O progresso do cristão no propósito de amar a Deus segundo o Tratado de São Francisco de Sales

No Tratado Francisco se dirige a Teótimo “o próprio espírito humano que deseja fazer progressos no amor de Deus” (TAD, p. 15). Assim, pois, fica bem dito que há um processo a ser feito por quem deseja amar a Deus, um processo gradual, portanto, progressivo. É isso que vamos abordar. Para iniciar faz-se necessário definir o que Francisco de Sales entende como “amor” nesta sua obra. Depois, vamos abordar o amor de Deus para com a humanidade, uma vez que isso permeia todo o Tratado. O próximo passo será entender porque esse amor é o centro da vida cristã. Centrando-se no processo progressivo do amor divino descrito por Francisco, falaremos de como nasce o amor de Deus no coração humano e de como esse amor progride e se aperfeiçoa. Por fim, que relação tem o amor de Deus com o amor do próximo, já que dado tal importante não foi esquecido pelo santo autor.
Ao longo da obra Francisco dá várias definições do que é amor de Deus. Elas estão dentro do duplo esforço que ele empreende para levar as pessoas a este amor (RAVIER, 2000, p. 10). Esforço que, primeiro, consiste em ancorar o amor divino nas experiências de amor humano e, segundo, apresentá-lo num aspecto atrativo (RAVIER, 2000, p. 10).
Como hábil diretor espiritual, ele nos convence de que o amor é “a vida da alma”, a vida da pessoa (TAD, p. 444) e a leva a compreender que tudo na Criação segue esta lei, inclusive considera um amor, ainda que insensível, o que se pode comparar como a atração do ferro pelo imã (RAVIER, 2000, p. 10-11).
No primeiro livro, cap. VII, ele descreve o amor “à semelhança duma árvore, cuja raiz é a conformidade da vontade com o bem; o pé é a complacência; o tronco, o impulso para o bem: as exigências, tentativas e esforços para o atingir são os ramos; a união e o gozo na posse é o fruto” (TAD, p. 38). Vai mais fundo quando aplica essa imagem ao amor humano: “a complacência e a efusão da vontade na coisa amada é o amor; ainda que a complacência não seja senão o princípio do amor, e o movimento ou efusão do coração, que se segue, seja o verdadeiro amor” (TAD, p. 39).
Há outra grande definição que ele deixa no primeiro capítulo do último livro:
Quanto a mim, refiro-me neste Tratado ao amor sobrenatural que Deus derrama em nossos corações pela sua bondade, e cuja morada está na suprema ponta do espírito; ponta que é superior a todo o resto de nossa alma, e que é absolutamente independente de toda a compleição natural (TAD, p. 572).
Fica, portanto, como um dom que vem de Deus e se faz “um ato de nossa vontade” (TAD, p. 47). E porque queria enfatizar que este dom é ativo, eficaz e fervoroso não usou o termo dileção, mas amor, explicando que “o nome de amor, como perfeito, foi justamente dado à caridade, como principal e mais eminente de todos os amores; por todas essas razões, pois, e por pretender falar dos actos da caridade mais do que do hábito dela, chamei a esta pequena obra, Tratado do amor de Deus” (TAD, p. 59).
Amor de Deus quer dizer amor para com Deus. O ser humano ama por sua vontade, acolhe e deseja realizar este ato[1]. Então é uma faculdade da alma, na verdade, “é a vida da alma” (TAD, p. 444). E por mais que isso seja forte, as definições não se encerram aqui, porque essa “vida da alma” pode ser constatada de forma mais palpável, uma vez que o amor é definido também como “a primeira complacência que sentimos pelo bem” (TAD, p. 31), que “não é outra coisa senão o movimento e inclinação do coração para o bem por meio da complacência que se tem nele; de sorte que a complacência é o grande móbil do amor, como o amor é o grande movimento da complacência” (TAD, p. 207). Deus é esse soberano Bem (TAD, p. 298).
André Ravier (2000, p. 14) destaca que dessa compreensão provém uma característica muito importante que é o destino final de todas as coisas, uma vez que o amor passa a ser “‘uma virtude unitiva’, o que quer dizer que nos leva à perfeita união com o soberano bem” (TAD, p. 298). Essa “idéia de pertença por amor é muito bíblica. Não é outra coisa senão a Aliança” (RAVIER, 2000, p. 13).
Francisco de Sales fala de paixões, aquilo que se quer com todo o ser. Para ele “o amor é o princípio e a origem de todas as paixões” (TAD, p. 282). Ele principia no coração.[2] E, “porque penetra, traspassa até o fundo da vontade, onde tem a sua sede, diz-se que fere o coração” (TAD, p. 282). O amor fere o coração com dolorosas feridas de muitas espécies:
1ª as primeiras setas que recebemos do amor chamam-se feridas, porque o coração que, enquanto não amava, parecia são, inteiro, apenas tocado de amor começa a dividir-se, a separar-se de si mesmo para se dar ao objeto amado.
