Apresentação do Senhor

Nossa vida tem sido tecida pelo
que? Há amor o suficiente para sermos firmes? Quando a espada da dor
transpassar o nosso coração, dele vai sair o que: rancor, ódio, ressentimento?
Quando a espada de dor transpassou o coração de Maria fez jorrar amor e
confiança em Deus. Por isso ela significa tanto para nós. Maria confiava em
Deus e em seu divino amor de forma que toda a vida dela era como um único
momento marcado pela união a Deus (Cf. São Francisco de Sales).
Muitos de nós, caros irmãos, por
termos fé e cumprirmos com os preceitos de nossa Igreja nos achamos no direito
de cobrar de Deus que tudo saia da forma como gostaríamos. No entanto, Maria, a
primeira entre todos nós, como Mãe e discípula predileta de Jesus não arreda o
pé de seu caminho nem pede a Deus uma vida tranquila ou sem perturbações. Ela
leva o filho ao Templo para que ele seja, assim como todos os primogênitos
judeus, consagrado no coração de sua religião, consagrado a Deus. Isto é amor,
isto é fé, isto é confiança!
A espada da dor, em última
instância, era a realidade humana da morte. Não sabemos se Maria entendeu isso
naquela hora, mas sabemos que ela entendeu que poderia ser isto quando Jesus
confrontou os poderosos que oprimiam o povo. Guardou tudo no coração como sábia
mulher que faz das preocupações uma oração iluminadora. E porque ela não jogou
fora o que Ana e Simeão lhe disseram, ela conseguiu estar de pé aos pés da
Cruz. Maria transformou a espada de dor em foice e arado que ajudaram a
cultivar a terra de seu coração e a colher amor na lavoura/campo de sua vida.
Ela entendeu o que era o amor de Deus e amou sem limites mesmo quando não tinha
razões para isto.
Amor tão
grande! Amor tão forte!
Amor suave!
Amor sem fim!
Que a própria
morte transforma em vida.
Abraço eterno
de Deus em mim.
Nem as torrentes
das grandes águas
Conseguirão
apagar este amor.
Pois suas
chamas são fogo ardente.
Mais do que a
morte é tão forte esse amor. (Suely Façanha).
Sim, o amor de Maria e o amor de
Deus se tornaram um só. Ele era e é mais forte do que a morte (cf. São Francisco
de Sales). O amor nunca morre. O amor é certeza de que há vida eterna. Quem ama
não duvida. O amor não é egoísta nem fica jogando a culpa em todo mundo. O amor
é feito de entrega e de confiança. Não era justo que Jesus morresse daquela
forma, que o menininho do Templo fosse parar numa cruz. Mas Maria, ciente de
que Jesus estava certo, estava cumprindo sua missão, não se revoltou contra
Deus, mas tornou-se um baluarte de seu amor para com o filho na Cruz. Se Jesus,
numa hipótese teológica, tivesse sentido a ausência de Deus Pai na cruz, pois
ele disse “Pai porque me abandonastes?”, a mãe supriu essa falta. Jesus não
disse: “Mãe, porque me abandonastes?”, mas disse para nós, sim, não
abandonarmos ela, “leva ela pra casa”, e para ela não abandonar a gente, “eis
aí o teu filho”. Deus Pai não abandonou Jesus na cruz, nem Maria. Deus não pode
intervir, nem Maria. Jesus precisou ter fé no Pai, mas na mãe não, porque ela,
humana como nós, estava ali. Não podia mudar o destino, mas podia fortalecer
para vencer a dor. A espada estava em seu coração, mas ele sangrava amor.
A festa da Apresentação do Senhor
é uma festa de amor. O Menino Jesus está crescendo dentro do Ano Litúrgico.
Precisamos crescer com o amor que Ele nos trouxe. Do nosso lado está Maria; e
de pé. Ela nos ajuda a viver as preocupações do cotidiano com amor e confiança
em Deus. Aprendamos a levar nossos filhos ao Templo, à Igreja. Mesmo que a
Igreja não prometa vida fácil e cruz mais leve para ninguém, é aqui que se
conhece a verdade e é aqui que se recebe a força para suportar as espadas que
ferem nossos corações. A festa da Apresentação do Senhor é uma festa de amor.
Que o Senhor nos conceda, hoje e sempre, o seu divino Amor, a caridade que não
esmorece nunca e a confiança Nele que nos faz fortes em toda e qualquer
batalha. Assim seja. Amém!
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