Teatro Santa Joana de Chantal


Santa Joana de Chantal

A história é apresentada em dois cenários. Um mostra as cenas da vida de Joana de Chantal. O outro mostra o tribunal da canonização de Joana de Chantal. [1] No tribunal está um cardeal[2], uma Visitandina[3], um padre[4] e um cerimoniário[5]. E, por fim, o padre Postulador da Causa de Canonização[6]. Este é o narrador da história.[7]
Abre-se a cena, no Tribunal Eclesiástico, que será chamada “NARRAÇÃO”.

NARRAÇÃO 1 – O Postulador apresenta a biografia de Joana de Chantal.

Cardeal: Depois de termos ouvido todos os depoimentos em referência à Joana Francisca Frémyot, baronesa de Chantal e Visitandina de Santa Maria, o Vaticano pede que se faça agora a apresentação final da biografia da imputada, de forma que tenhamos os elementos necessários para nos pronunciarmos positiva ou negativamente em razão do seu processo de canonização.
Com a palavra, o padre Postulador.

Postulador: Eminência Reverendíssima, desejo apresentar a síntese da vida de Joana de Chantal, cuja santidade desejamos ver reconhecida pela Igreja.
Joana Francisca Frémyot de Chantal, fundadora da Ordem da Visitação de Santa Maria, nasceu em Dijon, França, no dia 23 de janeiro de 1572 e morreu com 69 anos, aos 13 de dezembro de 1641.
Seus grandes dotes foram: o senso prático, a inteligência, a agilidade e uma grande capacidade administrativa; a piedade, que a fez mestre de oração e de contemplação; e a fortaleza interior, capaz de suportar inúmeras perdas e encarar todo tipo de adversidades.

CENA 1 – JOANA DE CHANTAL, ESPOSA MÃE E ADMINISTRADORA

Entra Cristóvão[8] e coloca uma flor[9] no centro da sala, como um esposo apaixonado. Após, entra Joana.
Música: Foi Deus (Edson e Hudson)

Cristóvão: Bem-vinda, minha esposa, ao Castelo de Bourbilly. Agora és a baronesa de Chantal.
Joana: Cristóvão, agora somos uma família, eu com apenas 20 anos e você com 27. Em nossa casa haverá organização, oração e paz.
Cristóvão: Sim, minha esposa, será desse jeito. Mas muitas vezes você terá que ficar sozinha, pois sou um soldado do rei. Quero que você administre nossa casa e nossas propriedades. Desde que mamãe morreu, as coisas não andam bem. Temos dívidas e problemas. Confio tudo a você.
Cristóvão dá um beijo na fronte de Joana. Saem de mãos dadas.

NARRAÇÃO 02 – O Matrimônio

Ela é chamada a “Dama perfeita” pelo senso prático que revela ao sanar os negócios endividados que lhes são confiados, mas sobretudo pelo fervor de sua fé.
Cristóvão e Joana constituíram um matrimônio feliz, tiveram seis filhos, dos quais dois morreram ao nascer. Desde então, ela amava os pobres que vinham à entrada do castelo onde eram servidos cada dia pela Baronesa. Apaixonadamente enamorada de seu marido, Joana é despedaçada quando ele morre em 1601, após um acidente de caça. Ela tem 28 anos de idade, um filho e três filhas.

CENA 02 – VIUVEZ, VOTO DE CASTIDADE E VISÃO DO SEU DIRETOR ESPIRITUAL

Entra Joana de Chantal e Cristóvão de Rabutin-Chantal com os quatro filhos[10].

Música: Ilumina, Ilumina (Pe. Zezinho)

Joana: Meu amor, eu quero que você não vá à essa caça. É perigoso, as crianças precisam de você.
Cristóvão. Joana, minha querida, eu tenho que ir. Há tempos meu primo insiste nessa caçada.
Joana: Não quero brigar, Cristóvão. Mas meu desejo é de que você não vá.
Cristóvão. Tchau, minha amada Joana. Deus lhe abençoe, Celso Benigno! Cuida da mamãe. Deus lhe abençoe, Maria Amada. Cuida da sua maninha. Deus te abençoe, princesa Francisca.

Cristóvão sai. Joana senta-se com as crianças. Faz-se silêncio. Ouve-se um estampido de tiro.[11]

Música: Exéquias (Pe. Zezinho)

Joana manda as crianças saírem. Trazem Cristóvão[12]. Ele morre no colo dela. Levam o corpo.

Música: Sad Instrumental Music - MUSICA INSTRUMENTAL TRISTE

Joana, chorando, ajoelha-se em oração diante de Jesus crucificado[13].

Joana: Meu Senhor Crucificado, agora sou sua esposa. Faço voto de só pertencer a Ti.

Pega uma faquinha e tatua em seu peito o nome de Jesus[14]. Aparenta muita dor.

Joana: Gravo Teu Santo Nome em meu peito. Que ninguém arranque de mim o Teu amor.

