Atualidade do Tratado do Amor de Deus de São Francisco de Sales para a vida cristã


É importante atualizar a mensagem para não esvaziar seu conteúdo. Compreendemos que o Tratado continua atual e propício para a vida cristã no mundo de hoje. Por isso buscaremos, neste último capítulo, apresentar algumas luzes e pontes possíveis para a ação pastoral da Igreja e de todas as pessoas de bem que beberem desta fonte. Primeiramente, faremos um paralelo entre os bispos Francisco de Sales e Francisco de Roma (Papa Francisco) ressaltando a compreensão do amor de Deus que ambos apresentam, o primeiro, há quatrocentos anos atrás e, o segundo, nos dias atuais. Em seguida, tomamos o Tratado como luz para a vida cristã em tempos de mudanças e mudanças de tempo, considerando as características históricas do final do século XVI e início do século XVII, quando o Tratado foi escrito, bem como as características de nosso tempo. Perguntamo-nos, então, como transmitir a mensagem do Tratado na realidade pastoral do século XXI?. E tomamos como último ponto outra indagação: quatrocentos anos de Tratado: apenas memória ou tempo propício para uma nova história?. Discorremos sobre estas questões sem esgotar as possibilidades de novas compreensões e contribuições. Este capítulo objeta ser conclusivo, por isso leva em consideração o que fora trabalhado nos capítulos anteriores e tem o olhar direcionado para a prática cristã atual.

No dia 13 de março de 2013 foi escolhido para ser Papa o cardeal Jorge Mário Bergoglio, adotando o nome de Francisco, numa clara alusão a Francisco de Assis[1]. Quando nascia o menino do senhor e da senhora de Boisy, em 21 de agosto de 1567, no castelo de Sales, numa homenagem ao mesmo santo o nome lhe era concedido[2]. No Tratado Francisco de Sales “propone reiteradamente, como ejemplo de vida, a san Francisco de Asís” (BUSTAMANTE, 2007, p. 148)
Francisco de Roma assumiu seu pontificado declarando-se o “bispo de Roma”, e não o monarca que por tempos se haveria de ver nos pontífices romanos, ainda que eles não o buscassem.[3] E anunciou que queria “uma Igreja pobre para os pobres” (EG 198), de portas abertas (EG 46), missionária (EG 21) e “em saída” (EG 24): “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças” (EG 49). O mesmo se viu em Francisco de Sales ao assumir a diocese de Genebra.[4] Ele fez opção pela pobreza, pelos pobres (LAJEUNIE II, p. 28-31), pela missionariedade da Igreja (LAJEUNIE II, p. 26-27).[5]
 O Papa Francisco propôs e tem trabalhado na renovação eclesial no espírito do Concílio Vaticano II (EG 27), com uma atenção aos sinais dos tempos (EG 51), uma evangelização que torne presente o reino de Deus no mundo (EG 176), que dialogue com as ciências (EG 132)[6], que chegue às periferias existenciais (EG 20) e promova a cultura do encontro (EG 220), que defenda o planeta e os vitimados com os sistemas que ferem nossa casa comum (LS 16). Francisco de Sales propôs a renovação eclesial no espírito do Concílio de Trento (LAJEUNIE II, p. 382-383). Naquela realidade,
soube apresentar na sua acção pastoral, seja pela palavra, seja pela escrita ou pela acção, a caridade, a esperança e a compreensão em termos do seu tempo, com imagens da natureza. Ora, esse tempo havia despertado para a visão intelectual e pré-científica do homem e sua problemática (OLIVEIRA, 1968, p. 17).[7]
Por esse viés renovou a Igreja (principalmente sua diocese) promovendo o encontro com Deus e o próximo e chegando às periferias existenciais:
ao mundo desesperado, anuncia a esperança; a um mundo caótico, arremessa a verdade; a um mundo herdeiro dos temores medievais e a braços com os exageros calvinistas e jansenistas, revela Deus-amor. A um mundo que desperta para o respeito à personalidade e que se vê esmagado nessa mesma personalidade porque lhe roubaram a liberdade, é anunciado a reconciliação pacífica pelo recurso a uma arma bem evangélica, mas submergida pelas paixões: a compreensão e o respeito” (OLIVEIRA, 1968, p. 16).