E esta separação não se pode operar sem dor, porque a dor não é mais do que a separação de duas coisas que vivem unidas uma à outra.
2ª o desejo estimula e fere incessantemente o coração em que está (...).
3ª além disso, no amor de Deus, há uma espécie de ferida, que o Senhor produz algumas vezes na alma que deseja aperfeiçoar. Dando-lhe sentimentos admiráveis e graças inefáveis que a incitam amá-lo, ela lança-se com tal ímpeto que parece querer voar para o seu divino objeto: mas como não o consegue, porque nunca chega a amar a Deus tanto quanto deseja, por essa razão sente uma dor violenta e indizível (TAD, p. 283-284).
Assim, “a principal característica do amor consiste em sofrer aquele que ama, por aquele que é amado” (TAD, p. 391). Mas também faz sentir prazer. Não um prazer que se esgota em si mesmo. Mas aquele que “leva-o a copiar-lhe as qualidades” (TAD, p. 344). No sofrimento ou no prazer, o amor leva a imitar o amado: “os Santos foram transformados com muita rapidez e perfeição porque, amando muito a Jesus, refletiam no seu coração as virtudes e o amor que o Senhor lhes transmitia” (TAD, p. 345).
Amar a Deus é dar-se a ele e deixar-se guiar por ele:
O amor é o mestre que mais insta e mais persuade o coração, de que tomou posse, a obedecer à vontade e às intenções do seu amado. O amor é um magistrado que exerce o seu poder sem violências, nem jurados, nem polícias, só pela mútua complacência pela qual desejamos agradar a Deus como Ele nos agrada a nós. O amor é o resumo de toda teologia (TAD, p. 345-346).
Tendo esse amor, o ser humano encontra o horizonte, a razão e o sentido de sua vida. Encontra a vida, porque “o amor é a vida do nosso coração. E como o pêndulo dá movimento a todas as peças do relógio, também o amor dá à alma todos os movimentos que ela tem” (TAD, p. 560). Assim, o ser humano não se sente perdido, mas amado. Livre, porque é bom poder e precisar amar.[3]

Há uma convicção primordial e indubitável que perpassa o Tratado de São Francisco de Sales: Deus ama o ser humano. E se é possível progredir como cristão, outro modo não há do que apropriando-se deste amor, pois o cristão progride no propósito de amar a Deus quando se deixa envolver pelo amor do Salvador que “aspira a nossa salvação” (TAD, p. 88). A Criação, a Encarnação, a Redenção e atividade da Providência revelam o quando Deus nos ama e a grandiosidade de sua bondade (RAVIER, 2000, p. 18-19).
Francisco exclama: “Teótimo, como o divino Coração é apaixonado pelo nosso amor!” (p. 89). E segue descrevendo: “o seu amor é infinito” (TAD, p. 91).[4] Ele nos deseja: “notai, porém, Teótimo, com que ardor deseja Deus que sejamos seus, pois que por este motivo. Se tornou todo nosso dando-nos sua morte e a sua vida; a vida para que fôssemos isentos da morte eterna; e a sua morte para que possamos gozar da vida eterna” (TAD, p. 152-153). Deus “nos amou para que fôssemos santos” (TAD, p. 92). É um amor ciumento como o de esposos que não aceita separação (TAD, p. 472). E ele nos chama a amá-lo por amor de nós (TAD, p. 473).
 “O seu amor para conosco é um abismo incompreensível” (TAD, p. 199), só mesmo a experiência pode comunicar algo a respeito. Essa experiência é querida e “primeireada”[5] pelo próprio Deus que, “no seu amor para conosco, começa sempre pela benevolência, querendo e operando todo o bem que há em nós para nele em seguida se comprazer” (TAD, p. 224). Deus tem alegria em nos amar e por nós está disposto até mesmo a sofrer, feito a Sulamita que pena de amor sem saber onde está o seu amado (TAD, p. 283).
Desta antecipação de Deus a Bíblia está repleta. A Sagrada Escritura mostra como, em cada momento da história da salvação, o Senhor tomou a iniciativa. Entretanto, “o mais elevado grau do amor de Nosso Senhor à humanidade” está “na Paixão e Morte que por nós sofreu” (TAD, p. 391). Jesus é o maior exemplo do amor de Deus por nós, por isso se tornou “o nosso amor, e o nosso amor é a vida de nossa alma” (TAD, p. 316).
