Santa
Joana Francisca de Chantal (França, 1572-1641), mulher à frente de seu tempo,
esposa, mãe, viúva e religiosa fundadora da Ordem da Visitação de Santa Maria,
grande amiga de São Francisco de Sales, que viveu a santidade em todos os
estados de vida.
Quem conhece a vida de Santa
Joana se impressiona. Determinação, senso prático, inteligência, agilidade, capacidade
administrativa, piedade, fortaleza interior, humildade e mansidão diante de
Deus e do próximo são algumas das mais destacáveis virtudes desta mulher.
Nasceu em Dijon (França) no ano 1572, recebendo o nome de Joana
Francisca Frémyot. Cresceu num lar cristão, sem a presença da mãe (falecida na
ocasião do nascimento de seu irmão mais novo). Recebeu boa educação, tinha o
apreço terno do pai, Benigno Frémyot, senador presidente do parlamento da
Borgonha; não se deixou levar pela mundaniedade da maioria das jovens de sua
classe social. Casou com o barão de Chantal aos 20 anos, tornou-se baronesa e
passou a administrar os bens da família Chantal, com uma sabedoria e precisão
impressionantes, acompanhada de uma caridade que priorizava os pobres e um
sendo de justiça que respeitava os que em suas terras trabalhavam. Foi mãe de
seis filhos, a quem educou esmeradamente. Os dois primeiros faleceram ao nascer.
Em vida, Joana perdeu mais três filhos, ficando com apenas Francisca. Viúva aos
28 anos, decidiu-se ser toda de Deus, gravando o nome de Jesus em seu peito,
como sinal visível de que queria ser toda do Senhor e de que todas as suas
obras estivessem cheias Dele. A morte sempre será uma prova dura na vida da
Santa que perderá quase todos os que eram de sua família ou de sua amizade. A
cada novo luto, ela superava-se a si própria, saindo do convento para cuidar
dos interesses de seus filhos com um tino e uma habilidade superiores. Não
deixava, em meios aos negócios do mundo, de ser menos religiosa que no
mosteiro. Irradiava por toda parte o reflexo de sua santidade, suscitando
verdadeira veneração. Só ao contemplá-la, várias moças e senhoras foram
atraídas ao seu convento. A estas provações somaram-se as espirituais, como
tentações terríveis, algumas vezes contra a fé. Conheceu a noite escura e a
secura espiritual para chegar a um grau sublime de contemplação. São Vicente de
Paulo afirmou que, embora aparentando paz e tranquilidade, Santa Joana
"sofria terríveis provas interiores. Via-se tão assediada de tentações
abomináveis, que tinha que apartar os olhos de si mesma com horror para não
contemplar esse espetáculo insuportável... Em meio a tão grandes sofrimentos,
jamais perdeu a serenidade nem esmoreceu na plena fidelidade que Deus lhe exigia.
Por isso a considero como uma das almas mais santas que encontrei sobre a
terra" (Cf. SOLIMEU, 1998).

Enquanto viúva, sofreu na casa do sogro, e mesmo assim, conseguiu
organizar a vida de seus filhos, para que estivessem bem colocados quando ela
pudesse, depois de cumprir com seus deveres de mãe, consagrar-se a Deus na vida
religiosa.
Deus lhe presentou com São Francisco de Sales. Os dois protagonizaram
uma das mais belas amizades da Igreja. Sob a direção dele, Joana atingiu uma
admirável vida de perfeição, exercendo especialmente a caridade para com os
pobres e os enfermos. Fundou a Visitação de Santa Maria, uma Ordem que acolhia
viúvas, idosas, aleijadas e doentes. O grande critério para fazer parte desta
comunidade era a capacidade de amar a Deus e amar o próximo. Assim, foi uma
novidade para a época, sem contar que as Irmãs tinham permissão, em algumas
ocasiões, para sair e visitar os doentes e pobres e auxiliá-los. Depois, a
Ordem tornou-se exclusivamente de clausura. Após a morte de São Francisco de
Sales (1622), seguiu difundindo o espírito do santo bispo e levou a Visitação
ao número de 87 mosteiros. Foi mestra e conselheira de religiosos, religiosas e
leigos das mais variadas posições sociais. Sempre admirada pela determinação, pelo
senso prático, pela inteligência, pela agilidade e grande capacidade
administrativa, destacava-se, acima de tudo, pela piedade - que a fez mestre de
oração e de contemplação - e pela fortaleza interior, capaz de suportar
inúmeras perdas e encarar todo tipo de adversidades.
Morreu em 13 de dezembro de 1641
(Moulins, França). Suas últimas palavras foi a repetição de uma só: aquela que
sempre esteve escrita em seu coração: Jesus! Jesus! Jesus! Foi beatificada por
Bento XIV a 13 de novembro de 1751 e canonizada por Clemente XIII em 16 julho
de 1767. Sua festa celebra-se a 12 de agosto.
“A Santa Joana de Chantal podem ser
aplicados, com justiça, os grandes elogios que o Livro dos Provérbios faz
à Mulher forte: ‘Quem achará uma mulher forte? O seu valor
excede tudo o que vem de longe, e dos últimos confins da Terra’... ‘Levantaram-se
seus filhos, e aclamaram-na ditosíssima; [levantou-se] seu
marido, e louvou-a’ (Prov., cap. 31, 10-28). Aclamaram-na não somente
seus filhos carnais, mas também – e continuam fazendo-o até hoje – suas filhas
visitandinas!’ (BOUGAUD, 1944).
Santa
Joana foi uma mulher incrível: filha e jovem exemplar, esposa e mãe esmerada,
viúva piedosa e religiosa santa. Uma pessoa doce e forte, cheia de fé e
caridade, decidida a Viver Jesus cada minuto de sua vida. Ensinou que a
santidade é possível em todos os estados de vida, basta amar com simplicidade, fazer
bem o bem que precisa ser feito, renunciar a si mesmo e abandonar-se inteiramente
a Deus.
É a padroeira de todas as vocações e da Ordem da Visitação. É
especial intercessora das pessoas enlutadas, das parturientes, das pessoas
que se dedicam à oração, das mães, das viúvas, dos administradores e dos que passam
pelas noites escuras da fé e secura espiritual. Mulher forte, destemida e precursora,
é um exemplo para todas as mulheres e para todos os cristãos.
Santa Joana Francisca de Chantal, rogai por nós!
Pe. Nildo Moura de Melo, OSFS
REFERÊNCIAS
BOUGAUD, Bispo de Laval. História de Santa Juana Francisca Fremiot,
Baronesa de Chantal. Buenos Aires: Gráfica Urquiza, 1944.
FERRER, Eusebio Hortet. Juana de Chantal. Madrid: Ediciones Palabra
S.A., 1991.
MOSTEIRO DA VISITAÇÃO DE SANTA MARIA. Santa Joana de Chantal. O poder de
amar. São Paulo: 2004.
RAVIER, André. Santa Joana de Chantal, fundadora da Visitação. Mosteiro
da Visitação de Paris: Tenacitas, 2012.
SOLIMEU, Plinio Maria. 1998. Disponível em: <http://catolicismo.com.br/materia/materia.cfm?IDmat=1610D78D-3048-560B-1CB27AC55FC4B8A7&mes=Dezembro1998>.
Comentários
Postar um comentário