Francisco de Roma põem-se contra uma cultura do consumo (EG 2)[8], do “descartável”, da exclusão (EG 53); contra a desigualdade social (EG 59), contra a idolatria do dinheiro (EG 55), contra a acédia egoísta (EG 79), contra o mundanismo espiritual (EG 93) e o proselitismo (EG 14). Francisco de Sales igualmente defendeu a justiça e os oprimidos (LAJEUNIE II, 1966, p. 118), pôs-se contra a idolatria do dinheiro (LAJEUNIE II, 1966, p. 34)[9], contra a tristeza infrutífera[10], e a favor de um respeito mútuo, opondo-se às guerras religiosas e colocando
em açcão um realista ecumenismo, que não censura os crentes para cair na simpatia dos heréticos, como não condena estes para criar amigos entre aqueles: a todos anunciará a Boa Nova na esperança e no amor, com a máxima compreensão pelas realidades concretas (OLIVEIRA, 1968, p. 15)
O papa diz sim ao desafio de uma espiritualidade missionária (EG 78-80). Apresenta o amor de Deus como fonte da evangelização, “porque, se alguém acolheu este amor que lhe devolve o sentido da vida, como é que pode conter o desejo de o comunicar aos outros?” (EG 8)[11]. Também para Francisco de Sales o amor de Deus é fonte do amor ao próximo (TAD, p. 467) e “todas as virtudes estão ao serviço desta resposta de amor” (EG 39). Com ambos os “Franciscos” podemos dizer que o amor de Deus é a força para o cristão do século XXI: “Pequenos, mas fortes no amor de Deus, como São Francisco de Assis, todos nós, cristãos, somos chamados a cuidar da fragilidade do povo e do mundo em que vivemos” (EG 216).
Os gestos do papa Francisco são tão fortes como suas palavras. Sua renúncia ao luxo e à riqueza, sua proximidade do povo, a apropriação e respeito de cada cultura e de cada seguimento religioso, a linguagem acessível, o ato de celebrar o lava-pés com prisioneiros, de presidir a missa com báculo e altar feitos de restos de embarcações naufragadas em Lampeduza, seus telefonemas a quem pede sua palavra, seu esforço pela paz e contra a guerra, suas viagens missionárias, sua postura de defesa e denúncia frente a degradação do planeta e tanto o quanto mais poderíamos mencionar tem sido o grande sinal do amor de Deus para nossa atualidade.
Com a originalidade e a singularidade de cada um vemos como Francisco de Roma e Francisco de Sales se assemelham, seja na ação pastoral ou na linguagem que usam para se comunicar o povo, além das atitudes eclesiais e cristãs que tomaram como pastores do Povo de Deus.[12] Nossos Franciscos são exemplos do amor de Deus testemunhado com o modo de viver e de ensinar. Diz Francisco de Roma, por exemplo:
Qual é para ti a realidade mais importante, mais preciosa, a realidade que atrai o meu coração como um íman? O que atrai o teu coração? Posso dizer que é o amor de Deus? (...) o amor de Deus que confere sentido aos pequenos compromissos diários e que ajuda também a enfrentar as grandes provações. Este é o tesouro autêntico do homem. Ir em frente na vida com amor, com aquele amor que o Senhor semeou no coração, com o amor de Deus (FRANCISCO, 2013).
Tendo o mesmo objeto como símbolo, escreve Francisco de Sales:

Consideremos a atracção que o íman exerce sobre o ferro, imagem do amor de que nos estamos ocupando. O ferro tem uma tal conformidade com o íman, que, apenas reconhece a sua virtude, volta-se logo para ele; depois começa prontamente a mover-se e agitar-se com pequenos estremecimentos, manifestando por esta forma a complacência que sente, e por isso se adianta e se dirige para o íman, procurando todos os meios para se unir a ele. Não estão nesta comparação representadas todas as partes dum vivo amor? (TAD, p. 38-39).

Os bispos Francisco de Sales e Francisco de Roma e o Amor de Deus: um testemunho de vida que também se expressa em palavras. Por isso, a leitura do Tratado do amor de Deus como guia espiritual para vida cristã nos convida e seguir o exemplo e as palavras atuais do bispo de Roma. Ele tem orientado a Igreja com exercícios e práticas que condizem com a realidade presente. O Tratado é atual, e o que há de mais atual nele é o amor que Deus tem para conosco e o amor que devemos devotar-lhe acima de tudo e em primeiro lugar. Francisco de Roma é igualmente atual e nos mostra que o amor a Deus se demonstra no amor ao próximo, principalmente àqueles que estão na periferia, os pobres: “somos chamados a encontrar Cristo neles: não só a emprestar-lhes a nossa voz nas suas causas, mas também a ser seus amigos, a escutá-los, a compreendê-los e a acolher a misteriosa sabedoria que Deus nos quer comunicar através deles” (EG 198).

Fizemos este paralelo para ressaltar que, na Igreja presidida na caridade pelo bispo de Roma Francisco, o Tratado do bispo Francisco de Sales tem seu espaço, sua contribuição particular e sua identidade cristã. Na figura dos dois bispos (distantes 400 anos um do outro) o Evangelho do amor e da alegria se mostra diáfano e original. Por isso, estudar Francisco de Sales sem estar atendo a Francisco de Roma seria trair o autor do Tratado, enquanto que no tempo de Francisco de Roma ir a Francisco de Sales é enriquecer-se e embasar-se para a ação prática da fé.


