Vida, quero te conhecer!


"Vida, quero te conhecer!" Estou dizendo isto à vida. Esta é minha postura. Neste ponto da montanha, entendi que nem tudo está ao meu alcance e que boa porcentagem de minha vida terminará num mistério insondável. Mas, sei também, que há um tanto que posso conhecer desde que ouse estender à mão ao destino e estar atento aos detalhes que os calendários e ponteiros dos relógios não registram.

Quero conhecer! Fui buscar o que diziam os sábios. Queria ter um norte. Deparei-me com os filósofos: Platão disse que conhecimento consiste de crença verdadeira e justificada; Aristóteles entendeu que era melhor dividí-lo em três áreas: científica, prática e técnica, assim saberíamos dizer de que conhecimentos falamos, o lendário Sócrates lembrou a todos que é preciso conhecer-se a si mesmo. Descartes, Bacon, Leibniz, Espinoza, Locke, Berkeley e Hume indicaram o racionalismo (supremacia da razão) e o empirismo (experiência como fonte de conhecimento) como formas eficientes e eficazes de conhecimento; voltei na história e degustei conceito de Sócrates: conhecer é dar à luz. Fui à Bíblia e encontrei uma repreensão:O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porquanto rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim (Oséias 4, 6).
 
Depois, tentei ver os conceitos sistematizados: o Racionalismo, Empirismo, Dogmatismo, Relativismo, Subjetivismo, Positivismo, Criticismo, Pragmatismo. Todos são correntes que tentam explicitar uma forma de conhecimento. A maioria afirma a primazia da razão, mas sabemos que se pode conhecer por sentimentos, intuição, sensação, fé. Mas este tipo de conhecimento não se demonstra logicamente, pois é preciso crer. Santo Anselmo, por exemplo, especificou que a conhecimento das coisas divinas é diferente das outras formas de conhecimento. Neste há a primazia da fé, é preciso “crer para compreender”. A fé não atrapalha o conhecimento, pois “quem ama e quem tem fé deseja conhecer” (Tomás de aquino). Conhecer é fazer a experiência de aderir, pela fé, à alguém  e a partir disto, entender como se dá esta verdade. O Conhecimento Científico tem outro caminho. Diz respeito às coisas estudadas metodicamente e compreendidas através de experiências e pode ser entendido como “acumulação de conhecimentos sistemáticos” (Goode e Hatt).

            Entendi, nesta investigação, que todo o desejo de conhecimento está enraizado na busca de uma razão e de um sentido para a existência. Chamamos esta razão e este sentido de verdade. Se sei que algo é verdadeiro, sei também, que posso apostar tudo o que tenho e sou nisto. A verdade seduz o ser humano, pois lhe confere poder. Não há certeza sem verdade, não há conhecimento sem verdade. A verdade liberta. A verdade é tudo. Mas, não é compreendida da mesma forma por todos. Eis, então, uma boa razão para a existência das várias correntes de conhecimento. E isto tudo que conheçi a respeito do conhecimento não me satisfez.

Para mim, todo conhecimento é fruto de um modo do homem se posicionar perante a existência e os mistérios que ela trás. É uma maneira de tocar o rosto da vida e roubar-lhe um sorriso. É, enfim, deixar que o secreto latente coração do universo nos fale sem constrangimento. Não conheço o conhecimento, mas conheço minha mãe, conheço meu amigo, conheço meus pensamentos, conheço versões da história. Nada conheço por completo, por isso não paro de conhecer. Mas quero fazer isto numa relação, de forma que a vida se mostre e me permita tocá-la.

Quero conhecer! E o quero para ser melhor. Creio na liberdade da verdade, no poder do conhecimento e sei da responsabilidade que lhe é intrinseca. Quero conhcer para ajudar. Quero conhecer para tatear minha própria existência. Não sei se saberei responder lógicamente às perguntas mais profundas feitas no desenrolar dos milênios, mas creio que, se há uma vocação comum há todos os homens da face da terra, esta é ao conhecimento. Vida, quero te conhecer!

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