço a meus irmãos. A respeito da reflexão, desde a infância pensei no sacerdócio” (LAJEUNIE, p. 148). Depois de ver seu pai convencido, assim expressou-se: “Bendito seja o Senhor, tenho o que desejava há muito tempo e ninguém pode já separar-me da mão de meu Deus!” (AS, 1. C. In. LAJEUNIE, p. 148).
 Francisco de Sales avançava com temor até o dia da ordenação. “As terríveis responsabilidades do sacerdócio” que quando pareciam longínquas eram menos temidas, ao estarem próximas o aterravam (LAJEUNIE, p. 153). Mas este espanto deu lugar “à esperança e à alegria”. Concluía: “eu me regozijo e exulto por poder responder assim às finezas do Senhor, mediante o mais sublime serviço” (XI, 37-40 In. LAJEUNIE, p. 153). No dia de sua ordenação, o amor afastou definitivamente todo temor e ele pode abraçar o ministério (LAJEUNIE, p. 153).
Francisco de Sales foi ordenado padre no dia 18 de dezembro de 1593, com 26 anos de idade. Dom Claúdio Granier foi quem o ordenou. Sobre sua primeira Missa, assim expressou-se à Madre de Chantal: “Naquele primeiro Sacrifício, Deus tomou posse de minha alma de forma inexplicável” (VISITAÇÃO, 2014). Logo depois tornou-se missionário na região calvinista do Chablais.
Francisco fez-se um padre exemplar para sua diocese. Além da coragem na missão, era sábio e zeloso. Para ele a Missa foi sempre o momento fonte e cume de tudo o que fazia. Num tempo em que a comunhão frequente não existia, ele procurou celebrar a Missa e promover a comunhão às pessoas o máximo que lhe for possível. Na Missa parecia encontrar “sua verdadeira vida e sua força, e nesta ação parecia um homem todo transformado em Deus” (LAJEUNIE, p. 161) exercendo enorme influência de devoção nos fieis.
Dedicava tempo ao estudo e a oração, ocupava-se em atender Confissões, à orientação espiritual, empregava “muito tempo para visitar os enfermos, os presos, os pobres, para reconciliar os inimigos, os loucos nos processos" (LAJEUNIE, p. 162). Priorizava o contato com as pessoas, saia às ruas, entrava nas casas dos mais simples. Pregava quase sempre, utilizando palavras e imagens que o povo conhecia. Seus sermões convidavam à intimidade com Deus, à prática da caridade, à vivência da santidade cotidiana; neles Francisco se posicionava contra as injustiças sociais de sua época e instigava à prática do bem comum. Era um padre alegre e acessível, amigo das crianças, sério e criativo, presente na vida das pessoas. Conhecia bem a realidade e falava com firmeza sobre os assuntos que faziam parte da vida do povo, sempre tentando esclarecer qual era a vontade de Deus nas mais variadas situações.
Manso e humilde de coração como Jesus: assim era o padre Francisco de Sales. E mesmo quando se tornou bispo, não se importava que o chamassem de “padre”, na verdade, até gostava. Dizia: “como posso chatear-me se eles estão me chamando de pai”. Com a ternura de Jesus Cristo Francisco fazia-se “tudo para todos”. Foi e continua sendo um exemplo de sacerdote. Olhando para sua vocação muitos jovens sentem que Cristo o chama também a ser padre. E ser padre como Francisco de Sales é ser uma bênção para a Igreja e para o mundo, porque é ser um homem de Deus que faz da ternura, mansidão e humildade o caminho mais eficaz de evangelização.

Referências: LAJEUNIE, Étienne-Jean. San Francisco de Sales. El Hombre, El Pensamiento, La Acción. Vol. I. Salamanca: Gráficas Cervantes, 2001.
MOSTEIRO DA VISITAÇÃO. São Francisco de Sales Testemunha do amor. Vida e mensagem. Resumo biográfico. São Paulo: [s.n.], 2014.

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