Estamos em tempos de mudanças e mudanças de tempo. O Documento de Aparecida fala em “mudança de época”, onde o “nível mais profundo é o cultural” (DA 44). E o apresenta dizendo que neste tempo
dissolve-se a concepção integral do ser humano, sua relação com o mundo e com Deus; (...) Surge hoje, com grande força, uma sobrevalorização da subjetividade individual. Independentemente de sua forma, a liberdade e a dignidade da pessoa são reconhecidas. O individualismo enfraquece os vínculos comunitários e propõe uma radical transformação do tempo e do espaço, dando papel primordial à imaginação. Os fenômenos sociais, econômicos e tecnológicos estão na base da profunda vivência do tempo, o qual se concebe fixado no próprio presente, trazendo concepções de inconsistência e instabilidade. Deixa-se de lado a preocupação pelo bem comum para dar lugar à realização imediata dos desejos dos indivíduos, à criação de novos e muitas vezes arbitrários direitos individuais, aos problemas da sexualidade, da família, das enfermidades e da morte (DA 44).[13]
O mesmo documento ainda afirmou que “com desafios e exigências, abre-se a passagem para um novo período da história” (DA 10). O caracteriza, entre outros, “pela desordem generalizada que se propaga por novas turbulências sociais e políticas, pela difusão de uma cultura distante e hostil à tradição cristã” (DA 10). Ao lado dessa ameaça cristã aponta também “a emergência de variadas ofertas religiosas que tratam de responder, à sua maneira, à sede de Deus que nossos povos manifestam” (DA 10).[14]
É aí que precisamos de novas luzes na ação e na reflexão da fé cristã (DGAE 2015-2019, n. 29). O papa Francisco, citando seu antecessor, nos ensina que
nos tempos atuais, não vêem senão prevaricações e ruínas. [...] Mas a nós parece-nos que devemos discordar desses profetas de desgraças, que anunciam acontecimentos sempre infaustos, como se estivesse iminente o fim do mundo. Na ordem presente das coisas, a misericordiosa Providência está-nos levantando para uma ordem de relações humanas que, por obra dos homens e a maior parte das vezes para além do que eles esperam, se encaminham para o cumprimento dos seus desígnios superiores e inesperados, e tudo, mesmo as adversidades humanas, converge para o bem da Igreja (EG 84).
A proposta de Francisco de Sales no Tratado vai de encontro a nossa realidade e ao anseio das pessoas, bem como ao desejo da Igreja. Não é pessimista, não instrumentaliza ou descarta o ser humano, não ignora o mundo presente com suas realidades nem o demoniza, não nega o Deus bíblico, mas o apresenta como amante do ser humano (OLIVEIRA, 1968, p. 9-12). É uma luz para a Vida Cristã em época de mudanças e mudança de época, pois Francisco viveu similar situação e sua proposta se apresentou como uma alternativa segura para o homem encontrar-se e viver feliz, amando a Deus com serenidade e confiança.[15]
A Igreja do Brasil entende que,
no atual período da história, marcado pela mudança de época, a missão assume um rosto próprio, com, pelo menos, três características: urgência, amplitude, inclusão. A missão é urgente em decorrência da oscilação de critérios. É ampla e includente, porque reconhece que todas as situações, tempos e locais são seus interlocutores. Até mesmo o discípulo missionário é, para si, um destinatário da missão, na medida em que está inserido nesta mudança de época, com referências flácidas e valores nem sempre efetivamente sedimentados (Mt 13,5-6.20-21). Trata-se, portanto, de suscitar, em cada batizado e em cada forma de organização eclesial, uma forte consciência missionária, sem a qual os discípulos missionários não contribuirão efetivamente para o novo que haverá de surgir na história (DGAE 2011-2015, 31).
Então, a obra de Francisco de Sales pode nos ajudar a viver este tempo de transição e de transformações profundas (DGAE 2015-2019, 19) despedindo-se do antigo para bem acolher o novo. Essa consciência missionária que deseja a Igreja, surge
do amor que recebemos de Jesus, aquela experiência de sermos salvos por Ele que nos impele a amá-lo cada vez mais. Com efeito, um amor que não sentisse a necessidade de falar da pessoa amada, de a apresentar, de a tornar conhecida, que amor seria? Se não sentimos o desejo intenso de comunicar Jesus, precisamos de nos deter em oração para lhe pedir que volte a cativar-nos (EG 264).
