Nasçamos de novo
Quando encontramos pessoas muito
machucadas pela dor, pela decepção e pelas nuances da vida e lhes perguntamos
se em meio a tudo isso elas conseguem enxergar uma saída, às vezes, somos
surpreendidos com a resposta: “saída? Só se eu nascesse de novo”.
Nascer de novo poderia resolver
muitos problemas em nossas vidas. É um sonho que o ser humano carrega dentro do
seu coração. Ah, se pudéssemos, quando aperta a dor, deitar, adormecer e acordar
de um outro jeito, com uma outra história e sentimentos diferentes! Ah, se
pudéssemos nascer de novo! Nicodemos, um homem experiente e conhecedor recebeu
este convite de Jesus: “nasça do alto, Nicodemos, nasça de novo e você vai
entender o que é o Reino de Deus” (Jo 3, 1-15).
Nós, que cremos, buscamos entender
este convite de Jesus todos os dias. Não nos preocupamos em retornar ao ventre
de nossa mãe, isso não acontecerá. Sabemos também que não teremos outra vida
para remendar o que não deu certo ou gozar do que nos foi privado. Mas buscamos
nascer dentro da graça que vem de Deus. Acreditamos que existe o Espírito de
Deus e que Ele conhece-nos mais do que nós mesmos e nos chama a dar à luz o melhor
de nós.
A fé é um desafio. Nós não vemos
o céu nem o Reino entre nós, mas acreditamos. O mestre Jesus foi levantado na
cruz e nasceu de novo na ressurreição. A mesma pessoa, o mesmo corpo, o mesmo
amor. Entrou para o ventre do Pai na dolorosa paixão da cruz e nasceu no parto
da ressurreição para que nenhum de nós nos perdêssemos. Nós somos importantes
demais para Ele. Ele nos quer no seu Reino. Este Reino é o bem que os cristãos
são chamados a fermentar na sociedade.
Nasçamos de novo no parto da fé! Nasçamos para viver do jeito de Jesus. Nasçamos de novo abandonando o velho homem que há em nós, apegado demais à leis, ao conforto, às próprias ideias, escravo de um sistema que nem sequer ouçamos questionar. Nasçamos para ter o olhar de Jesus, os sentimentos dele, as posturas e as convicções que o Mestre tinha. Confiemos
no Espírito de Deus, pois a verdade não é propriedade exclusiva das ciências
empíricas nem do progresso tecnológico da sociedade. Tampouco é fruto de nossos
sentimentos. A verdade acontece no encontro do ser humano com Deus, naquele
olhar invisível repleto de ternura que dá sentido a tudo o que somos e fazemos.
Nasçamos de novo e o Senhor nos embalará em seus braços, como mãe que aconchega
o seu bebê e o faz crescer. O crescimento é semelhante ao vento, ninguém vê
como, quando, mas percebe que a cada dia a criança está maior e mais forte. Nasçamos de
novo no Espírito!
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