A Assunção de Maria na poesia de São Francisco de Sales - Espiritualidade Salesiana

O Amado Filho Jesus
Sempre foi a vida de Maria.
Ela não vivia em si,
Era Ele que nela vivia.

Sim, a mais amante 
E a mais amada das mães é Maria.
Ela viveu de amor,
Amor que jamais acabaria.

A sua morte foi a mais doce que se pode imaginar;
Atraída por Jesus com o seu suave aroma,
Lançou-se amorosamente, sem empecilho.
No seio da bondade do seu amado filho.

Esta santa alma amava com extremos de ternura
O seu santíssimo, puríssimo e amabilíssimo corpo;
Deixou-o sem custo, todavia,
E sem resistência alguma, naquele santo dia.

O Senhor lhe dera aos pés da cruz,
Da morte, a suprema dor;
Justo era que, lhe concedesse, no fim
As soberanas delícias do amor.

Não se percebem na vida de Maria
Raptos nem êxtases, nem sinal fugaz.
Porque toda ela foi um rapto de amor ardente,
Acompanhado sempre de grande paz.

Ainda que este amor fosse sempre crescendo,
Este aumento aos saltos não ia,
Avançava como uma corrente,
Quase imperceptivelmente ascendia.

Chegando a hora de deixar esta vida,
O amor fez a alma separar-se do corpo.
A morte é realmente só isto, então:
Esta definitiva separação.

Maria, a mãe de Deus, morreu de amor!

Morreu pela morte do fruto de seu ventre,
Pois ela não tinha outra vida que a Dele.
Como poderia, pois, Maria
Morrer de outra morte que não da Sua?

Maria e seu Filho eram dois,
Mas um só coração e uma só alma,
Em um só espírito, em uma só vida,
Em um só amor, em uma só palma.

Esta santa mãe, que fora ferida
E alcançada pelo dardo de dor,
Não morreu naquela hora sofrida
Da paixão de seu filho e Salvador.

Mas por longo tempo suportou 
A chaga que o amor lhe causou,
Da qual, por fim, sua vida entregou:
Morreu de amor, o amor a tomou.

O Cristo morreu de amor,
A Sua Mãe também.
Amor que os dois unia,
Que pelo Espírito nos vem.

Seu coração, sua alma e sua vida
Estavam no Céu, com Jesus.
Como Ela pode continuar vivendo na terra
Sem fazer ao destino uma guerra?

Na noite que chegou repentinamente
Continuou para ser aos cristãos uma luz.
Com tantas aflições e perseguições
Depois que ascendeu o Senhor Jesus.

Ficou no deserto deste mundo,
Esta Santa Arca da Nova Aliança,
Debaixo das tendas e pavilhões,
Como Senhora da Esperança,

Depois da ascensão de seu filho Jesus,
Maria ficou para consolar, iluminar e confortar
A Igreja, os filhos e filhas do Calvário,
Aqueles que recebera aos pés da cruz.

O Filho, humano por causa da mãe
Não queria que Ela ficasse peregrina.
Ao passar pela sentença universal da morte,
Ele mesmo a levou para cima.

Sim, já que era toda pura,
Sem mancha alguma de pecado,
Não precisou daquele Juízo
Que a todos nós é reservado.

E foi levada diretamente para o céu,
Com um suave sorriso.
Nos braços de quem a havia salvado,
Adentrou enfim, no Paraíso.

A Igreja é testemunha deste fato
E o chama de Solenidade da “Assunção”,
Tudo isso assegura a Igreja
Sobre a morte de Maria e sua ressurreição.

Por Pe. Nildo Moura de Melo, OSFS
(Cf. São Francisco de Sales. Tratado do Amor de Deus, Livro 7, capítulo 13 e 14; Sermões 21; Obras Completas IX, pp. 182-183; VII, 441-443, 447, 450; Sermão de 15 de agosto de 1602, falando da Assunção em Saint-Jean-de-Grève) 

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