Saudade de Deus - Espiritualidade Salesiana

Quantos de nós têm vivido assim,
perguntando-se pelo motivo de tanta inquietação interior?! Nada basta, nada
satisfaz e se distancia a paz: é saudade de Deus.
Às vezes vem a saudade de um lugar, da nossa casa antiga, dos nossos avós -
saudade de alguém, de algo que aconteceu. A saudade é um convite para voltar, é
a memória do coração. Como diz a canção, saudade também é "uma forma de
ficar”[1].
A
saudade antecipa algumas coisas e atrasa outras. Ela faz a gente parar, mas
também apressa. A saudade é um paradoxal humano: quando temos não queremos ter,
quando não temos, aí buscamos tê-la. Incrível!
“Só se tem saudade do
que é bom”[2]. De fato, é assim mesmo.
Feliz quem pode sentir saudade! Ela é o carimbo de um amor fecundo. Só quem ama
e é amado pode sentir saudade no esquerdo lado do peito.
Sinto saudade de quem está longe. A distância separa os corpos, deixa longe o
olhar e o abraço. Sinto saudade de gente que está perto, mas não chega mais. Estar perto nem sempre
significa estar presente e é dessa presença que precisamos.
Há amigos
que trocaram a conversa descontraída por formalidades. Criaram saudade. Mas só
de saudade ninguém vive. É preciso, de vez em quando, matá-la. Não tem
problema: depois ela ressuscita.
Sentimos saudade de muita gente. Mas
nenhuma saudade é tão forte como aquela que sentimos de Deus[3]. Eu volto de novo ao assunto.
Tu deves estar achando estranho isso, não é? Me explico: saudade quer dizer
este anseio que nos faz levantar de todas as quedas, vencer todas as batalhas,
permanecer firme na caminhada mesmo quando o sonho parece desmaiar.
Essa procura voraz que existe em nós e
nos deixa de coração apertado só pode ser saudade de algo tão bom que, nem o
abismo que há entre céu e terra, faz esquecer. Deus - Ele plantou esta saudade
na gente, por isso bagunçamos tudo no intuito de reencontrá-lo.
[1] Pegadas de Tua ausência, Padre Fábio de Melo, Álbum: Marcas do
Eterno, 2003.
[2] Saudade, Nelsinho Corrêa, Álbum: Diácono Nelsinho Corrêa Ao Vivo, 2012
[3] Aprendi isso com São Francisco de Sales. Este homem
foi “uma testemunha exemplar do humanismo cristão; com o seu estilo familiar,
com parábolas que às vezes têm as asas da poesia, recorda que o homem traz
inscrita no profundo de si mesmo a saudade de Deus, e que somente nele encontra
a alegria autêntica e a sua realização mais completa" (BENTO XVI.
Catequese sobre São Francisco de Sales - 02 de Março de 2011).
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