Francisco, no capítulo XVII do livro X, chega a perguntar: “que não fez o Senhor em matéria de amor?”. E responde, extensivamente, a partir dos evangelhos:
1º - Amou-nos com o amor de complacência, porque cifrou as suas delicias em estar com os filhos dos homens e atrair o homem a si, fazendo-se homem como ele. 2º - Amou-nos com o amor de benevolência, derramando a própria Divindade no homem, elevando o homem até Deus. 3º - Uniu-se a nós por uma incompreensível conjunção, aderindo e ligando-se à natureza tão fortemente, indissoluvel­mente e infinitamente, que coisa alguma foi jamais tão unida e ligada à humanidade, como o é agora a augustíssima Divin­dade na Pessoa do Filho de Deus. 4º - Derramou-se todo em nós, e por assim dizer, abis­mou a sua grandeza, para a reduzir às mesquinhas propor­ções da nossa pequenez; (...) 5º - Esteve em êxtase, (...) esqueceu-se de si, abstraiu-se de si, despojou-se da própria grandeza, da sua glória, apeou-se do trono da sua incompreensível majestade, (...), aniquilou-se, para descer até à nossa humanidade e encher da sua Divindade o nosso ser, saciar-nos de sua bondade suprema, elevar-nos à sua dignidade, e dar-nos a divina natureza de filhos de Deus. 6º - Admirou muitas vezes por dilecção, como fez com o Centurião e a Cananéia. 7º - Atentou no jovem que até então observara os man­damentos e desejava adiantar-se na perfeição. 8º - Descansou amorosamente em nós, e até com sus­pensão de sentidos no ventre de sua puríssima Mãe, e durante a sua infância. 9º - Teve incomparáveis ternuras para as criancinhas, que abraçava, acalentando-as com amor; para Marta e Madalena, para Lázaro, por quem chorou, como pela cidade de Jerusalém. 10º - Animou-se de incomparável zelo, que, como diz S. Dionísio, se converteu em ciúme, desviando, enquanto nele habitou, todo o mal da sua muito amada natureza humana, com perigo e à custa da própria vida; afugentando o diabo, rei do mundo, que parecia ser seu rival e companheiro. 11º - Teve milhares de amorosos desfalecimentos; (...) Por isso esteve triste e suou o sangue da agonia no Jardim das Oliveiras, não só em virtude da extrema dor, que a sua alma sentia na parte inferior da razão, mas pelo supremo amor que nos dedicava na parte superior dela: a dor dava-lhe o horror da morte e o amor um extraordinário desejo de a consumar. (...) 12º - (...) morreu no meio das chamas e ardores da dilecção, pela caridade que tinha por nós e pela força e virtude do amor, isto é, morreu amando, morreu por amor e de amor. (...) Foi, portanto, o sacrificador da própria existência, foi quem a ofereceu a seu Pai, e se imolou em amor, ao amor, para o amor, pelo amor e de amor (TAD, p. 489-493).
Tudo isso ele fez por amor. E nisso está expresso de modo extraordinário o amor pela humanidade.

O amor é o centro da vida cristã porque sobre ele está assentado todo o ensinamento de Cristo e da Igreja (TAD, p. 10).[6] “Se não tivesse a caridade, eu nada seria” (1 Cor 13, 2), nenhum cristão seria algo. A Sagrada Escritura deixa bem expressa essa ordem de Cristo: “Quem tem meus mandamentos e os observa é que me ama; e quem me ama será amado por meu Pai. Eu o amarei e a ele me manifestarei” (Jo 14, 21); “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15, 12). Jesus várias vezes repetiu o pedido “permanecei em meu amor” (Jo 15, 9). Amor a Deus e ao próximo.
O amor é o centro da vida cristã porque nos leva a realizar a vontade de Deus (TAD, p. 245). Sim, “o amor divino conforma-nos, por conseqüência, à vontade de Deus e inspira-nos extremo cuidado na observância dos seus mandamentos, por constituírem um absoluto desejo da sua divina majestade, à qual queremos obedecer” (TAD, p. 356). Uma alma verdadeiramente cristã é aquela que tem o amor de Deus (TAD, p. 501).
No plano da Criação foi o amor que tudo plasmou. Esta concepção leva Francisco a dizer no Tratado uma das coisas mais belas em relação ao ser humano: "O homem é a perfeição do universo; o espírito é a perfeição do homem; o amor é a perfeição do espírito, e a caridade a perfeição do amor. Por isso o amor de Deus é o fim, a perfeição, a excelência do universo" (TAD, p. 435).[7] E ele radicaliza esta afirmação com a que segue: “Não podemos ser verdadeiros homens sem a inclinação de amar a Deus mais do que a nós mesmos, nem verdadeiros cristãos, sem pôr em prática essa inclinação” (TAD, p. 467).
Não há cristão se não houver esta primazia do amor divino. Sem amor reinante não há, até mesmo, ser humano.  Porque é o amor que dá o verdadeiro valor aos atos do amor humano (TAD, p. 202). O amor é a força motriz de todo cristão (TAD, p. 235). “Viver segundo Deus é amar” (TAD, p. 89), por isso, “basta que amemos a Deus com todo o coração e com as forças de que podemos dispor” (TAD, p. 439), insiste o Tratado.

