Chamado


Para quem tem fé, a vida lhe vem como um grande CHAMADO, isto é, como uma VOCAÇÃO. Deus que sonhou e pensou amorosamente em cada pessoa e a fez nascer para algo específico sem, no entanto, forçá-la a nada, lhe chama para algo. Sim, Deus deixou inscrito no ser humano um convite, um chamado, não uma predeterminação.  Este chamado consiste em viver, fazer o bem, progredir, e esforçar-se por estar unido ao Senhor pela solene ordem livre do amor.
Para os cristãos o chamado a vida se realiza na união com Deus que se dá na vida eclesial, com os irmãos, na Igreja. Então este é também um chamado, o ser Igreja. É a transcendência da esfera individual para a comunitária, uma vez que a comunidade também tem seu chamado. O Batismo marca o ponto histórico inicial deste chamado.
Com o dom da vida e da Igreja, a pessoa recebe o dom-chamado para algo específico. Jesus Cristo desvelou (instituiu) com sua vida e pregação modos de cada pessoa cooperar na construção da felicidade humana universal, o Reino de Deus. Assim, cada qual ausculta nos fatos históricos e culturais, sentimentais e experienciais o chamado de Deus. Como posso melhor contribuir para que o mundo seja mais mundo e menos in-mundo? Mas este modo de auscultar não é técnico científico nem se dá por simples conclusões lógico-sociais ou por conveniências estruturais. Dá-se por uma experiência de amor desdobrada em engajamento e sacramentalidade, ou seja, apontando para algo maior que nos envolve afagadamente e nos desafia exigentemente.
Este chamado específico é compreendido pela Igreja como sendo:
a) o chamado ao Matrimônio, onde um homem e uma mulher acolhem o amor como dádiva, manifestam o compromisso de viver este amor sob a luz do grande amor divino e a tornarem visível no seu amor o amor de Deus, continuando a vida pela geração de filhos e educação na fé e sendo no meio do mundo célula da sociedade e santuário da vida. Assim a mulher eo homem vocacionados ao matrimônio são chamados a serem Igreja doméstica e a fazer dar frutos o dom da fé transmitindo-a de geração em geração;
b) o chamado à Ordem, onde um homem se vê envolvido pela missão de ser pai de uma comunidade e canal dos Sacramentos para ela, principalmente da Eucaristia e da Reconciliação. É a vocação do padre, sendo que alguns padres se tornam Bispos como uma segunda maneira específica de exercer o chamado de Deus na Ordem e faz referência mais à coordenação da Igreja em uma determinada organização de várias paróquias e comunidades, a diocese. Há também homens que são diáconos, outra forma de estar no chamado da Ordem. Servem a comunidade com a Proclamação do Evangelho e com o cuidado com os mais necessitados;
c) o chamado à Vida Religiosa Consagrada, onde mulheres e homens se consagram ao Senhor com Votos de Castidade, Pobreza e Obediência manifestando sua total pertença a Deus, seu comprometimento com o Reino Dele, sua afetividade direcionado ao amor concreto de cada irmão, principalmente aos mais necessitados, do qual também comunga a fraterna carestia (pobreza). Aponta a vida de Cristo como ícone vivente e como referência excelsa da felicidade humana. Sinaliza a finalidade última e a realidade eterna da vida em comunhão plena com Deus onde todos serão irmãs e irmãs na casa do Pai;
d) o chamado à vida leiga, onde mulheres e homens optam por uma maneira de viver o Evangelho sem consagração específica na Igreja, apontando para o Batismo como vida nova no meio do mundo, vida em Cristo na Igreja, na comunidade, na construção da sociedade em comunhão com as outras vocações.

E todos estes chamados, repetimos, são iniciativa de Deus, dignos e necessários, gratuitos e preciosos, verdadeiros caminhos diáfanos de felicidade. Quem é chamado é escolhido, elegido por Alguém que o ama e confia nele, por Alguém que compartilha algo muito precioso nascido no seu próprio coração, um segredo sussurrado na intimidade da consciência. Este Alguém é Deus. Ele chama, chama, chama... e ascende no coração de quem escuta uma chama, uma grande chama, uma chama que crepita e quer tornar-se luz para o mundo dissipando as trevas da solidão e da injustiça, do abandono e da tristeza. 

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