O tempo certo de se aproximar das árvores


O que você quer? Mas, o que você quer mesmo? Saber disso faz a diferença. A intenção mais real que podemos identificar diante de qualquer atitude nossa, ajuda a acertar o alvo. Se a gente não tem claro o que anseia, muitas coisas roubarão nossa atenção ou nos ferirão sem nenhuma serventia. Vou falar sobre isto neste artigo. Com sua licença, usarei a imagem das árvores.

Árvores são um presente da Criação. Nosso planeta não teria vida, da forma que conhecemos hoje, se não as tivéssemos. Elas são o único elemento natural em perpétuo movimento em direção ao céu. Os solos nasceram delas, da decomposição de suas folhas e caules, formados e alimentados pela capitação da luz do sol. Eles (os solos) são a fábrica da biodiversidade. Por causa do solo, a Terra é terra. As árvores, então, tem uma ligação intrínseca com a vida do planeta. De certa forma, são o pulmão da terra. Entretanto, nós não levamos em conta tudo isso quando nos aproximamos de uma simples árvore, de um bosque, de um pomar, uma floresta ou mata. Somos humanos....

A fonte da biodiversidade (a terra) nos dá alimento. Em cada árvore frutífera é possível saborear a história do planeta. Agora você pode objetar: mas nem sempre as árvores apresentam frutos, muito menos frutos em boa qualidade. É que depende do tempo em que você vai procurar frutos. O tempo certo faz a diferença. Se você quer encontrar sombra, o inverno não é uma boa opção. Se você quer o perfume e a beleza das flores, o outono provavelmente te negará. Se quer frutos, não indico o forte verão. Agora, uma observação: já reparou que os frutos não amadurecem ao mesmo tempo? Que a maioria das árvores frutíferas produzem apenas uma vez no ano? Pois então, como disse, não se pode esperar frutos quando o inverno derruba as folhas e as árvores entram num processo metamórfico de rejuvenescimento. Mesmo no outono ou tempo de frutos sadios e suculentos apresenta surpresas. É comum encontramos frutos verdes ou podres em meio aos maduros. Não é raro a disformidade de tamanhos, nem de coloração entre os frutos. A árvore é o mesmo, mas o tempo que você se aproxima dela possibilita-te experiências diferentes com os diferentes frutos que elas possuem.

Pessoas são comparáveis a árvores. Seus frutos são os mais variados. Na mesma pessoa que oferece o sadio fruto das boas ações há a possibilidade da existência de frutos imaturos e podres. Para certas coisas, o tempo é determinante. Se você chegar e lhes pedir frutos determinados, mas não for o tempo da pessoa, ela não o poderá te conceder. Eis o motivo pelo qual devemos ter paciência com os jovens e as crianças, por exemplo. Neste mesmo grupo podemos incluir aqueles que passam por uma situação nova e inesperada. Não é tempo de fruto. Admire a beleza das flores, mas não cobre os frutos.

Há outras pessoas que nos encantam, nos fascinam, conquistam nosso respeito e nosso apreço. Então a gente se aproxima imaginando poder saborear sempre de frutos bons, mas se depara com alguns imaturos e, pior, alguns podres também. Então nos decepcionamos e afastamo-nos. Errado! Não consideramos a dinâmica da existência. Ninguém é perfeito, mesmo quando mostra muitos frutos bons.  Quando eu admiro alguém e dele me aproximo, devo saber que isso faz parte da árvore que todo mundo é. Cabe a mim selecionar qual fruto alimentará nossa relação: o imaturo, o podre ou o viçoso. Talvez a diferença esteja no tempo que cheguei, por isso sou protagonista neste pomar. A responsabilidade não pode ser apenas da árvore. Se for tempo dos frutos apodrecerem, eles apodrecerão. Paciência! O que não posso é abandonar a árvore ou caluniá-la por isso. Seria infantilidade. E se quero uma fotografia do seu caule, com os galhos desfolheados naturalmente, não o devo exigir na primavera da vida de uma pessoa. Talvez num momento de angústia, de dor, de reestruturação, esta parte da alma mostrar-se-á. Mas agora que há festa, devo fotografar a festa.

Se em cada fruto posso saborear a história do planeta, em cada ação de um ser humano estão os condicionamentos e virtudes daquela vida, uma história de relações, de lágrimas e sorrisos, de sonhos e decepções, de fé e dúvida, dor e festa. Quando me aproximo levo em conta o contexto dessa história, o tempo certo. Não cobro o que não lhe foi possível, não reclamo dos frutos inadequados – amo-a, agradeço-a por não esconder de mim a verdade da dinâmica de sua vida, e coopero para que na estação própria os frutos novamente inebriem quem os mire.

O que você quer quando se aproxima de uma pessoa, dos seus amigos? Você leva em conta a estação pela qual ele passa? O tempo certo de aproximar das árvores nos possibilita colher os melhores frutos ou desfrutar das mais belas imagens, das mais frescas sombras, dos odores mais agradáveis. Se você quer ajudar seus amigos a serem felizes e receberem deles a colaboração na tua felicidade, não desconsidere a metáfora da árvore, não desconsidere... Um abraço. Obrigado pela companhia!

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