A beleza do belo


O belo que me encantou não existe neste ou naquele, nem nisto ou naquilo, pois ele não se materializou, mas prendeu minha atenção a ele. A beleza é infinita - nem a sincronia das estações a corrompe. Ela é demais de bonita! Dá valor às cores, se agrega aos amores - nem liga se parece esquisita. É beleza para a alma mais do que para os olhos e ouvidos. É beleza que salva quando os sonhos são esquecidos. É beleza nem de um nem de outro, mas daquilo que une os amigos.
Belo não é só aquilo que rouba o olhar ou o que seduz para escutar. Belo é o que fica, belo é o que dinamiza, belo é o que dá sentido à vida, belo é o que digo ao homem que ainda precisa irromper em mim, belo é o começo e o fim que comungam da rota percorrida. O belo é o que agrada. Digna presença do nada que pode roubar a cena e ser tudo no desnudo processo de resignificar a jornada. Belo é o que surpreende, o que não se entende, o que nos suga para depois ficar na gente. Belo é o que arquiteta um sorriso simplesmente para deixar o outro contente!
Belo é esta reviravolta sem volta que à vida escolta quando a gente se revolta. Belo não é só o ouvido nem só a faculdade de ouvir; não é só a palavra, a melodia, o sonido. Belos não são só os olhos,nem só a dádiva de ver; tampouco apenas aquele misterioso olhar, nem só a coisa vista num lugar. Belo é o que me roubou, o que não consigo explicar. O belo não cansa. O belo não descansa. Todo dia me alcança, me marca, me cura e me fere como lança. Depois, me conduz à dança. Meu coração então balança. Ah! O belo me traz esperança, o belo é bonança, verdade balbuciada pelos frágeis lábios da criança.

A beleza é uma aliança, eu acho, entre Quem não vi e o que vejo. A beleza é um segredo entre Quem não ouvi e os sons que ouço. Quem não vi nem ouvi é Aquele que É, e com Ele convivo na beleza da fé. O belo é este tempero misturado com o suor, a festa, a lágrima e o sorriso e que o fogo da existência no recinto do humano. Vai transformando em substancial alimento que fortalece as utopias desfraldadas ou recolhidas no interior do ser e que pelo desejo são embaladas. A beleza em si se esconde de mim. Me toca o que é belo e a beleza que espero se esvai no jardim. Quem sabe, fora levada para a arpa de algum serafim!
Só não entendi ainda, quando penso na beleza do belo se, de fato, a beleza é bela ou se feia ela é? O belo é bonito e bom de se mostrar, então, porque insiste a beleza em se resguardar? Por que, eu pergunto, ela gosta de se esconder do meu ouvir, do meu olhar, se meu desejo é apenas um elogio lhe direcionar? Ah, sim! Talvez seja o seu profundo desejo de me mostrar que a beleza do belo está para além do que se possa demonstrar.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Dinâmica sobre Vocações

Dinâmica da Flor de Papel (recolhida pelo autor)

Dinâmica de Semana Santa para Grupos de Jovens