Levanta-se e sua roupa, à altura esquerda do peito, está ensanguentada.
E para, extasiada: vê aquele que será o seu diretor Espiritual. Francisco de Sales aparece no corredor.

Joana: Será este, Senhor, aquele que me dareis para guiar-me no caminho da perfeição?

Francisco de Sales[15] desaparece[16]. Ela permanece em oração até fechar-se as cortinas.

NARRAÇÃO 03 – As provações na viuvez e o mel da caridade

Em 1602 Joana precisou ir morar com seu sogro, o Barão Gui de Chantal. Ele havia confiado a casa à uma empregada com quem teve vários filhos. Essa empregada indispõe o ancião contra Joana, e Joan não pode fazer nada sem a permissão desta mulher.
Joana vive uma vida espiritual intensa, mas também uma obscuridade de dúvidas que durará quase até seus últimos dias. Mesmo assim, ela consagra o melhor de seu tempo para cuidar dos pobres e assistir aos agonizantes. (Inicia-se a cena três, enquanto o narrador segue). Certa vez, um camponês encontrou um pobre leproso e levou-o para a baronesa de Chantal que cuidou dele até sua morte.
Essa caridade já lhe era muito conhecida. Ainda quando estava no Castelo de Chantal e seu esposo vivia, transformou um dos salões em hospital para as mães que amamentavam. Criou o Forno dos Pobres para fazer pão para pessoas necessitadas durante um período de fome. Testemunhas afirmaram que ocorreram misteriosas multiplicações de trigo e depois de farinha.
Certa vez, Joana ficou muito tempo assistindo um parto que não se concretizava. Pediram para que ela não se ocupasse com aquele caso, que voltasse à sua casa. Mas ela, saindo da casa da mulher, pôs-se a rezar atrás da porta até que a criança nascesse, ficando mãe e filho salvos. Por isso, ficou conhecida como a senhora das parturientes, dos pobres e dos doentes.

CENA 03 – JOANA DE CHANTAL, MÃE DOS POBRES E FILHA DA SANTA CARIDADE   
Joana recebe a visita de doentes e pobres (entram pelo corredor). Oferece pão aos famintos e remédios aos enfermos[17].
Música: O amor é bom (Pe. Antônio Maria)

NARRAÇÃO 04 – As santas visões de Francisco de Sales e Joana de Chantal

Na Quaresma de 1604, o Presidente Frémyot, pai de Joana, ignorando os sofrimentos que sua filha passa na casa do sogro, convida-a para ir a Dijon ouvir a pregação do Bispo de Genebra, Dom Francisco de Sales. Em 05 de março, ao vê-lo, ela reconhece: é ele o guia prometido naquela visão. 
Francisco de Sales também a reconhece, pois enquanto preparava suas pregações de Quaresma, teve uma visão de uma Ordem que ele fundaria, e daquela que nela colaborará.

CENA 04 – ENCONTRO COM FRANCISCO DE SALES

Francisco está sentado na sala[18]. Joana entra na sala e saúda Dom Francisco[19].

Joana: Dom Francisco, sua bênção. Sou Joana, baronesa de Chantal.
Francisco: Deus te abençoe, minha filha.
Joana: Faz tempo que procuro alguém que possa me ajudar no caminho da perfeição. Tenho um diretor espiritual, mas sofro com suas orientações. Não tenho certeza se é este o caminho. Gostaria de pedir que o senhor, Dom Francisco, me ajudasse.
Francisco: Não é a senhora quem o quer, nem mesmo eu, mas é o próprio Deus. A partir de hoje, serei seu Diretor Espiritual, mas também o seu grande amigo.

Música: Eternos amigos (Anjos de Resgate, por Juliano Silveira)
Começam a rezar, fazendo o sinal da cruz e tomando o terço[20] na mão, como quem vai se confessar.


NARRAÇÃO 05 – A fundação da Ordem da Visitação de Santa Maria

Muitas outras vezes Joana e Francisco se encontraram. Eles se correspondiam por meio de cartas. Entre eles ia ganhando corpo a ideia de uma Comunidade Religiosa, onde se viveria o amor a Deus e ao próximo à imitação de Maria, Mãe de Jesus. Com os filhos de Joana mais crescidos e amadurecidos, entenderam que a hora havia chegado. No Domingo, 06 de junho de 1610, inaugura-se uma nova forma de vida religiosa: As Irmãs da Visitação de Santa Maria. Joana de Chantal tem 38 anos de idade. A casa “Da Galeria”, nos subúrbios da cidade de Annecy, na França, foi o lugar de nascimento desta nova Congregação.

CENA 05 – JOANA DE CHANTAL, FUNDADORA DA VISITAÇÃO DE SANTA MARIA

Música: Ave Maria (Gounod)

Entra Francisco de Sales e senta-se na cadeira[21]. Após, entram as quatro Irmãs vestidas de hábito e recebem as Constituições de Dom Francisco[22].

