Apresentação do Senhor


A festa da Apresentação do Senhor, como todas as festas cristãs, é uma festa de amor. “Deus amou tanto o mundo que enviou seu filho único para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna.” Maria e José se amaram tanto que nada vida deles houve espaço para uma criança vinda do céu numa hora inesperada. Maria e José amaram tanto a seu filho Jesus que o quiseram inserir no seio de sua fé apresentando-o no Templo. Quem ama transmite a fé, essa é um das mais antigas tradições entre os homens. A profetisa Ana e o Velho Simeão amaram tanto que permaneceram fieis até o dia em que o Senhor foi manifestado a eles. Ana e Simeão amaram tanto que não esconderam a verdade sobre Jesus. Falaram ao povo e falaram à mãe quem seria aquele menino. Maria amou tanto que não jogou fora nenhuma daquelas palavras, ainda que lhe fossem duras, mas as guardou no coração (Cf. Lucas 2, 22-40). A festa da Apresentação do Senhor é uma festa de amor.
Nossa vida tem sido tecida pelo que? Há amor o suficiente para sermos firmes? Quando a espada da dor transpassar o nosso coração, dele vai sair o que: rancor, ódio, ressentimento? Quando a espada de dor transpassou o coração de Maria fez jorrar amor e confiança em Deus. Por isso ela significa tanto para nós. Maria confiava em Deus e em seu divino amor de forma que toda a vida dela era como um único momento marcado pela união a Deus (Cf. São Francisco de Sales).
Muitos de nós, caros irmãos, por termos fé e cumprirmos com os preceitos de nossa Igreja nos achamos no direito de cobrar de Deus que tudo saia da forma como gostaríamos. No entanto, Maria, a primeira entre todos nós, como Mãe e discípula predileta de Jesus não arreda o pé de seu caminho nem pede a Deus uma vida tranquila ou sem perturbações. Ela leva o filho ao Templo para que ele seja, assim como todos os primogênitos judeus, consagrado no coração de sua religião, consagrado a Deus. Isto é amor, isto é fé, isto é confiança!
A espada da dor, em última instância, era a realidade humana da morte. Não sabemos se Maria entendeu isso naquela hora, mas sabemos que ela entendeu que poderia ser isto quando Jesus confrontou os poderosos que oprimiam o povo. Guardou tudo no coração como sábia mulher que faz das preocupações uma oração iluminadora. E porque ela não jogou fora o que Ana e Simeão lhe disseram, ela conseguiu estar de pé aos pés da Cruz. Maria transformou a espada de dor em foice e arado que ajudaram a cultivar a terra de seu coração e a colher amor na lavoura/campo de sua vida. Ela entendeu o que era o amor de Deus e amou sem limites mesmo quando não tinha razões para isto.
Amor tão grande! Amor tão forte!
Amor suave! Amor sem fim!
Que a própria morte transforma em vida.
Abraço eterno de Deus em mim.
Nem as torrentes das grandes águas
Conseguirão apagar este amor.
Pois suas chamas são fogo ardente.
Mais do que a morte é tão forte esse amor. (Suely Façanha).
Sim, o amor de Maria e o amor de Deus se tornaram um só. Ele era e é mais forte do que a morte (cf. São Francisco de Sales). O amor nunca morre. O amor é certeza de que há vida eterna. Quem ama não duvida. O amor não é egoísta nem fica jogando a culpa em todo mundo. O amor é feito de entrega e de confiança. Não era justo que Jesus morresse daquela forma, que o menininho do Templo fosse parar numa cruz. Mas Maria, ciente de que Jesus estava certo, estava cumprindo sua missão, não se revoltou contra Deus, mas tornou-se um baluarte de seu amor para com o filho na Cruz. Se Jesus, numa hipótese teológica, tivesse sentido a ausência de Deus Pai na cruz, pois ele disse “Pai porque me abandonastes?”, a mãe supriu essa falta. Jesus não disse: “Mãe, porque me abandonastes?”, mas disse para nós, sim, não abandonarmos ela, “leva ela pra casa”, e para ela não abandonar a gente, “eis aí o teu filho”. Deus Pai não abandonou Jesus na cruz, nem Maria. Deus não pode intervir, nem Maria. Jesus precisou ter fé no Pai, mas na mãe não, porque ela, humana como nós, estava ali. Não podia mudar o destino, mas podia fortalecer para vencer a dor. A espada estava em seu coração, mas ele sangrava amor.
A festa da Apresentação do Senhor é uma festa de amor. O Menino Jesus está crescendo dentro do Ano Litúrgico. Precisamos crescer com o amor que Ele nos trouxe. Do nosso lado está Maria; e de pé. Ela nos ajuda a viver as preocupações do cotidiano com amor e confiança em Deus. Aprendamos a levar nossos filhos ao Templo, à Igreja. Mesmo que a Igreja não prometa vida fácil e cruz mais leve para ninguém, é aqui que se conhece a verdade e é aqui que se recebe a força para suportar as espadas que ferem nossos corações. A festa da Apresentação do Senhor é uma festa de amor. Que o Senhor nos conceda, hoje e sempre, o seu divino Amor, a caridade que não esmorece nunca e a confiança Nele que nos faz fortes em toda e qualquer batalha. Assim seja. Amém!

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