Deus é Jovem - resumo do livro entrevista com o Papa Francisco
O livro é uma entrevista que o jornalista e escritor Thomas Leoncini realizou com o Papa Francisco a respeito da Juventude. Está dividido em três partes: 1ª Jovens profetas e velhos sonhadores, 2ª Neste mundo, e 3ª Ensinar é aprender.
A primeira pergunta da entrevista é sobre o que é a juventude, ao que o Pontífice responde não existir a juventude nem a velhice, mas os jovens e os velhos. Ser velho é um privilégio do qual todos devem se orgulhar, jamais ter vergonha. Diz o papa: “nos deixamos dominar pela cultura do adjetivo, sem o suporte do substantivo” (p.20), ou seja, qualifica-se uma idade sem de modo positivo ou negativo sem pensar realmente no que estamos adjetivando. A idade traz o substantivo. A juventude é um substantivo, mas que está se fazendo ainda.
A primeira pergunta da entrevista é sobre o que é a juventude, ao que o Pontífice responde não existir a juventude nem a velhice, mas os jovens e os velhos. Ser velho é um privilégio do qual todos devem se orgulhar, jamais ter vergonha. Diz o papa: “nos deixamos dominar pela cultura do adjetivo, sem o suporte do substantivo” (p.20), ou seja, qualifica-se uma idade sem de modo positivo ou negativo sem pensar realmente no que estamos adjetivando. A idade traz o substantivo. A juventude é um substantivo, mas que está se fazendo ainda.

Hoje temos jovens que “nasceram e
cresceram na nesta sociedade que fez da cultura do descarte o seu paradigma por
excelência (p.29). Eles não têm culpa, por isso precisamos ajudá-los a entender
seu tempo. “Penso que devemos pedir perdão aos jovens porque nem sempre os
levamos a sério” (p.30): eles precisam de trabalho que é “alimento para a
alma”, emprego para ter a dignidade, ganhar seu dinheiro, evitando “a ânsia de
acumular” (p.30). Acontece que o mundo os quer usar, quer manipular seus sonhos
e seus potenciais. “Os jovens nos pedem para ser ouvidos, e temos o dever de
escutá-los e acolhê-los, e não de explorá-los. Não existem desculpas para isso”
(p.32).
Para não ser vítima da dinâmica do
descarte é preciso coragem e ousadia conjugada com a paciência. Por isso o
jovem precisa reagir contra essa incultura instaurada: “a coragem nunca deve
ser confundida com a inconsciência, que é uma amarga inimiga da coragem”
(p.34). Conscientes, os jovens podem enfrentam quem os desumaniza. E serem
livres, inteiros, genuínos.
Se queremos que os jovens se sintam no
centro do projeto é preciso permitir “que se tornem protagonistas” (p.35), não
meros “turistas da vida” que assistem e assumem o roteiro dos adultos. É preciso
dialogar com eles, mas não impondo nosso modo de ver as coisas: “se quisermos
conversar com um jovem, devemos ser móveis, e então ele vai diminuir a
velocidade para nos ouvir; é ele quem tomará essa decisão... Ambos se esforçarão:
os mais jovens para andar mais devagar, e os mais velhos para apressar o passo”
(p.35).
“Os
jovens de hoje estão crescendo em uma sociedade sem raízes”, quer dizer, “uma sociedade
composta por pessoas, famílias, que estão pouco a pouco perdendo seus laços,
aquele tecido vital tão importante para sentirem-se parte uns dos outros,
participantes com outros de um projeto comum” (p.38). Para salvar a sociedade desenraizada
“jovens e idosos devem conversar uns com os outros” (p.40). “A salvação dos
idosos é dar aos jovens a memória... e a dos jovens é pegar essas lições, esses
sonhos, e levá-los adiante com a profecia... os velhos sonhadores e os jovens
profetas são caminho da salvação desta nossa sociedade desenraizada: duas gerações
de descartados podem salvar a todos” (p.41).
A ideia de mercado e da sociedade
hedonista ínsita as gerações a competição. Mas não deve haver rivalidades entre
adultos e jovens, nem mesmo pais competindo com os filhos, nem velhos que
queiram apagar as rugas de tantos encontros, alegrias e tristezas. O caminho
não é a competição, mas o serviço uns aos outros. A competição para quem serve
mais o outro é a única que deve existir (p.44-47).
Ao responder sobre a questão do poder, o
Papa diz que, quem tem o poder, tem o dever de servir. Essa é a razão do poder
existir. Há quinze doenças que, então, essas pessoas precisam livrar-se: 1)
sentir-se imortal ou indispensável; 2) Martalismo, que é o excesso de atividade
como Marta no Evangelho; 3) o endurecimento mental e espiritual, trata-se da
pessoa ter um coração de pedra e ser “cabeça dura”; 4) exagerada organização e funcionalidade
que quer que tudo saia meticulosamente como planejado; 5) má coordenação, como
se o pé dissesse ao braço “Eu não preciso de você” causando desconforto e
indignação”; 6) Alzheimer espiritual que
é o esquecimento do que Deus fez e faz em sua vida; 7) rivalidade e vanglória;
8) esquizofrenia existencial, que consiste na vida dupla, hipócrita; 9) murmúrio
e fofoca; 10) divinizar os chefes; 11) indiferença em relação aos outros; 12)
cara de enterro; 13) “comprar por comprar”, o consumismo; 14) círculos fechados
que não se abrem ao outro nem a Cristo; 15) benefício mundano, exibicionismo,
quando o serviço vira poder e o poder torna-se benefício a si próprio
(p.47-53). Outra doença muito séria é “a incapacidade de sentir culpa” (p. 54)
que demonstra total ausência de humanidade. O medo de sentir dor também é ruim.