É deste amor que o Tratado fala. Uma experiência verdadeira que transforma a vida do batizado[16], pois “o verdadeiro amor não é ingrato, antes se esforça em comprazer a quem lhe compraz. De aqui nasce a conformidade dos que se amam, que nos torna tais, quais os objetos que amamos” (TAD, p. 343). Amar a Deus é o segredo para se ter esperança e para não perder o sentido da vida e da fé. Em meio a tantas ofertas, o cristão que faz a experiência do amor divino passa a viver somente para este amor: “é assim que se efetua o santo êxtase do verdadeiro amor, quando deixamos de viver segundo as razões e inclinações humanas, mas acima delas, segundo as inspirações e instintos do divino Salvador de nossas almas” (TAD, p. 322).
Pessimismo não tem a última palavra, nem mesmo falsa espiritualidade que mutila a ação do ser humano em vista do bem comum (OLIVEIRA, 1968, p. 23), porque o amor de que fala Francisco de Sales é “poderoso como a morte para nos fazer abandonar tudo; é magnificente como a ressurreição, para nos aureolar de honra e glória” (TAD, p. 433). É um amor operante, “forte como a morte” (TAD, p. 322), capaz de sustentar a pessoa nas mais difíceis tribulações dos tempos e da vida. É um amor que educa, que faz querer as coisas de Deus, o bem que está em Deus.[17]
Como disse Bento XVI (2011)
em uma época como a nossa, que busca a liberdade, também com violência e inquietudes, não deve escapar a atualidade deste grande mestre de espiritualidade e de paz, que entrega a seus discípulos o "espírito de liberdade", aquela verdadeira, no cume de um ensinamento fascinante e completo sobre a realidade do amor. São Francisco de Sales é um testemunho exemplar do humanismo cristão; com o seu estilo familiar, com parábolas que têm às vezes o bater das asas da poesia, recorda que o homem traz inscrita no profundo de si a nostalgia de Deus e que somente n'Ele encontra a verdadeira alegria e a sua realização mais plena.
Francisco cria que, se alguém assumisse o amor de Deus, por si mesmo amaria o outro sem impor condições. Sim, ele apresentou uma mística muito humana. Amor concreto, direto, urgente, pronto, simples, sem medo do mundo, apaixonado, forte, disposto a morrer se preciso for (TAD, p. 591-592). Amor que humaniza: “O homem é a perfeição do universo; o espírito, a perfeição do homem; o amor, a perfeição do espírito e a caridade, a perfeição do amor. Por isso o Amor de Deus é o fim, a perfeição e a excelência do universo” (TAD, p. 435). O ser humano não deve buscar a compreensão de si em si mesmo, nem nos grandes personagens da história, mas no Criador, em Deus: “somos criados à imagem e semelhança de Deus; e que quer dizer isto senão que temos uma extrema conveniência com a sua divina Majestade?” (TAD, p. 59).
Assim, pois, as relações humanas podem alcançar um equilíbrio a partir do amor que encontramos em Deus, do amor que precisamos devotar a Ele. Sim, o ser humano criado à imagem e semelhança de Deus possui o mais alto apreço porque é imagem e semelhança de Deus. Pessoas que se sentem valorizadas e amadas por Deus vão querer lutar por transformação social, pela mudança de culturas opressoras, por exemplo. Vão buscar seus direitos, vão gritar com quem lhes agride, vão se pôr contra um sistema dominador. Quem aprendeu a amar a Deus tem este amor como referência, e trata a si e o outro com dignidade
pelo amor de Deus, que a formou à sua imagem e semelhança, e a tornou, por conseqüência, capaz de participar pela sua bondade na graça e na glória; pelo amor de Deus, a quem essa criatura pertence, para quem é, por quem existe, em quem vive e com quem se assemelha dum modo particular (TAD, p. 469).
Por isso que a proposta do amor de Deus do Tratado não é abstrata, sentimentalista, intelectualista, desencarnada ou obsoleta. Os anseios e necessidades daquela mudança de época de Francisco de Sales de certa forma se repetem.[18] Também, de forma muito adequada o Tratado se faz atual. É uma obra de espiritualidade, de meditação, que conduz a uma contemplação na ação (TAD, p. 290-292). Em nosso tempo “é urgente recuperar um espírito contemplativo, que nos permita redescobrir, cada dia, que somos depositários de um bem que humaniza, que ajuda a levar uma vida nova. Não há nada de melhor para transmitir aos outros” (EG 264), lembra-nos o Papa Francisco.
Deus não pode ser substituído e nem a experiência de Deus pode ser condicionada aos novos métodos da modernidade, muitas vezes, a serviço de interesses individuais e egoístas. Da mesma forma, Deus não pode ser um desconhecido ou metamorfoseado para condizer a nossos gostos. O Tratado ajuda para que isso não aconteça. Sabemos que
as substituições de Deus são de sempre, mas estas nossas geraram-se na época salesiana: o progresso, a ciência, a política, o social, o amor... isto é,  a terra e o tempo, como se os dias fossem apenas tempo dos homens. Mas este homem continua apegado a um deus desconhecido, de que espera ansiosamente a revelação. Tendo o cuidado de evitar o erro do inatismo, devemos confessar que Deus se encontra no interior de cada homem histórico, no íntimo do homem actual: as manchas de ateísmo, que parecem aumentar dia a dia na sua atividade científica, confirmam, em última análise, que Deus continua preocupação para os homens de hoje (OLIVEIRA, 1968, p. 12).
