Cavar onde vale a pena

Antigamente, havia um critério quase sempre comum para as pessoas decidirem onde iriam morar, construir seu vilarejos e cidades. Era a do acesso à água. Às vezes se encontrava uma nascente que jorrava. Noutras era preciso encontrar um lugar onde pudesse se encontrar água no subsolo, cavar um poço e, depois de confirmado a suspeita, construir história naquele lugar.
Nesta tarefa de cavar poços havia sempre a possibilidade de cavar em lugar errado ou mais difícil. Muitas vezes se acertava em cheio. Um metro, dois, e aí se encontrava água limpa e fresca, em abundância. Mas também acontecia de se precisar ir mais fundo, trabalhar mais. E havia aquelas escavações que só encontravam pedras, troncos ou que terminavam em lajes. Para o serviço braçal a lajes significava o fim. Era preciso cavar em outro lugar. Errar a escavação era motivo de tristeza. Era preciso achar o lugar certo. Uma vez achado, a água límpida e saciadora seria encontrada. Era questão de cavar no lugar certo.
Meus bons amigos, esta metáfora que busquei pode nos ensinar algo. Somos pessoas sempre com sede. Sede de paz, de alegria, de bem estar, de amor e de liberdade. Esta sede nos leva a cavoucar em muitos lugares de nossa história existencial. Pode ser uma boa atitude, mas assim como a questão dos poços de água que a força braçal procurava, a questão está em ir ao lugar certo.
Grande parte das pessoas se acostumou a cavoucar justamente nos pontos doloridos de suas vidas. Nunca estão saciadas. Nunca encontram a água que procuram. Mágoas, ressentimentos, decepções são pedras, são lama, troncos apodrecidos, mas nunca fonte de saciedade.
Já outras, aprenderam a cavar em situações bonitas da vida, em coisas que deram certo. Se a sede está muito grande, lá vão cavoucar num momento de sua história onde valeu a pena lutar. Cavoucam em lugares que parecem férteis, umedecidos por alguma esperança, em lugares que os sinais são positivos. Resultado: saciam sua sede de entusiasmar-se novamente com sua missão. Acertaram o lugar. Encontraram água abundante, ainda que no início só aparecesse um filetinho de água. Podem seguir construindo sua história, podem construir seu “rancho” seu “lar”.
Onde estou cavando quando sinto sede de vida plena, de vida realmente feliz e satisfeita? Pergunte-se. E se você se descobrir cavando em lugares que só te oferecem lembranças doloridas, onde há palavras duras como pedras, imagens felpudas como troncos rachados, onde as coisas se mostraram muito sujas, por favor, mude de lugar.
Vá cavar onde vale a pena! Busque na tua história ou nos teus projetos as coisas que são boas, lembranças que te animem, acontecimentos que te ensinaram o bem. Cave em busca das palavras que te empolgaram, te consolaram, te desfiaram. Não cave aquelas palavras que magoaram. Não cave nas lembranças negativas. Elas desenterrarão mais e mais coisas podres. Cave onde há amor, onde há esperança e onde há fé. E tua sede será saciada, ainda que lentamente.

Busque a água da vida no lugar certo e o lugar certo é onde as coisas estão certas. Desta água pode-se beber sempre e sem medida. Feliz cavação! Se me convidar para experimentar da água de teu bom poço, pode ter certeza, irei aceitar com prazer. Abraços!

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