O que significa a Cruz?
A
origem da cruz não é religiosa. Ela nasceu na
Pérsia como objeto de tortura. O Império Romano a adotou. Significava vergonha
e desprezo. Era a pena destinada aos piores bandidos da época, principalmente a
quem desafiava o poder do Império, embora nem todos fossem bandidos. Todo
pessoa crucificada ficava por muitas horas, dias, sofrendo até morrer ou ser
comido vagarosamente pelas aves e animais. Era fixada em lugares muito visíveis
para que todos vissem o destino de quem enfrentava o Império. Ninguém queria
ver uma cruz ou um crucificado. Objeto de tortura sempre assusta. Era horrível,
uma crueldade, verdadeira humilhação.
Jesus
conhecia a cruz. Ele a temia. Por quê? Porque sabia que anunciar o Evangelho
significava confrontar o Império que oprimia, bem como, o sistema religioso
corrompido de sua época. E foi o que aconteceu. Os líderes dos judeus levaram
ele ao governador romano acusando-o de se declarar rei e de profanar o Templo.
Foi preso, flagelado, coroado de espinhos, obrigado a carregar uma cruz e nela
crucificado. Morreu ali o mais belo homem que existiu. E de tão humano que era só podia ser Deus. Sim, Deus morria na
cruz. Deus não se transformou, mas transformou a cruz. Aquele objeto de horror
tornou-se sinal de salvação.
A
cruz ficou importante por causa de Cristo. Sem Ele, valor algum ela tem. Não é
ela em si mesma que nos fala, mas aquilo que aponta: o amor, a fidelidade, a doação
de Jesus. Por isso ela significa o amor
que assume as consequências de amar. Esse amor é uma pessoa, Jesus. Ele não
quis a dor, não buscou a morte, mas a aceitou a fim de que todos fôssemos
salvos. Ela tem duas realidades que formam uma só: 1) um homem morreu nela porque não voltou atrás no bem que ensinou e 2) um Deus que não a recusou para que
a salvação nos fosse concedida. Em suma, essa salvação é o mandamento do amor:
quem ama é aquele que dá a vida por seus amados. A cruz ainda é sinônimo de
sofrimento, mas ela pode ser sinal de salvação quando lhe atribuímos sentido e
valor. Depois de Cristo, os sofrimentos da vida foram chamados de cruz, por que
a cruz deixou de ser apenas sinal de sofrimento.
A
cruz é símbolo da vitória porque quem ama nunca perde, mesmo que sofra. Quem
ama conscientemente, ainda que não seja atraído, vive plenamente. Na história
de Jesus a cruz não foi o ponto final, pois Ele ressuscitou. Entretanto ela foi
o modelo mais perfeito de fidelidade a Deus e ao projeto Dele, seu Reino que,
em outras palavras, é a infinita felicidade de todos. Não existe Cristo sem
cruz, porque a cruz revela quem foi Cristo e como deve ser o testemunho de todo
cristão.
A
cruz não significa morte, mas é a mais bela lembrança de que nós fomos e somos
amados por um Deus que entregou seu Filho único para que tivéssemos vida
eterna. Ela é a lembrança que o nosso amor também não deve conhecer limites.
Ela é a seta para um mundo melhor. Que seta? A seta da solidariedade: morro, mas não aceito que o mal continue
mutilando meus irmãos e irmãs. Os que creem veem nela o sinal da redenção
ou salvação. Cristo venceu o pecado, a morte e as trevas e nos trouxe a vida
eterna, libertando-nos de todo mal.
Quando
usamos uma cruz não é simplesmente para adorno, mas para significar o amor de
Deus por nós, o nosso amor para com Ele, o nosso amor para com cada ser humano.
Ela é como a aliança que um homem e uma mulher usam como sinal de seu amor fiel.
Como ao casal, mais importante é o que está no coração, por isso cantamos “no
peito eu levo uma cruz, no meu coração o que disse Jesus” (Pe. Zezinho). E o
que disse Jesus? “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. De novo a cruz se
mostra como sublime sinal, o Evangelho sem palavras. Não adoramos a Cruz,
adoramos o Crucificado. A cruz é sinal, por isso não paramos nela, seguimos até
o Crucificado-Ressuscitado, Jesus.
Mesmo
a pessoa que não crê pode encontrar na cruz um símbolo de humanidade: Jesus foi
um ser humano que na cruz cuidou dos outros que ali estavam, foi ali posto por
causa de defender e promover a vida dos mais necessitados. Enfim, a cruz
perpassa a história da humanidade como a
doação de um irmão que amou seu semelhante sem economizar neste amor. Você
vê a Cruz ? Então você vê um símbolo de amor encarnado, amor
verdadeiro, amor eterno. De quem? Do próprio Deus, de um amigo, de um irmão:
Jesus.
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