A dor nos ensina e pode até nos ajudar a mudar.
Perguntado sobre o número crescente de
jovens que procuram a cirurgia plástica para mudar algo em si, Francisco
responde que “quando um jovem faz cirurgia plástica está procurando “adequar-se
aos padrões da sociedade e não acabar entre os resíduos a serem descartados;
pelos menos eles tentam prolongar a ilusão de serem protagonistas” (p.56). Mas
na frente ele retoma o assunto e diz: a plástica,
as drogas e outras coisas ruins são a resposta do jovem fraco ao seu não saber
e não ser capaz de tornar-se como exigem os padrões da sociedade (p.117). E
aprofunda a questão da drogadição: “Quem se droga sempre foge, constrói um
mundo para escapar. Busca e aceita um mundo falso, de ilusões, um mundo
estranho à realidade” (p.119). Não é fácil ao jovem fazer parte desta nossa sociedade
“tão líquida e cheia de começos sem fim” (p.59).
No decorrer da entrevista o papa afirma
aquilo que, com sua própria letra, tornou-se o título do livro: “Deus é Aquele
que sempre renova, porque Ele é sempre novo: Deus é jovem! Deus é o Eterno que não tem tempo, mas é capaz de
renovar, rejuvenescer-se continuamente e rejuvenescer tudo. As características
mais peculiares dos jovens também são Suas. Ele é jovem porque ‘faz todas as
coisas novas’ e ama a novidade; porque se encanta e ama o êxtase; porque sabe
sonhar e deseja os nossos sonhos; porque é forte e entusiasmado; porque
constrói relacionamentos e nos pede para fazer o mesmo, é social” (p.67).
Na segunda parte o entrevistador conduz o
Papa com perguntas referentes às mudanças climáticas, crise ambiental, armas nucleares,
migrantes, o mal, a misericórdia. Francisco não hesita em responder que a economia
e a política devem trabalhar juntas para cuidar do nosso ecossistema. Também afirma
categoricamente: “Penso que as armas nucleares devem ser imediatamente
destruídas” (p.87). Precisamos sair da incultura que destrói para termos uma
cultura, cuja característica principal é promover a harmonia (p.89). Quando há
jovens que veem o estrangeiro, por exemplo, como pior mal, precisamos
desafiá-lo ao diálogo que é fecundidade, pois “permite-nos conhecer realmente o
ser humano no mais profundo” (p.93). Quando eu vejo um migrante, penso: “por
que eles e não eu? E novamente repito para mim mesmo: por que eles e não eu?
Todos nós poderíamos estar em seu lugar: devemos sempre nos colocar na pele do
outro; aprendamos a usar os seus sapatos, a pensar como seria se não tivéssemos
nem mesmo o dinheiro para comprar sapatos” (94-95). “Cada ser humano descartado
é uma derrota para toda a humanidade” (114).
Ao ser perguntado sobre a ansiedade e
depressão na juventude, responde: “Deus quer que os jovens tenham uma missão. A
cura da ansiedade e da depressão para nossa pela própria missão. ... os jovens
são os profetas mais importantes do mundo... eles têm que ‘sujar os pés’ nas
estradas, estar entre outros jovens que precisam de um sentido para a vida e ajudá-los”
(p.102).
Sobre o mal, ele aponta três principais
razões: ganância, vaidade e orgulho (p.104). E sobre misericórdia, diz que é a
mensagem mais forte do Senhor (p.124). Ele a manifesta sempre: “a única coisa
que pode nos separar temporariamente de Deus é o nosso pecado. Então, mais uma
vez, somente nós podemos decidir nos separar de Deus. Ele nunca decide Se separar
de nós. Mas, se reconhecemos nosso pecado e o confessamos com arrependimento
sincero, esse pecado se torna um lugar de encontro com Ele: porque Ele é
misericórdia e nos espera exatamente ali” (p.125-126).
Chegamos à terceira parte. A entrevista
segue com perguntas sobre educação de crianças, adolescentes e jovens.
Quando vejo uma criança, confessa o papa, “vejo
ternura, e onde há ternura não pode entrar a destruição” (p.129). Aos pais ele
diz: “se falamos sobre as características que nunca devem faltar aos pais,
digo: ternura, predisposição à escuta, sempre levar os filhos a sério e acima
de tudo o desejo e a capacidade de ‘acompanhá-los’ (p.131). Acompanhar é de
suma importância. Acompanhar, mas não viver o que é dos filhos, acompanhar e
amparar.
Educar significa, “acima de tudo,
dialogar, fazer triunfar o pensamento dialógico... não existe educação
unidirecional, mas apenas educação bidirecional” (p.134). “Precisamos levantar
a bandeira do diálogo, e do diálogo construtivo entre jovens e idosos” (p.141).
Também, é muito urgente que aqueles que se ocupam da educação procurem
harmonizar as três linguagens da verdadeira cultura pensamento, sentimento e
ação: “Pense naquilo que você sente e faz”; “Sinta aquilo em que você pensa e
faz”; “Faça aquilo que você pensa e sente” (p.145). O papa ainda pede para
ajudarmos os jovens a crescer com saudável anticonformismo e a conectar-se com
suas raízes, que são sua história, sua origem (146-147).
Para
Francisco, as características que nunca podem faltar a um jovem é o entusiasmo
e a alegria; mas também não menos importante é o senso de humor, a coerência e
a fecundidade (p.154-156).
Sua última palavra as jovens, mas não só a
eles, é: “não tenham medo da diversidade e da fragilidade que vocês sentem; a
vida e única e irrepetível, e vale por aquilo que ela é em si mesma. Deus nos
espera todas as manhãs quando acordamos para nos dar de novo esse presente. Cuidemos
dele com amor, gentileza e naturalidade” (p.157).
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