Francisco: Segui este caminho, minha caríssima filha, e fazei segui-lo por todas aquelas que o céu destinou a seguir suas pegadas.

Joana vira-se para as demais Irmãs.

Joana: Aqui está o caminho de nossa perfeição. Somos as Irmãs da Visitação de Santa Maria. Daqui a um ano pronunciaremos nossos votos.
Francisco: Eis a regra geral da nossa obediência, escrita em letras maiúsculas: Precisa-se fazer tudo por amor e nada à força; tem que se amar mais a obediência que temer a desobediência.
Joana: Tudo por amor, nada à força!
Joana e Irmãs: Tudo por amor, nada à força!

(Sobe-se o volume da música)
As Irmãs e Joana se levantam e vão saindo.

NARRAÇÃO 06 – Morte de familiares, de Francisco, expansão da Visitação e morte de Joana

Joana de Chantal sofreu pela morte de muitos dos seus. Da família não restou senão Francisca com seus dois filhos, e a pequena Maria, filha de Celso Benigno. Francisco de Sales morreu em 28 de dezembro de 1622. Ela não estava com ele. Ao saber, chorou um dia e uma noite, de tanto que o amava.
Apesar de que sua tristeza fosse imensa, Joana repete um “Sim” total à Vontade de Deus. Imediatamente começou a reunir os escritos, cartas e sermões de Dom Francisco, a quem chamava de “Bem-aventurado Pai”. Sua influência ultrapassa a Visitação: ela aconselha os leigos e os eclesiásticos, homens e mulheres de todas as partes. Em Moulins, no dia 13 de dezembro de 1641, quando a Ordem da Visitação já contava com 87 mosteiros, ela despede-se deste mundo.
Suas últimas palavras: Jesus! Jesus! Jesus!

CENA 06 – JOANA DE CHANTAL ENCONTRA OS SEUS NA ETERNIDADE

Francisco entra de um lado e Joana do outro. Encontram-se no centro do palco, abraçam-se.[23] Aproximam-se mais três Irmãs da Visitação, os filhos Celso, Maria e Carlota, Cristóvão, o pai e a mãe de Joana (todos com túnicas brancas). Por fim, entram Jesus, Nossa Senhora e o Anjo da Guarda[24].

Música: Abraço eterno (Suely Façanha)

NARRAÇÃO 07 – Conclusão do processo e decreto de Canonização de Joana de Chantal

Cardeal: Depois de ter testemunhado os relatos sobre uma vida tão unida a Deus, uma fidelidade tão clara nas mínimas coisas, essa mansidão e doçura irrenunciáveis, a Santa Mãe Igreja tem a alegria de concluir positivamente o processo de canonização de Joana Francisca Frémyot de Chantal. O Santo Padre, Clemente XIII, a declarará SANTA no dia 16 de julho de 1767. Em sua festa, marcada para todo dia 12 de agosto, se rezará: “Senhor, vós destes a Santa Joana Francisca de Chantal alcançar uma alta santidade através dos diferentes estados de vida”. Ela é a padroeira de todas as vocações.

CENA 07 – HOMENAGEM À SANTA JOANA DE CHANTAL

Os personagens Joana de Chantal, Francisco de Sales, as Irmãs da Visitação, os filhos Celso, Maria e Carlota, Cristóvão, o pai e a mãe de Joana Jesus, Nossa Senhora e o Anjo da Guarda aparecem cantando “Santa Joana de Chantal.  No fim, reverenciam o público.

Música: Santa Joana de Chantal.
FIM


[1] Mesa com cruz e quatro cadeiras, uma estante para pronunciamentos, documentos e quadro de Joana.
[2] Batina vermelha
[3] Hábito, terço e cruz da Visitação (05 no total)
[4] Batina preta.
[5] Batina preta e sobrepeliz.
[6] Batina preta.
[7] Microfones, pen drive com a trilha sonora.
[8] Roupa de fidalgo.
[9] Mesinha de centro, banco, flor e vaso, copo, cruz na parede, bacia com água avermelhada e toalha, faquinha.
[10] Crianças para os personagens: Celso (5 anos), Maria (3 anos), Francisca (2 anos) e a recém-nascida Carlota. Roupinhas para as crianças.
[11] Gravar o som de um tiro.
[12] Camiseta ensanguentada.
[13] Crucifixo grande.
[14] Tinta vermelha e faquinha.
[15] Batina preta, barrete, sobrepeliz, cruz peitoral.
[16] Strobo com fumaça.
[17] Pão e remédios.
[18] Cadeiras e mesa de centro.
[19] Batina preta e cruz peitoral.
[20] Terços.
[21] Cadeira
[22] Constituições, túnica branca, estola, casula, mitra a e báculo. Cadeira sede. Cenário de igreja.
[23] Strobo com fumaça.
[24] Túnica e manto para Jesus, túnica e véu para Maria, túnica e asas para o Anjo.

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