Consciência e respeito


Eu compreendo que manter-se fiel aos princípios que se professa em público, mesmo quando nenhuma notoriedade lhe comprometa, é um grande ato de respeito. E penso que o princípio do respeito reside na forma como cada qual age, ainda que esteja diante apenas de si mesmo. Quem desrespeita a própria presença, gradualmente, poderá desrespeitar outrem. E, se há algo que devemos proteger em nós, penso ser a consciência, pois sem ela não somos nós mesmos. Se é possível um transplante de coração, de consciência, jamais. Se é possível viver sem um braço ou uma perna, sem consciência, aquele que vive, não sabe que vive sendo si mesmo. E a consciência não é apenas a esfera que está acessível ao nosso querer ou à recordação. Não! É o núcleo onde reside o nosso eu e onde só entra o sujeito que a possui. Para quem tem fé, ela é o lugar onde Deus balbucia a verdade e se comunica sem intermediários.
O respeito garante a liberdade de consciência. Quem respeita sua própria consciência, a mantém integra. Na sua origem latina, respeito significa "olhar outra vez". Assim, algo que merece um segundo olhar é algo digno de respeito. Claro, indubitavelmente, a consciência de qualquer pessoa é a mais digna de respeito que se possa pensar. Mesmo eu, diante de mim mesmo, devo ter certo grau de alteridade. Antes de qualquer atitude, olhar outra vez, e quantas vezes for preciso, mas jamais adulterar o valor da consciência, jamais tratá-la como ínfima, olhá-la como quem comtempla algo sagrado: assim é o respeito que deve ser remetido à consciência pessoal ou de outro.
            Talvez, nosso mundo poderia ser melhor se consciência e respeito fossem os astros mais vislumbrados no céu da cidadania. A consciência como estrela mãe e o respeito como astro mediador. Na consciência iluminamos nosso ser. Pelo respeito garantimos que o brilho da consciência não seja ofuscado mediante os flamejos que também matizam a abóbada humana. Os princípios, quaisquer que sejam, são as peças do quebra-cabeças que representam o firmamento no qual resplandece nossa personalidade. E a personalidade é o que o mundo conhece de nós. Se somos fieis aos princípios perante ou alhures aos partícipes de nosso proceder cotidiano, ratificamos o que os mesmos ensinam e lhes garantimos um alcance para além do imaginado. Sim, o céu se alarga bem além do que nossos olhos alcançam.
            Sejamos os melhores protetores de nossa consciência perante a guarda do respeito! Sejamos obedientes a nossa consciência qual filho à mãe e, ao respeito, qual aprendiz ao mestre! Sejamos guiados pelas fases que garantem a vitalidade da humana existência! É assim que a história de cada um se firma sob uma luz sem ocaso. Jamais, dizer uma coisa e fazer outra quando é possível cumpri-la! Jamais representar um papel, uma moral ou um proceder que não é genuíno! Jamais considerar os outros como títeres dos nossos interesses! Liberdade é viver na verdade. A verdade garante a integridade. Íntegra é a pessoa que é ela mesma ainda que, nas noites da vida, nenhuma luz lhe focalize. A fidelidade só existe em situações análogas. E é por isso que eu compreendo que manter-se fiel aos princípios que se professa em público, mesmo quando nenhuma notoriedade lhe comprometa, é um grande ato de respeito. E penso que o princípio do respeito reside na forma como cada qual age, ainda que esteja diante apenas de si mesmo, ou seja, de sua consciência.

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