São Francisco de Sales, sem rodeios, afirma: “o amor dos homens para com Deus tem a sua origem, o seu progresso e a sua perfeição no amor eterno de Deus para com os homens” (TAD, p. 189). É a primeira frase do capítulo que traz como título “Devemos reconhecer como vindo de Deus todo o amor que lhe consagramos” (TAD p. 189). Essa é uma das convicções do bispo de Genebra. Sim, amamos a Deus porque Ele nos ama “porque o nosso amor para com Ele é o efeito próprio e particular do seu amor para conosco” (TAD, p. 140).[8]
O homem foi feito para Deus e Deus se faz todo do homem. Um e outro são amante e amado, se bem que o amor de Deus é muito superior ao do homem.[9] Há uma conveniência entre o homem e Deus[10], Deus e o homem[11] e “a conveniência, pois, do amante com a coisa amada é a primeira origem do amor, e esta conveniência na correspondência não é outra coisa senão a mútua relação que torna as coisas aptas a unirem-se, para reciprocamente se comunicarem qualquer perfeição” (TAD, p. 43).
Como nasce esse amor? “O amor nasce da correspondência e proporção, que consiste em que pela união dum objeto a outro, ambos possam tornar-se mutuamente mais perfeitos e melhores” (TAD, p. 43). Sendo Deus, “o Deus do coração humano” (TAD, p. 59)[12] e o coração “sede e origem do amor” (TAD, p. 46)[13], “o amor que dedicamos a Deus tem a sua origem na primeira complacência que o nosso coração sente quando, ao aperceber-se da divina Bondade, começa a tender para ela” (TAD, p. 214).
O amor divino “é, na verdade, o último nascido entre todos os afectos do coração humano; pois, segundo diz o Apóstolo aparece primeiro o que é animal e só depois o que é espiritual. Este último nascido herda toda a autoridade” (TAD, p. 36). Para Francisco “o amor sagrado é um filho milagroso, porque a vontade humana não pode concebê-lo, se o Espírito Santo o não comunica aos nossos corações” (TAD, p. 36). E ele ilustra esta comparação com os personagens bíblicos Isaac, Jacó e José, filhos sobrenaturais de Sara, Rebeca e Raquel.
Francisco segue a tradição agostiniana de que “temos uma inclinação natural para amar a Deus sobre todas as coisas” (TAD, p. 61)[14], mas precisamos da graça celeste e de que a santa caridade nos revista para podermos ter a felicidade de amar a Deus como convém (TAD, p. 64). Como Deus deseja esse amor, também nos ajuda: “Sejamos, pois, atentos, Teótimo, em caminhar no amor que devemos a Deus; porque o amor que Ele tem por nós jamais nos faltará” (TAD, p. 99).
Esse amor conhece o caminho das virtudes teologais: “A fé nos mostra que devemos amar a Deus, é esta a inclinação que temos, embora não conhecíamos antes de a tê-la” (TAD, p. 111). Conhecendo-o, nele esperamos e a ele aspiramos, e assim, mais o amamos. Eis que tudo isso se resolve em amor (TAD, p. 114).[15] Da fé passamos à esperança. O amor esperança é interesseiro, positivamente interesseiro (TAD, p. 116), por isso necessário, mas não perfeito, ainda: “na esperança o amor é imperfeito, porque não aspira à sua bondade infinita como tal, em si mesma, mas só enquanto tal, a nosso respeito” (TAD, p. 117). Eis que a perfeição se tem na caridade: “pela caridade amamos a Deus por amor dele mesmo, em consideração da sua bondade sumamente amável” (TAD, p. 131). E é a esse estado que o cristão deve aspirar, deve fazer crescer este amor que nascera em seu coração.
Retomando o que disse na Filoteia, Francisco mostra que esse amor para com Deus não encontra empecilhos nas ocupações particulares de cada pessoa.[16] Deus não complica, apenas quer nos fazer crescer:
Tal é o amor que Deus tem às nossas almas, tal é o seu desejo de fazer-nos crescer naquele que lhe devemos consagrar, que a sua divina Bondade torna úteis para nós todas as coisas, serve-se de tudo para o nosso bem, e volve em nosso proveito os trabalhos, por vis e mesquinhos que sejam (TAD, p. 140).
Bem sabemos que a pessoa humana tem suas limitações e que nem sempre consegue ser constante e invariável. Francisco encontra uma explicação para isso: “nós amamos a Deus com intermitências, porque nesta vida mortal a caridade existe em nós só à maneira de hábito, de que usamos quando nos apraz, mas nunca contra a vontade” (TAD, p. 181). Para crescer neste hábito, além da abertura e docilidade de coração, que Francisco chama de complacência[17], alguns exercícios ajudam muito. O principal deles recebe o nome de benevolência: “o nosso amor para com Deus começa (...) pela complacência que temos na suma bondade e infinita perfeição que sabemos existirem na Divindade; em seguida, passamos ao exercício da benevolência” (TAD, p. 225). Benevolência é o bem que desejamos a alguém, é querer bem (TAD, p. 56).[18] Mas, que bem podemos desejar a Deus?