O discípulo missionário quer apontar para o Deus que encontrou, que deu sentido à suas esperanças (Jo 1, 45). E o Tratado ensina a amá-Lo cada dia e cada vez mais. Por isso quando o cristão fala do Senhor, o seu anúncio se torna mais atraente. Cabe aqui lembrar a célebre frase de Karl Rahner (1980, apud LIBÂNIO, 2013): “Já se disse que o cristão do futuro ou será um místico ou já não será cristão”.  E a isso se presta o Tratado em todas as suas páginas. Quer fazer do cristão um místico, alguém que ama a Deus acima de todas as coisas, com obras, com atitude, com ação: “que estas expressões, Teótimo, pela graça e favor da caridade, escritas por teu amor, possam de tal modo insculpir-se em teu coração, que essa caridade encontre em ti o fruto das obras santas e não a folhagem dos louvores” (TAD, p. 594).
Numa mudança de época Francisco de Sales apresentou o amor de Deus no Tratado como luz, feito estrela guia a conduzir a uma vida e um mundo melhor segundo o Evangelho. Revisitando a obra, estando novamente numa mudança de época, a mesma estrela guia se põe em nosso firmamento existencial cristão e ilumina a noite escura das incertezas frente às novas questões, desafios e propostas que emergem.

A Constituição Pastoral Gaudium et Spes,  sobre a Igreja no mundo atual, começa com estas bonitas palavras:
As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração. Porque a sua comunidade é formada por homens, que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação em demanda do reino do Pai, e receberam a mensagem da salvação para a comunicar a todos. Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao gênero humano e à sua história (GS 1).
Já em 1965 se via que a humanidade vivia “uma fase nova da sua história, na qual profundas e rápidas transformações se estendiam progressivamente a toda a terra” (GS 4). Mas talvez, não se imaginava a velocidade e abrangência de tais mudanças. Transformações que clamariam pela presença do Evangelho, do Evangelho da Alegria.
E é com esta categoria evangélica da alegria, protagonizada hoje pelo Papa Francisco, que devemos transmitir a mensagem do Tratado na realidade pastoral do século XXI. Francisco de Sales bem afirmou que “a alegria abre o coração” (TAD, p. 344).[20] Portanto, o Tratado, como obra do coração de Francisco de Sales, deve ser apresentado com alegria aos corações de hoje, pois “nosso coração quando ama a Deus, saboreia as delícias desse amor e sente-se possuído de incomparável alegria por amar um objeto tão amável” (TAD, p. 412). E falar de “coração a coração” requer simplicidade, humildade e empatia.
Vemos que a Igreja está conclamada a viver radicalmente sua missionariedade (EG 19-49), que está chamada a “sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho” (EG 20). No Brasil, o Documento 100 da CNBB – Comunidade de comunidades: uma nova paróquia. A conversão pastoral da paróquia – fala dessa necessidade de sair, de ir ao encontro, de converter as estruturas petrificadas em dinâmica evangelizadora (n. 317-318). O Tratado é obra de um missionário que entendia que “as alegrias do amor excedem as tristezas da morte” (TAD, p. 221). Marcada está nossa realidade pela morte, pela violência, pela idolatria do dinheiro, pelo medo, pela banalização da vida, pela perca de sentido, pelo relativismo (DGAE 2015-2019, 20-27). Só um verdadeiro amor pode curar uma grande dor.[21] Sermos missionários da alegria e do amor de Deus é o que nos desafia a leitura e estudo do Tratado de São Francisco de Sales. A tradução prática disto resulta no testemunho de fé constante e perseverante, na defesa e promoção dos direitos de todos, na presença física e afetiva junto daqueles que o mundo descarta (migrantes, vítimas do tráfico humano, trabalhadores explorados, mulheres, deficientes, idosos, crianças, adolescentes e jovens, comunidades tradicionais, indígenas, afrodescendentes, ciganos, pescadores, ribeirinhos, extrativistas, populações de rua e outros), no cuidado com a natureza, na formação de pensadores e cultural, na atenção para com a família e para com os clamores do povo de Deus (DGAE 2015-2019, 109-127).
É preciso então, como se faz na leitura popular da Bíblia[22] e na leitura orante da Bíblia[23], organizar grupos de leigos, de religiosos dos mais diversos Institutos, de agentes de pastoral, para ler e refletir os livros e capítulos deste tratado. Francisco mesmo pedia para que cada capítulo fosse lido como uma carta sua, uma carta de amizade (RAVIER, 2000, p. 8). E a partir destas atividades, deixar-se iluminar pelas luzes que a obra traz e enriquecer-se com o amor de Deus (TAD, p. 22).
