Eu te amo. Casa comigo!
Eu te amo. Casa comigo!
Era uma tarde comum de primavera.
Sentados debaixo daquela árvore, ao pé de uma montanha, o casal parecia mais
calado do que costumeiramente. A moça, estranhando o silêncio do seu namorado,
sempre disposto a falar coisas bonitas e contar histórias engraçadas, olhou-lhe
no fundo dos olhos e perguntou: “o que está havendo? Você está diferente. Seu silêncio
me deixa inquieta. Fiz alguma coisa que não gostou?”
Para
surpresa dela, ele nada respondeu. Mas abaixou a cabeça e começou a chorar
moderadamente. Ela, querendo resolver aquela situação inesperada, teve vontade
de arrancar-lhe uma resposta, mas resolveu também silenciar, mesmo sem
entender.
Passados
alguns segundos, o rapaz olhou-a com uma expressão ainda não conhecida por ela
e, trêmulo, lhe disse:
“EU TE AMO.
CASA COMIGO!”
Ela não pode
conter: uma lágrima escapou-lhe e um suspiro denunciou sua emoção. Não esperava
que ele fosse dizer isto. Então, foi ele que, diante da reação dela, sentiu um
desespero percorrendo suas veias. Por que ela havia silenciado, se antes estava
incomodada com o silêncio?
De repente,
o sol daquela tarde pareceu ter desaparecido. Eles não sentiam mais a grama,
nem a luz, nem os pássaros, nem a brisa da tarde, nem o tempo e o que mais
podia haver ali. E eles não entendiam porque as coisas estavam se desenrolando
daquele jeito.
“Por que
você fez desse jeito?”, indagou, ela.
“Desse
jeito, o quê?”, replicou, o rapaz.
“Por que
você pareceu titubeante antes de me pedir em casamento? Eu achava que seria o
dia mais feliz da sua vida, porque seria o da minha, mas você mostrou-se
diferente. Eu não te reconheço, assim.”
“Amor, hoje
é o dia mais feliz da minha vida, sim!”, disse, o rapaz. “É tanta alegria que
ainda não aprendi a administrar. Cada dia que fui me aproximando de você, fui
me sentindo o homem mais realizado do mundo. Houve momentos em que me senti
muito pequeno para conter tanta felicidade. Este momento é tão especial, meu
amor, que eu me vi desconcertado. Eu te amo. Casa comigo!”
“Meu amor,
eu também te amo. Embora sempre esperasse, não achei que seria hoje que me
faria este pedido. Tenho vontade de ir morar contigo agora mesmo. Mas temo e
não sei se estou pronta.”
“Teme o que,
amor?”
“Temo não te
amar a ponto de fazer-te feliz. Temo não viver este casamento como Deus quer.
Temo...”
“Amor!”, interrompeu
ele. “Entende agora porque eu titubeava antes de te pedir a mão? Não era por
não saber se te amava, mas porque eu também temo as mesmas coisas. Entretanto,
acredito que nosso amor é um dom e creio que Deus vai nos ajudar. Se um dia
brigarmos, se a paixão diminuir, se nos decepcionarmos um com o outro, não
estaremos sozinhos, pois teremos um ao outro e teremos Deus”.
“Será que
Deus quer o nosso casamento?”
“Se ele quis
o nosso amor, quererá também nosso casamento. Não acha?”
Enxugando o
rosto com o braço e matizando um leve sorriso, disse a moça:
“Sabe que eu
compreendo o casamento como uma missão, uma missão que Deus dá à duas
pessoas?”.
“Eu penso
assim também, meu amor. E foi por isso que decidi casar contigo. Eu estava
pensando que teríamos filhos e que Deus quer amar nossos filhos através de nós.
Isso é lindo demais!”
“Querido,
não me faça chorar de novo”, disse ela, rindo timidamente.
“Mas se for
para banhar o rosto com estas coisas tão bonitas, não vejo motivo para
evitarmos, querida”.
Os dois
pareciam estar tão conectados quanto o vento às árvores, o perfume às flores, a
luz ao sol.
“Um dia ouvi
minha vó dizer que, quando duas pessoas dizem-se o seu sim na presença de Deus
e diante do altar, Deus busca ser um sinal de amor para o mundo no amor deles.
Eu queria que fosse assim, conosco!”, comentou a moça.
“Eu sempre
soube que Deus ama todo mundo como se todos fossem sua esposa. Então, quando um
homem ama uma mulher e uma mulher ama um homem e os dois amam a Deus, pelo
matrimônio, são sinal do amor de Deus para sua Igreja, para o seu povo.”
“Pense num
compromisso, hein?!”... Riram, ambos.
De novo, o
silêncio veio sentar-se no meio deles. De cabeça baixa, os dois sorriam. Até
que o jovem disse: “vamos continuar falando em teologia ou você vai me dar sua
resposta?” Ela riu e lhe deu um beijo, abraçou-lhe o pescoço e, mirando-lhe nos
olhos, inspirando profundamente, disse:
“EU TE AMO. CASA COMIGO!”
“Só se for para sempre!”, disse ele.
P.S. Nenhum
amor foi concedido a alguém para terminar em si mesmo ou numa segunda pessoa,
apenas. O amor é o dom da felicidade plena. O amor é uma missão. O amor é uma opção.
Este casal, ao pé do monte, conseguiu dialogar sobre o que estavam prestes a
abraçar para sempre. Optaram por uma união Sacramental, convidaram para sua
vida a Igreja, deixaram as portas abertas para Deus. Se souberem viver como
escolheram, nunca serão infelizes, nem se separarão. Quando parecer difícil
encontrar em Deus a força, e a força de Deus comunicarão um ao outro, bem como,
a todos quanto precisarem.
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