Por causa de Deus, eu mudei


Por causa de Deus mudei meu conceito de justiça.
Quando eu pensava que era justo dar a cada qual o que merecia, Deus me fez ver que merecimento é uma categoria que, mesmo que eu o delimite em algum contrato, jamais poderei entendê-la. E que eu precisaria ser muito grande para dizer o que alguém merece ou não.

Por causa de Deus mudei minha compreensão de amor.
Quando eu pensava que amar era corresponder a um sentimento sempre crescente e forte em mim, Deus me fez ver que amar é uma opção, que não importa o grau dos sentimentos, se estão antes ou depois da opção, se me consomem ou me repugnam de alguém, amar é compromisso, responsabilidade. Amar é uma missão.

Por causa de Deus mudei minha definição de fé.
Quando eu pensava que fé era crer em absoluto Deus me fez ver que fé é crer no Absoluto e não em absoluto, necessariamente. Se creio no Absoluto, permaneço aberto a todos os meios que este Absoluto possa dispor para se revelar-se a mim, para socorrer-me, para ouvir-me e dispensar-me seu terno amor. Crer é um dom, mas não é superior ao dom de amar, por exemplo, por isso não é indispensavelmente necessário ter fé em absoluto.

Por causa de Deus mudei minha ideia de felicidade.
Quando eu pensava que ser feliz era estar em posse do supremo bem-estar, Deus me fez ver que isso cheirava mais à egoísmo do que realmente felicidade. A felicidade é ter uma razão para viver e estar envolvido, impelido por esta razão em todos os momentos do dia. Ser feliz é se importar com o sorriso no meu rosto, no rosto de quem eu amo, de quem eu preciso amar e com o sorriso de Deus, invisível aos olhos, mas certo pelo bem.

Por causa de Deus mudei meu modo de ver a mim mesmo.
Quando eu ora pensava ser importante demais ou ora pensava não ter importância, Deus me fez ver que eu pertencia a seu sonho. Deus me ensinou que fui gerado em seu amor e para o amor e que minha identidade dependia única e exclusivamente disso. Então eu entendi que não é sábio achar-se melhor que outrem, mas é sábio fazer de tudo para que o outro se sinta importante; que não é prudente achar-se indigno de Deus, pois Deus não cria indignos e não chama “filhos” quem não o mereça. Assim, amar-me é amar Deus em mim, um gesto tão digno como venerar Deus no próximo, como adorá-lo Nele mesmo. Sei também, que este amar-me não pode se sobrepor ao amor ao próximo, muito menos ao amor a Deus.

Por causa de Deus mudei minha compreensão sobre liberdade.
Quando eu pensava que liberdade era fazer o que estivesse na vontade, Deus me fez ver a responsabilidade que a liberdade traz ao ser humano, e que esta não permite tudo, embora tudo deva permitir a liberdade.

Por causa de Deus mudei meu jeito de viver.
Quando eu pensava que a vida era minha, Deus me fez ver que ela provinha Dele e a Ele retornaria. Um susto, uma surpresa, puro fruto da minha ignorância que insistia em não ver o que estava tão obviamente presente. A vida não é minha, é de Deus. Então preciso viver como quem tem que devolvê-la tão preciosa como quando a recebi.

Por causa de Deus mudei o meu jeito de mudar.
Quando eu pensava que mudar era transformar-me em outro, Deus me fez ver que era preciso mudar sempre para ser sempre o mesmo; que ser outro é uma ilusão, mas ser o mesmo de forma diferente e melhor, é a virtude que um homem pode alcançar. Assim estou mudando meu jeito de mudar. Cada encruzilhada da vida apresenta conversões distintas, cada uma delas nos coloca em percursos diferentes. Nestes percursos só tem sentido mudar se o mudar se ajustar à necessidade e qualificar a caminhada.

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