Cabe, a quem tem acesso a esta obra, popularizá-la e traduzi-la em linguagem atual (como fez Francisco de Sales), já que a maioria a concebe como de difícil leitura e entendimento. Isso, sem dispensar a leitura das traduções autorizadas, e sem banalizar o pensamento do mesmo. Retiros, encontros e reflexões comunitárias são ótimas oportunidades para que o espírito do Tratado seja comunicado aos cristãos que buscam adiantar-se no caminho do amor de Deus.
Sim, a mensagem do Tratado supera de muito suas letras e palavras. É mais o espírito de seu autor que fala. Então, quem quiser transmitir ao ser humano contemporâneo precisará criar intimidade com nosso santo e esforçar para viver Evangelho da Alegria conforme ele viveu. Investir mais nos meios de comunicação social é um bom modo, mas meios que nos aproximem de todos, principalmente dos excluídos da sociedade. Francisco ousou em seu tempo. Ousemos nós, agora, pois urge divulgar o espírito Salesiano do Tratado. Há ainda outros meios em que se faz necessário adentrar. Para quem fez a experiência de ser guiado pelo Doutor do amor de Deus e sua obra-prima, vê-se imbuído de torná-la conhecida para que mais irmãs e irmãos sejam Teótimos muito amados de nosso santo.

A história da vida da Santa Caridade (RAVIER, 2000, p. 4) transformou-se em um tratado. Um tratado que fez história, que falou do amor de Deus, daquele amor que o ser humano deve demonstrar para com seu Criador e Salvador. Ao fazermos memória dele neste quarto centenário de sua publicação, a inquietação por continuar ou começar uma nova história é plantada pelo Espírito Santo nos corações que conhecem esse caminho.
Falar ao mundo de hoje que o amor para com Deus dá sentido à existência e norte a jornada de cada qual nem sempre é fácil. O mundo parece cada vez mais hostil a esta ideia. Que mundo? O mundo do capital, onde o dinheiro é o senhor (Mt 6,24). No mundo dos pobres Deus é a única esperança e o caminho do seu amor, a salvação (Lc 21, 1-4). Sem querer repetir o que dissemos antes, mencionamos que o Papa Francisco nos dá a referência para o caminho a se fazer: ir às periferias existenciais (FRANCISCO, 2013, p. 123). Ir lá onde Deus ainda é importante, onde o amor se coloca acima de qualquer valor.
Nessa nova história precisamos conjugar o Tratado com os enfoques da Teologia atual. Falar do amor de Deus devotado pelo índio, pelo negro, pela mulher, pelos homossexuais, pelos jovens, pelos idosos, pelos aidéticos, pelos doentes e tantos outros; a partir da interculturalidade, da interreligiosidade, das diferenças continentais, dos pobres e excluídos, das famílias, das questões ecológicas; considerando os novos cenários da sociedade, as questões atuais, as urgências pastorais, o rosto desta humanidade (Mt 9,16-17; cf. Mc 2,22; Lc 5,38).
A própria conversão da Igreja, da pastoral, de cada cristão poderá ter no Tratado um grande instrumento, pois tal conversão implica a íntima relação com Deus (EG 264-274). O Tratado propõe, explica, toma pela mão a Sulamita de hoje e a conduz ao encontro do amado (TAD, p. 286). Esta Sulamita que somos nós, o ser humano contemporâneo, principalmente aquele que quer aperfeiçoar-se no amor a Deus, precisa conhecê-Lo melhor.[24]
Quatrocentos anos de Tratado: apenas memória ou tempo propício para uma nova história? Sim, tempo propício para uma nova história. A memória celebrada nos incita e compromete: “Àquele a quem muito se deu, muito será pedido, e a quem muito se houver confiado, mais será reclamado" (Lc 12, 48). Agradecidos que se tornam aqueles que enriqueceram com a leitura e experiência do Tratado, são incutidos de uma Boa Notícia, a mesma de Cristo, alegre e libertadora, que diz a todos: “Deus amou eternamente todo aquele que O amou, O ama ou amará temporalmente” (TAD, p. 131).





[1]Tomei o seu nome por guia e inspiração, no momento da minha eleição para Bispo de Roma” (LS 10).
[2] Embora também fosse o nome de seu padrinho de batismo, do seu pai e de sua mãe (RAVIER, 2000, p. 19-20).
[3]Vós sabeis que o dever do Conclave era dar um Bispo a Roma. (...) a comunidade diocesana de Roma tem o seu Bispo. (...) E agora iniciamos este caminho, Bispo e povo... este caminho da Igreja de Roma, que é aquela que preside a todas as Igrejas na caridade” (FRANCISCO, 2013).
