Questionamento acerca do Batismo

Vamos conversar sobre alguns questionamentos que católicos e irmãos de outras igrejas fazem acerca do batismo.

VIDA NOVA
O batismo significa um novo nascimento, nos traz vida nova, a vida de filhos de Deus (Jo 3,5; Rm 6,4). Não podemos negar, principalmente quando somos pessoas de fé, que ao recebermos o batismo nos tornamos filhos de Deus. Se eu não vivo como filho seu, se não me comporto de acordo com sua Palavra, não quer dizer que Ele não é meu Pai. Não é porque eu não conheço ou conhecia a Palavra que está anulada a graça de Deus. Uma vez batizado, batizado para sempre. A parábola do filho pródigo diz que o filho emporcalhado continuou a ser filho (Lc 15, 11-32). O pai apenas o revestiu com aquilo que ele havia perdido e com o amor que ainda não tinha compreendido. Voltar para casa, voltar para o abraço do Pai, pedir perdão: isso é a conversão do batizado, isso é ser encontrado, isso é tornar a viver.

PERDÃO DOS PECADOS
O batismo significa o perdão dos pecados. A criança, embora não tendo pecado, participa da sorte dos pecadores, como todos os seres humanos participam da sorte de Adão e Eva (Gn 3, Rm 3,23; 5,12.19; Sl 51,5). A Igreja chama isso de pecado original. Pelo batismo recebemos o perdão dos pecados que herdamos desde Adão e Eva e somos novas criaturas em Jesus Cristo. Depois do batismo, sendo crianças ou adultos, continuamos nossa batalha e, por vezes, pecamos novamente (Rm 7,19). Como o pecado não é vontade de Deus, Ele nos lava de novo, não pela água do batismo, mas pela água de nossas lágrimas, pelo arrependimento e por Sua misericórdia, no Sacramento da Confissão (Santo Ambrósio, século IV). As Escrituras não nos mostram alguém que recebeu o Batismo pela segunda vez, mas nos fala de pessoas que se arrependeram e começaram novamente (Tg 5,16).

BATIZAR CRIANÇAS
Quanto ao argumento de que crianças não devem ser batizadas, uma vez que ainda não fizeram sua opção de fé, lembramos que, Abraão, por exemplo, recebeu do Senhor o mandato da circuncisão, símbolo da aliança e do selo da justiça da fé (Gn 17,12). E isso devia ser administrado aos meninos de oito dias, mesmo que meninos de oito dias não cressem. Os pais, pela fé, ofereciam a criança a Deus. Não eram as crianças que escolhiam a circuncisão, mas os pais. Como judeus, eles concediam aos filhos a graça de fazerem parte do povo de Deus, de trazer em si a aliança com o Senhor. Jesus recebeu, ao oitavo dia, a circuncisão. Era uma criança, sem uso da razão, mas passou pelo rito de justificação pela fé do Antigo Testamento. No Novo Testamento (Mt 28,19-20), o batismo substituiu, como ensina Paulo, a circuncisão (Cl 2,11-12).

JESUS FOI BATIZADO ADULTO
Jesus foi batizado adulto porque João começou a batizar adulto. João não batizava antes, uma vez que era apenas seis meses mais velho do que Jesus. Assim que João começou a batizar, Jesus foi receber o batismo feito por ele. Explicitamente, o Novo Testamento não fala do batismo de crianças. É bom lembrar que também não fala do batismo de jovens. Fala, sim, de famílias inteiras sendo batizadas, o que leva a crer que haviam crianças e jovens. É o exemplo do Centurião Cornélio (“com toda a sua casa” At 10,1s.24.44.47s), a negociante Lídia de Filipos (At 16,15s), o carcereiro de Filipos (16, 31-33), Crispo de Corinto (At 18,8) e a família de Estéfanas (1Cor 1, 16).

PAPA FRANCISCO
No dia 11 de abril de 2019, o Santo Padre deu início a um ciclo de catequeses sobre o Batismo, e nos deu uma explicação muito bonita sobre o batismo de crianças. Disse ele:
“Deixar de batizar uma criança por ser criança significa não ter confiança no Espírito Santo. Porque quando nós batizamos uma criança, entra naquela criança o Espírito Santo. E o Espírito Santo faz crescer, naquela criança, as virtudes cristãs que depois florescerão. Sempre é preciso dar esta oportunidade a todos, a todas as crianças, de ter dentro delas o Espírito Santo que as guie por toda a vida” (Papa Francisco).

NÃO ESTÁ ESCRITO NA BÍBLIA
A Igreja tem três fontes para seus ensinamentos: a Bíblia, a Tradição e o Magistério (o Papa e os bispos). A Bíblia é a nossa principal e inquestionável fonte das verdades para nossa salvação. A Tradição nos faz compreender fatos e costumes que não estão escritos na Bíblia, mas são igualmente verdadeiros. O Magistério, de forma especial o Papa, sucessor de São Pedro e vigário de Cristo, interpreta a Bíblia e a Tradição para cada momento específico da história, de forma que os cristãos possam ser fieis ao que Deus pede.
Muitos questionam o valor doutrinal da Tradição e a confundem com invenção. Não. Ela não é invenção. A Tradição é boa, correta e nos comunica aquilo que não está escrito, mas é verdadeiro. O Apóstolo João deixou claro que nem tudo está na Bíblia, quando diz: “Jesus fez ainda muitas coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que não caberiam no mundo os livros que seriam escritos” (Jo 21, 25).
Cito, agora, alguns exemplos da autoridade da Tradição: 1) sabemos que a Bíblia é o Livro Sagrado porque a Tradição nos ensinou isso. Se não fosse a Tradição, por meio de quem Deus nos garantiria que este livro foi inspirado por Ele mesmo?; 2) foi a tradição oral dos judeus que possibilitou que o Antigo Testamento fosse escrito. Depois de muito tempo passando de geração em geração é que foi escrito a travessia do Mar Vermelho, por exemplo.; 3) também é a Tradição que nos conta por onde eles andaram depois que Jesus ascendeu ao céu e como foi a morte dos Apóstolos; 4) é a Tradição que nos aponta a localização exata dos lugares Sagrados como o santo sepulcro, a gruta do nascimento de Jesus, os montes em que Jesus esteve.
Depois que a Tradição aponta, a ciência comprova, como tem comprovado. Então, se desvalorizarmos tanto a Tradição, desvalorizaremos o testemunho não escrito de tantos crentes que seguiram fielmente Nosso Senhor. A Tradição é, portanto, fonte inequívoca para conhecermos verdades que não foram registradas nas Sagradas Escrituras.

Que Deus abençoe a nós todos e possamos viver bem o nosso batismo.
Abraços.

Pe, Nildo Moura de Melo, OSFS

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