Verdadeiramente nenhum bem podemos desejar a Deus, porque a sua bondade é infinitamente mais perfeita que tudo quanto pudéssemos desejar ou imaginar. (...) Não podendo, pois, em absoluto, desejar coisa alguma para Deus, formamos desejos imaginários e condicionais, por este modo: Eu disse ao Senhor: Vós sois o meu Deus, porque possuindo a plenitude da vossa infinita bondade não tendes necessidade dos meus bens nem de coisa alguma, mas se, por impossível, eu pudesse pensar que precisáveis de algum bem, nunca cessaria de vo-lo desejar à custa da minha vida, do meu ser e de tudo quanto existe no mundo. (...) Há ainda uma espécie de benevolência para com Deus quando, ao considerar que não podemos engrandecê-lO n'Ele mesmo, desejamos engrandecê-lO em nós, fazendo crescer mais e mais e sempre a complacência que temos em sua divina bondade (TAD, p. 225-226).
Francisco de Sales também chama esses exercícios de afetivo e efetivo. Por meio do afetivo amamos a Deus e o que ele ama, pois ele liga-nos à bondade de Deus, “enche-nos de complacência, de benevolência, de transportes, de anelos, de suspiros e de ardores espirituais” (TAD, p. 245), fazendo unir o nosso espírito com o de Deus e deleitar-nos em Deus. Com este amor afetivo concebemos e “colocamos Deus sobre o nosso coração, como estandarte de amor a qual todas as nossas afeições se submetem” (TAD, p. 245). Por meio do amor efetivo servimos a Deus e fazemos o que ele ordena; ele liga-nos à bondade de Deus, faz-nos executar a sua vontade e “difunde em nós a sólida resolução, a firmeza de ânimo e a inviolável obediência requerida para cumprir, sofrer, aceitar, aprovar e abraçar tudo o que provém de sua santíssima vontade” (TAD, p. 245); faz-nos agradar a Deus; com ele produzimos e colocamos Deus “sobre o nosso braço como espada de amor pela qual praticamos todas as virtudes heróicas” (TAD, p. 245).
Ainda falando do nascimento do amor de Deus no coração humano, o Tratado diz que “o amor é o pai da contemplação” (TAD, p. 255). Ao falar isto, Francisco está abordando os exercícios do santo amor na oração, do qual fazem parte a contemplação e a meditação. Contemplar é um exercício de embebedar-se de Deus. E só se embriaga quem o ama no exercício de concentrar-se em seu amor, meditar: “A meditação é a mãe do amor, mas a contemplação é sua filha” (TAD, p. 254). A meditação também gera o amor, e deste amor vem a graça da contemplação[19]. O nosso coração fica bêbado quando encontra com a fonte infinita de amor que é o próprio Deus: “o nosso coração quando ama a Deus saboreia as delícias desse amor e sente-se possuído de incomparável alegria por amar um objeto tão amável” (TAD, p. 412).
E assim,
quando aumentamos e reforçamos esta primeira complacência pelo exercício do amor, como já dissemos nos capítulos precedentes, atraímos ao nosso coração as perfeições divinas e gozamos da divina Bondade pela satisfação que nela encontramos. Sentimos então o contentamento amoroso que a Esposa sagrada exprime assim: o meu amado é meu (TAD, p. 214).
Nosso coração foi feito para amar, “o coração humano é sem dúvida o verdadeiro cântico do amor sagrado; ele próprio é a harpa e o saltério” (TAD, p. 412). Uma vez que nasceu a canção do amor ela tende a reinar no cume do espírito dos fieis (TAD, p. 400).[20] Entretanto, isso depende de nós. Sim, seu crescimento e seu fervor é sempre inspirado por Deus, mas cabe a cada um favorecer a graça divina que não violenta nossa vontade (TAD, p.  37). Por isso é possível esfriar esse amor, enfraquecê-lo (TAD, p. 184). E essa perca do amor se dá quando preferimos dar nosso amor em primeiro lugar a outro que não Deus (TAD, p. 180-181).[21]

O Tratado do Amor de Deus é prático (RAVIER, 2000, p. 12). Ao falar do amor, diz que ele é “naturalmente ativo e, sem exercício, não poderá durar muito” (TAD, p. 180). Então, é por meio de exercícios que ele se manterá ativo, progredirá e aperfeiçoará. Não de maneira tíbia, pois “é o amor de excelência ou a excelência do amor que é imposto a todos os mortais em geral, e a cada um em particular, desde que atinjam o pleno uso da razão; amor suficiente para cada um e necessário a todos, para se salvarem” (TAD, p. 453).
Francisco fala de duas formas de progresso e aperfeiçoamento: “o amor de Deus aumenta progressivamente, de grau em grau e de perfeição em perfeição, segundo o desenvolvimento que lhe damos pelas nossas obras ou pelo recebimento dos Sacramentos” (TAD, p. 184). Portanto, é indispensável os Sacramentos e as obras embebidas de amor. Quem faz crescer este amor não são simplesmente as obras ou exercícios que realizarmos, mas a ação do Espírito Santo (TAD, p. 185) que é o amor do Pai e do Filho (TAD, p. 170). O amor provém de Deus e nada se faz ou se alcança sem Ele.