[4] Francisco de Sales não aceitava que as elites se fechassem em si, fossem de padres ou de leigos, deviam encontrar-se a serviço do povo, que era preciso instruir, informar e educar. Também a cultura se destinava ao homem para que este se descobrisse e conscientizasse como cristão para viver na prática o Evangelho, em comunhão com Cristo, o Chefe (OLIVEIRA, 1968, p. 19).
[5]Pastor de uma diocese pobre e atormentada, em uma paisagem montanhosa da qual conhecia bem tanto a dureza quanto a beleza, ele escreve: ‘[Deus] o encontrei cheio de doçura e suavidade entre as nossas mais altas e ásperas montanhas, onde muitas almas simples o amavam e adoravam em toda a verdade e sinceridade; e veados e camurças corriam de lá para cá entre os gelos assustados para anunciar os seus louvores’ (Lettera alla Madre di Chantal, outubro de 1606, em Oeuvres, éd. Mackey, t. XIII, p. 223)” (BENTO XVI, 2011).
[6] “Francisco de Sales, na linha da compreensão do seu mundo para a esse mundo anunciar a verdade, aceita a intelectualidade do tempo como valor e serve-se dela. Os seus sermões e os seus tratados, como a sua acção pastoral quando bispo de Genebra, revelam um espírito bem esclarecido e instruído, que se procurou enriquecer continuamente para poder servir-se da cultura como arma apostólica” (OLIVEIRA, 1968, p. 18).
[7] As abelhas são a imagem da natureza que ele mais usa, a ponto de Lajeunie (1966, p. 333) chamá-lo de “abelha mística”.
[8] “O grande risco do mundo atual, com a sua múltipla e avassaladora oferta de consumo, é uma tristeza individualista que brota do coração comodista e mesquinho, da busca desordenada de prazeres superficiais, da consciência isolada. Quando a vida interior se fecha nos próprios interesses, deixa de haver espaço para os outros, já não entram os pobres, já não se ouve a voz de Deus, já não se goza da doce alegria do seu amor, nem fervilha o entusiasmo de fazer o bem” (EG 2).
[9] Para ele o dinheiro é como uma escada: se a levas sobre a cabeça, seu peso te esmaga, porém se a pisas com os pés, te eleva (LAJEUNIE II, 1966, p. 34).
[10] “A tristeza é quase sempre inútil e até contrária ao serviço do santo amor” (TAD, p. 565).
[11] “Somente graças a este encontro – ou reencontro – com o amor de Deus, que se converte em amizade feliz, é que somos resgatados da nossa consciência isolada e da autorreferencialidade” (EG 8).
[12] Em 1602, quando Francisco de Sales assumiu a diocese de Genebra, assumiu para si um programa pessoal de vida muito similar ao programa que Francisco de Roma assume para si e para a Igreja. Dentre elas, destacamos: Não usará roupas de seda ou algo mais fino do que tem vestido até então.  No dedo usará somente o anel pastoral para simbolizar seu casamento com a Igreja de Jesus Cristo. Na sua residência terá uma pessoa para acolher a todos, em especial, aos sacerdotes. Ela deverá ser cortês e acolhedora, terá o cuidado para não se irritar, bem como, não irritar ninguém. Assim as pessoas se acostumarão a tratar bem os outros; A casa do bispo será também a casa do clero. A comida será simples, mas limpa e sadia. Na mesa haverá rodízio de lugares e o mesmo para a bênção sobre os alimentos. Em dias solenes e de festas o bispo terá a preferência sobre a bênção. A respeito das esmolas aos pobres: cuidará para que elas sejam mais generosas no inverno. Às vezes é bom que o bispo as faça pessoalmente para sentir os pobres mais de perto. Na Quinta-Feira Santa oferecerá uma refeição aos pobres que participarem da missa do lava-pés; Fará a oração da noite junto com a família da residência episcopal (MOSTEIRO DA VISITAÇÃO DA BATALHA, 1954, p. 134-136).
[13] As Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora no Brasil (DGAE) 2015-2019, n.19-29, apontam características similares, porém mais localizadas e até mesmo mais negativas. Apenas no parágrafo n.19 reconhece avanços e conquistas. Nos parágrafos que seguem fala de riscos e conseqüências, de práticas preocupantes e de que o cristão precisa reagir. Reconhece “sinais de esperança” nos discípulos missionários no parágrafo 28 e termina com um chamado a recomeçar: “Este é um tempo para responder missionariamente à mudança de época com o recomeçar a partir de Jesus Cristo, com ‘novo ardor, novos métodos e nova expressão’, e com ‘criatividade pastoral’” (n. 29, itálico nosso).
