Você vai se casar?


Uma das tarefas de um religioso é ajudar as pessoas a discernirem durante o caminho de sua vida. O religioso é aquele amigo-irmão que, à luz da Palavra de Deus, vai oferecendo sinalizações para que boas decisões sejam tomadas pelos amigos-irmãos que lhe procuram. Quero, neste artigo, apresentar algumas ideias sobre o Matrimônio, mais especificamente sobre a decisão de estabelecer laço matrimonial com alguém. Aqui fica um pouco do que partilho com os amigos-irmãos que me buscam no intuito de ter mais luz para decidir por uma vida a dois e sob a benção de Deus. Como é gostoso conversar com uma pessoa apaixonada que quer arriscar no amor que tem e sente correspondido por outro alguém!

Vejam bem, por mais óbvio que pareça, preciso repetir que para casar é preciso amar, e amar muito. Sim, é preciso ter um que busca o outro, que se sente grande a ponto de ser suficiente na partilha de tudo o que a vida exige. Um amor mútuo, recíproco, sentimental, destemido, simples, duradouro e fiel. Acima de tudo, um amor que aceite crescer, aprender e melhorar. Sabe, amigos, o amor, embora dom, é coisa de gente, por isso está suscetível ao bem e ao mal. Amor também adoece, amor também diminui, também esfria, se fecha e pode até ser morto. É triste dizer isto, mas é verdade. Por isso verdadeiro amor aceita crescer, aceita aprender e melhorar. Se não há estes propósitos fica difícil construir uma vida feliz a dois. O namoro é tempo em que estas coisas vão sendo vistas, uma por uma, de modo carinhoso e sério.

 Depois de algum tempo de namoro e noivado, a pergunta que faz pensar muito ronda os sonhos: “será que a hora de casar?” Só você e a pessoa que você ama podem responder. Mas há, sim, algumas pistas para saber e decidir. São três perguntas que faço: Você sente que fará a diferença na vida dela?; Ela fará a diferença em tua vida, hoje e todos os dias?; Você sente paz quando está com ela e quando imagina sua vida inteira em sua companhia. Responder estas três perguntinhas podem iluminar a decisão. Amigos, quando se vai casar é preciso que, tanto ele quanto ela, tenha claro se poderá comprometer-se e poderá cooperar para com a felicidade um do outro, ajudar-se a ser melhor, ser essencial um na sua jornada do outro. Só case se você fizer a diferença na vida dessa pessoa. O mesmo deve ser manifesto por ela. A outra pessoa tem que ser alguém que fará a diferença em sua vida, que cooperará com sua felicidade, ajudá-lo-á a ser melhor e será essencial em sua vida. Se estes dois critérios são preenchidos, há um terceiro que ilumina: é o sentimento de paz. Se você se sente em paz com essa pessoa e as demais relações que você conserva permanecem na justa paz, então é preciso arriscar e dizer sim a unidade até a morte com esta pessoa. Quando estamos com alguém e a inquietude nos rouba, não há espaço para a paz, então é melhor rever esta relação. Casamento, quando levado a sério, é algo para a vida toda, porque o amor não é produto com prazo de validade. Amor é dom.

Depois disso é preciso ser consciente de que uma relação de casal nem sempre acontece como se sonhava. O sonho tem suas nuances de sonho e a vida as suas surpresas próprias de vida. A relação de um casal está imersa na realidade humana tanto do homem como da mulher, e esta realidade não é estática. Da mesma forma o amor de dois amantes não é sempre ascendente e contínuo. Tem os seus declínios e ascensões, as suas aceleradas e frenadas; às vezes despenca, às vezes eleva; o importante é que nunca se rompa. Para alguns parece mais fácil, para outros, mais difícil; pouco importa. Se é amor, foi feito para vencer. É a esta confiança que se devem apegar.

Outra coisa importante é compreender que o amor é algo novo e diferente em cada pessoa. Tanto cada homem como cada mulher possui um modo muito próprio de amar. Ninguém ama nem demonstra amor como o outro. Cada um ama como pode e como é capaz. Quando duas pessoas vão se casar uma das certezas que precisam alimentar é a de que o amor necessário para ambos é justamente aquele que um pode oferecer ao outro, e isto basta.

Caros amigos, rezar também ajuda. E como ajuda! Deus quer cooperar neste discernimento. Converse com Ele, converse com a pessoa amada, converse com quem pode ajudar. Deus quer assim. Coloquem esta decisão no coração de Deus e Ele iluminará vossa mente e vosso coração.

A conversa está gostosa, mas sinto que já se prolonga quase demasiadamente. Então vou concluir. Amigo, você vai casar? Então escolha quem te faz sorrir, escolha quem te ama e tem paciência contigo. Escolha quem é mais bonito quando te abraça do que quando os outros falam nele. Escolha quem é mais elegante quando te ouve e te corrige, do que quando vai a uma festa. Escolha alguém que é mais forte quando lhe olha, do que quando fala de si ou se aventura em peripécias. Escolha quem sabe estar perto e sabe ficar longe, quem curti tua família, mesmo que não goste de algumas coisas. Escolha não quem se apresenta como plenamente destemido, mas quem se compromete a enfrentar os medos em sua companhia. Escolha quem está disposto a fazer do matrimônio uma missão e não apenas uma satisfação de uma necessidade antropológica. Escolha quem saberá te perdoar, pois você não vai acertar sempre. Escolha quem saberá partilhar tudo o que juntos conquistarem, quem deseja ser família. Escolha quem possa ser bom pai ou boa mãe, além de bom companheiro/a. Escolha quem deseja, se compromete e pode te amar na tristeza e na alegria, na saúde e na doença, na pobreza e na riqueza, todos os dias de suas vidas até que a morte vos separe. Escolha quem escolheu Deus para viver na casa de vocês se vocês casarem. Escolha por amor, com amor, no amor e para amar... e para amar.

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