Nas formas de amar, também progredimos à medida que nos damos conta do modo como estamos amando:
1º Amar a Deus nas consolações é um bom amor, quando sinceramente se estima a vontade de Deus e não a consolação em si mesma. No entanto, é um amor sem obstáculos, sem contradições nem esforço e, por conseguinte, é fácil e grato seguirmos essa vontade.
2º Amar a vontade divina nos seus mandamentos, nos conselhos e inspirações, é um segundo grau de amor, já mais perfeito, porque importa a renúncia da vontade própria e leva-nos à abstenção e à renúncia, senão de todos, pelo menos de alguns prazeres.
3º Amar os sofrimentos e tribulações por amor de Deus, é o mais elevado grau de caridade. Não há aqui senão o amor da vontade divina, e por isso a nossa natureza há de opor-lhe sempre grande resistência, não só porque suprime todos os prazeres, mas porque abraça os tormentos e os trabalhos. (TAD, p. 391-392).
O Tratado não deixa esquecer que “entre todas as práticas do perfeito amor, a que se faz pelo consentimento do espírito nas tribulações espirituais é indubitavelmente a mais alta e delicada” (TAD, p. 394). É uma forma de sermos criaturas, filhos de Deus, totalmente pertencentes a Ele.
Outra forma de progredir é conhecer, pois “o conhecimento é essencial para se produzir o amor, visto nunca podermos amar o que não conhecemos; à medida que aumenta o conhecimento refletido do bem, mais cresce o amor, desde que nada obste ao seu desenvolvimento” (TAD, p. 255). Este conhecimento se dá pela oração, meditação e contemplação.
A oração “é uma conversação pela qual a alma se entretém amorosamente com Deus da sua amabilíssima bondade para se unir e aderir a ela” (TAD, p. 247). Dela provém a meditação e a contemplação. A meditação é “um pensamento atento, reiterado ou conservado voluntariamente no espírito, a fim de exercitar a vontade a afetos e resoluções santas e salutares” (TAD, p. 250). A contemplação é “uma amorosa, simples e permanente atenção do espírito às coisas divinas” (TAD, p. 253). E sobre a contemplação, acrescenta Francisco: “Tendo o amor excitado em nós a atenção contemplativa, esta atenção produz um amor mais intenso e ardente, que é finalmente cumulado de perfeições, ao gozar da coisa amada” (TAD, p. 255).
Não podemos ignorar que o amor divino cresce na vida do cristão à medida que esse corresponde à graça de Deus: “quem ignora que no amor sagrado se cresce e que amor dos Santos é mais perfeito no fim do que em seus inícios?” (TAD, p. 441). E este crescimento segue a dinâmica de nossa vida, com nossas diferenças e com os altos e baixos da existência[22]: “Teótimo: não só entre os que amam a Deus com todo o seu coração há uns que O amam mais, outros menos, mas a mesma pessoa, às vezes, excede a si própria no exercício do amor de Deus sobre todas as coisas” (TAD, p. 441).
A perfeição não nos é exigida por Deus, por isso não precisamos nos afligir:
o que Deus exige de nós é que entre todos os nossos amores seja o seu o mais cordial, isto é, o que domina todo o coração; o mais afetuoso, ocupando-nos toda a alma; o mais geral, pondo em jogo todas as nossas potências; o mais alevantado, dominando todo o nosso espírito; e o mais firme, aplicando toda a nossa força e vigor. Visto que por ele escolhemos e elegemos a Deus por soberano objeto do nosso espírito, é um amor de soberana eleição, ou uma eleição do soberano amor (TAD, p. 452).
Também não chegaremos à plenitude do amor de Deus enquanto cumprimos nossa missão: “podemos começar o nosso amor a Deus neste mundo, mas só o amaremos perfeitamente no outro” (TAD, p. 153). No entanto, isso não nos freia o empenho nem esfria o ardor. Deus é e sempre será nosso principal e primeiro amor: “Entre todos os amores, o de Deus deve ser de tal modo preferido e extremado que não havemos de pôr dúvida em abandoná-los a todos por este, apenas” (TAD, p. 454).[23] Aconteça o que acontecer, sempre Deus em primeiro lugar, pois, como diz o Tratado, “a prova irrefutável de que não amamos senão a Deus em todas as coisas, é amá-lo igualmente em todas as coisas” (TAD, p. 448).[24]
No Livro XII, Alguns conselhos para o progresso da alma no santo amor (TAD, p. 571-594), Francisco fala especificamente de processo de progressão e aperfeiçoamento do cristão no amor de Deus.  Deixa claro que 1) o progresso no santo amor não depende da nossa inclinação pessoal (compleição natural); 2) que é preciso ter um contínuo desejo de amar a Deus sobre todas as coisas, suprimindo os outros desejos que querem se elevar a este patamar e empregando todas as ocasiões na prática do divino amor, cientes que as ocupações legítimas de cada um em nada atrapalham; 3) o segredo está sempre em realizar tudo buscando fazer o melhor que se possa para bem servir a Deus, afetiva e efetivamente, por orações e ações, a exemplo de tantos santos; 4) ele exorta que o nosso livre arbítrio deve ser entregue (usa a imagem do sacrifício) a Deus, a fim de vivermos somente para o divino Amante; 5) admoesta a considerar os muitos motivos para o santo amor que foram descritos ao longo do Tratado e que estes devem ser empregados, depois de termos considerado cada um deles em geral, a nós em particular, considerando os benefícios divinos em sua primeira e santa origem e na sua segunda causa meritória, a salvação trazida por Jesus Cristo; por fim, 6) ele conclui que a Morte e Paixão de Jesus é o motivo mais suave e mais violento que pode mover os nossos corações nesta vida mortal.