[14]A hipótese de fundo, que de certa forma tornou-se generalizada, é de que não estamos simplesmente em uma época de mudanças, mas sim em uma mudança de época, em que a própria ética teológica não escapa de deslocamentos em seus referenciais. Estaríamos assim, diante de uma questão exigitiva de conceitualização, sistematização e síntese de novos referenciais constitutivos da ética” (ANJOS, 1996, p. 159).
[15] “Ele não buscava mais aquilo que podia ter de Deus; amava-o simplesmente, abandonava-se à Sua bondade. E isso será o segredo da sua vida, que transparecerá na sua obra principal: o Tratado do amor de Deus” (BENTO XVI, 2011).
[16] Pode-se por vezes pensar que a espiritualidade do Tratado e de outras obras de Francisco de Sales “seja destinada a uma espécie de subdesenvolvimento cristão, à massa amorfa que antes prefere sentir que pensar, que se deleita com vagos apelos a uma religiosidade romântica, onde o amor e a esperança são tintas esmaecidas. Mas se se atender quer ao fundo das obras citadas, explicadas especialmente pelos Sermões, quer ao conjunto de uma pastoral realista, dever-se-á concluir a favor de uma teologia certa e tradicional, onde o amor e a esperança são virtudes teologais e nunca divagações sentimentalistas. (...) E se esta semente inteiramente válida degenerou, mais tarde, em atitudes menos coerentes com a energia e força da Palavra de Deus aos homens, a culpa cabe a quem não soube estar atento para que tal não sucedesse. A deformação romântico-sentimental é um facto na vivência da fé, especialmente entre nós, e pode ser responsabilizada, em grande parte, pela descrença actual: num tempo que impôs a inteligência como padrão de eficiência e de produtividade, obra da revolução científica, se a fé anda reduzida a atitude emotiva e irracional, será olhada como fóssil que não entusiasma nem interfere com o homem actual. Se num tempo sem esperança, porém menos intelectualista, foi preciso apresentar a vivência cristã na esperança e no amor, insistindo em certos aspectos emotivos, essa lição do passado deverá ser hoje aproveitada para que  à vivência cristã se ministre aquela estrutura intelectual que ela possui e que ainda não perdeu nenhuma das suas potencialidades” (OLIVEIRA, 1968, p. 21-22).
[17] “Desejamos só o que amamos”, pois “o amor é a primeira complacência que sentimos pelo bem” (TAD, p. 31).
[18] “Neste ponto se insere a intelectualidade de Francisco de Sales: a inteligência anda encarnada na realidade humana e não põe de lado o que também no homem é valor: a vontade e a sensibilidade” (OLIVEIRA, 1968, p. 19).
[19] “Uma das características mais nítidas na acção pastoral de S. Francisco de Sales, que constitui o espírito salesiano: aceitar a realidade como ela é” (OLIVEIRA, 1968, p. 15).
[20] E afirmava numa de suas cartas que “Deus é o Deus da alegria” (Carta a senhora Brülart, março de 1605; OEA XIII, 16). (ALBUQUERQUE, 2013, p. 13).
[21] “A nossa tristeza infinita só se cura com um amor infinito” (EG 265).
[22] A leitura popular da Bíblia “é uma leitura que tem os pobres como intérpretes. O texto é incorporado à sua vida e sua vida ao texto. O texto é percebido como fruto de uma comunidade que luta pela Vida, que crê em um Deus da Vida. Para eles a Palavra de Deus  não está nas letras das escrituras, mas na leitura das escrituras que atualiza a ação salvífica, protetora e libertadora de Deus para com os pobres, que permita que eles também experimentem essa presença e essa ação que fundamenta a fé de Israel e de Jesus” (DIETRICH, 2007, p. 13)
[23] A leitura orante é um método de leitura que os Padres da Igreja praticaram e recomendaram e que hoje se retoma novamente. Também é chamada de Lectio Divina. É “a leitura da Bíblia que alimenta a fé, a esperança e ao amor. Não se trata só de ler a Bíblia, mas de rezá-la. Leitura e oração são inseparáveis. (...). Na leitura orante, a Palavra de Deus é ouvida, meditada, rezada e encarnada. Abre para uma profunda experiência de Deus. Pode ser chamada também de leitura mistagógica. Introduz ao mistério de Deus. É uma leitura mais na linha existencial que racional” (MOSCONI, 1996, p. 53).
[24] “O conhecimento é essencial para se produzir o amor, visto nunca podermos amar o que não conhecemos: à medida que aumenta o conhecimento reflectido do bem, mais cresce o amor, desde que nada obste ao seu desenvolvimento. Sucede, porém muitas vezes que, tendo o conhecimento produzido o amor divino, o amor não se limita ao conhecimento que está na inteligência, passa adiante e avança muito para além dele, de sorte que nesta vida mortal podemos ter mais amor, do que conhecimento de Deus” (TAD, p. 255).


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