A relação entre o amor de Deus com o amor do próximo é intrínseca. No Tratado do amor de Deus Francisco deixou um capítulo no livro décimo para falar especialmente deste assunto. Conta-se que o santo teria o desejo de escrever uma obra específica sobre este tema[25]. Mas não o chegou a fazer por causa de sua morte aos 55 anos de idade, cinco anos após a publicação do Tratado. Mesmo assim, o pouco que há é verdadeiro e esplêndido. Para ele, do amor de Deus, “da santa caridade deriva o amor do próximo” (TAD, p. 467). Sim, “amamos o próximo enquanto é a imagem e a semelhança de Deus” (TAD, p. 468). Amamos Deus no outro: “amar o próximo, por caridade, é amar a Deus no homem, ou o homem em Deus. É estimar a Deus, pelo amor de si mesmo, e a criatura por amor Dele” (TAD, p. 468).[26]
Deus quer ser amado nos homens e mulheres. Neles ele está e neles ele pode ser amado e glorificado, servido e honrado:
quando contemplamos o nosso próximo, criado à imagem e semelhança de Deus, devíamos dizer uns aos outros: Reparai para esta criatura, como ela se parece com o nosso Criador! E devíamos abraçá-la com carinho, rodeá-la das nossas atenções e chorar de amor por ela; devíamos rogar a Deus que lhe concedesse mil bênçãos (TAD, p. 469).
Deus foi carinhoso com a humanidade, com cada um e com o próximo de cada qual. A cada pessoa “formou a sua imagem e semelhança, e a tornou, por conseqüência, capaz de participar pela sua bondade na graça e na glória” (TAD, p. 469). Então, “pelo amor de Deus, a quem essa criatura pertence, para quem é, por quem existe, em quem vive e com quem se assemelha dum modo particular” (TAD, p. 469) devemos amá-la e servi-la.[27]
Como sempre, Deus não apenas ordena, mas Ele nos socorre para que seus mandamentos sejam cumpridos: “o amor divino não só recomenda com insistência o amor ao próximo, mas o difunde e inspira no coração humano, como imagem e semelhança do seu próprio amor” (TAD, p. 469). Assim como o homem é a imagem de Deus, assim “o santo amor do homem pelo homem é a verdadeira imagem do celeste amor do homem para com Deus” (TAD, p. 468).
Quem quer amar a Deus perfeitamente deve amar o próximo, pois “a perfeição do amor da divina bondade do Pai celeste consiste na perfeição do amor aos nossos semelhantes, que são nossos irmãos” (TAD, p. 469).[28] E de uma forma ousada, Francisco fala que devemos dar a vida pelo próximo: “já que amamos ao próximo como a nós mesmos, pelo amor de Deus, também devemos ser ciosos dele pelo mesmo Deus, como o somos de nós mesmos, de modo que devemos aceitar a morte, para impedir que ele morra” (TAD, p. 475). E quando lembra o hino da Caridade de São Paulo (1Cor 13), ressalta que a caridade “espera todo o bem do próximo, sem nunca desanimar de o guiar para a salvação” (TAD, p. 522).




[1] “O amor de Deus precede todo o amor, até o de nós mesmos, pela inclinação natural da nossa vontade” (TAD, p. 465).
[2] “O amor é o primeiro ato e princípio de nossa vida devota e espiritual. Por meio dele vivemos, sentimos e nos comovemos, e tal é a nossa vida espiritual quais forem os nossos movimentos efetivos” (TAD, p. 316).
[3] “O amor não tem nem forçados nem escravos, antes submete todas as coisas à sua obediência com uma força tão deliciosa, que, assim como nada é mais forte do que o amor, nada é também tão amável como a sua força” (TAD, p. 37).
[4] O amor é sempre indigente, “porque, se alguma vez se sentisse saciado, deixaria de ser ardente, e por conseqüência deixaria de ser amor” (TAD, p. 289).
[5] Expressão utilizada pelo Papa Francisco na EG, 24.
[6] “A verdadeira devoção, Filotéia, pressupõe o amor de Deus, ou, melhor, ela mesma é o mais perfeito verdadeiro amor a Deus” (IVD, 2004, p. 29).
[7] “Esta grandiosa visión constituye el alma del Salesianismo” (LAJEUNIE II, 1966. p. 333).
[8] Falando, pois, de si (e igualmente de cada um de nós) diz: “A caridade de Jesus Cristo obriga-nos. E é assim, efectivamente. Nada obriga tanto o coração do homem como o amor. Se um indivíduo conhece que é amado por alguém, obriga-se a retribuir esse afecto; se é um homem vulgar que é amado por alta personagem, com certeza, mais obrigado se reconhece; e sendo-o por um grande monarca, quanto mais obrigado se não sentirá!” (TAD, p. 319).
[9] “O amor de Deus é o amor sem par, porque a bondade de Deus é a bondade incomparável” (TAD, p. 452).
[10] “O amor faz procurar a conveniência, e a conveniência alimenta e faz crescer o amor; o amor faz desejar a união nupcial, e esta união reciprocamente conserva e dilata o amor” (TAD, p. 46).
[11]  “O amor nivela os que se amam” (TAD, p. 223).
[12] Francisco chama de “coração” a “força vital do amor que surge da profundeza do nosso ser” (RAVIER, 2000, p. 15).
[13] “Essa expressão diz pouco e diz muito. Pelo menos, indica-nos que o coração, como também a vontade, pode ser ‘espiritual’, ‘nobre’, mas que também pode ‘degradar-nos’. Entre estes dois extremos, o ‘coração’ pode ser ‘digno’ de eternidade” (RAVIER, 2000, p. 15).
[14] “Foi esta verdade que traçou todo o processo pastoral de Francisco de Sales: revelando-se Deus aos homens, na esperança e no amor, os homens terminarão por aceitar esse Deus de Quem sentem a falta” (OLIVEIRA, 1968, p. 12-13).
[15] “Começamos a amar pelo conhecimento que a fé nos dá da bondade de Deus, e depois, pelo amor, saboreamos e gostamos desta bondade, de sorte que o amor aguça o gosto e o gosto requinta o amor” (TAD, p. 257).
[16] “Já vês, Teótimo, que as ocupações do estado de cada um não diminuem o amor divino, antes o acrescentam e douram, por assim dizer, a obra da devoção. O rouxinol não estima menos a sua melodia nos intervalos de pausa do que quando canta. O coração devoto não estima menos o amor, quando as necessidades exteriores o chamam para serem cumprida, do que quando ora: o silêncio ou as palavras, a ação ou a contemplação, o trabalho ou o descanso, cantam igualmente nele o cântico de sua dileção” (TAD, p. 578).
[17] “A complacência como tal, é fé” (RAVIER, 2000, p. 50).
[18] “O amor de complacência atrai Deus para o íntimo de nosso coração, enquanto que o amor de benevolência lança para Deus o nosso coração, e com ela todos os nossos atos e afetos, consagrando-lhes com profundo amor” (TAD, p. 346).
[19] “É o amor que leva a Inteligência à contemplação e a vontade à união” (TAD, p. 311).
[20] “Quando o divino amor reina em nosso coração, domina realmente todos os outros amores da vontade e, conseguintemente, todas as afeições dela, porque naturalmente elas seguem os amores” (p. 561).
[21] Francisco chama essa atitude de pecado venial e de pecado mortal (TAD, p. 184). Segundo está no Tratado, “pelo pecado venial amamos alguma coisa fora da razão, mas não contra a razão; damos à criatura um pouco mais do que convém, mas não a preferimos ao Criador” (TAD, p. 178). Já “o pecado mortal consiste neste desprezo de Deus, e um só pecado mortal exclui a caridade da alma, visto que destrói a sua união com Deus, que é a obediência e a submissão à sua vontade” (TAD, p. 178).
[22]Se não verificarmos em nós o adiantamento e progresso que quiséramos ter na vida devota, não devemos perturbar-nos, mas conservar-nos em paz, perseverar no bom propósito, de modo que a tranqüilidade reine sempre em nossos corações” (TAD, p. 405).
[23] “A nossa nova vida é o amor celeste que nos anima e vivifica a alma, e esse amor está escondido em Deus e nas coisas divinas com Jesus Cristo” (TAD, p. 315).
[24]  “Quem pretender o amor divino deve cuidadosamente dedicar-lhe o seu repouso, o seu espírito e as suas afeições todas” (TAD, p. 575).
[25] No capítulo XI do livro X está expressa essa necessidade.
[26] “Em suma, é a mesma coisa amar a Deus e ao próximo” (COSTA JR., 2000, p. 12).
[27]A vontade de Deus está no serviço do pobre e no do rico, mas mais no do pobre: o coração indiferente segue esse partido” (TAD, p. 398).
[28] “O amor divino nos dá uma alegria e consolação interior, com uma grande paz de espírito, que nos sustenta através das adversidades por meio da paciência, e que nos torna agradáveis e benignos, ao socorrermos o próximo com carinhosa bondade” (TAD, p. 558).

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