Nossa Senhora de Guadalupe

Crer na intercessão e presença de Nossa Senhora nada mais
é do que compreender esta frase, "NÃO ESTOU EU AQUI, QUE SOU TUA MÃE?".
A América Latina, na primeira parte do século XVI, estava sendo assolada pelos
conquistadores europeus. O México era dizimado e mutilado pelos espanhóis.
Nossa Senhora de Guadalupe (1531) aparece
após a conquista do México por Cortez, quando os indígenas se encontravam
militarmente vencidos, socialmente esmagados, enfim, em estado de destruição
física e cultural. Era também o tempo da primeira evangelização do continente, uma
evangelização "inevangélica", porque feita pela força. Nossa Senhora vem como
mãe, como Imperatriz, como Senhora defender seu povo, os seus filhos. E ela
consegue fortalece-los e guia-los sem esmorecer. Nela, o povo encontra sua
identidade esfacelada pelos conquistadores. Na imagem da “tilma” Maria reúne o
simbolismo e o vigor de todo povo Mexicano. Pouco a pouco este simbolismo real
alcança a América Latina inteira. "NÃO ESTOU EU AQUI, QUE SOU TUA MÃE?".
De fato, sua imagem é enigmática. Até hoje não se sabe como esta imagem “está” no poncho,
pois não é pintura, nem bordado, nem qualquer tipo de impressão conhecido. Além
disso, o poncho onde está a imagem é feito das fibras de um cacto que,
em condições ideais, dura, no máximo, 20 anos. Mas este poncho já tem quase 500
anos e continua intacto, tendo ficado mais de 200 anos exposto no tempo, sem
qualquer tipo de proteção. A túnica é semelhante
às usadas pelas mulheres astecas com vários tipos de flores. Cada flor nasce numa determinada região. O laço que tem acima da cintura e abaixo de suas mãos postas era
o sinal que as mulheres indígenas usavam para mostrarem que estavam grávidas. Logo
abaixo do laço e sobre o ventre da Virgem de Guadalupe há uma flor de quatro
pétalas. Existem vários tipos de flores
representados na túnica. Porém, flor de quatro pétalas é somente esta. Este era
um símbolo muito conhecido dos astecas e significa: “O lugar onde Deus
habita”. Portanto, a Virgem de Guadalupe está grávida e seu ventre é o
lugar onde Deus habita. Ela está grávida de um ser divino.
Em
volta de toda a imagem da Virgem de Guadalupe aparecem raios do sol, dando a entender que o sol, embora não apareça, está
atrás dela. O sol, para os astecas, era o símbolo maior da divindade. Portanto,
estando grávida de um ser divino, tendo o sol nascente atrás de si, Nossa
Senhora diz que seu filho que vai nascer é Deus e que ele é quem, na verdade,
iluminará os povos americanos. E Nossa Senhora mostrou este sol divino no dia
do solstício de inverno, ou seja, no dia mais curto do ano. A partir deste dia,
os dias começam a ser mais longos. A cruz
no colarinho define para os americanos
que o ser divino que está em seu ventre, que vai nascer e que iluminará os
povos: Jesus Cristo. Os cabelos soltos sob
o véu tem um simbolismo claríssimo para os astecas: quer dizer que ela é virgem. Este era o adorno característico que
todas as virgens astecas usavam. A
lua
negra simbolizava
para os astecas todas as forças do mal.
Com esta imagem, Nossa Senhora mostra que pisa sobre o mal, graças ao poder que
recebe de seu Filho Divino. Os astecas passaram a ser muito mais confiantes
depois de verem esta imagem e se converteram aos milhões. O anjo
é um sinal para os europeus que
iniciavam suas conquistas no México. Mostra para eles que se trata da
mesma Virgem Maria, Mãe de Deus, que está no céu e que eles veneravam na
Europa.
A cor azul do
manto representa
o céu e as estrelas nele
representadas correspondem exatamente, precisamente, à posição das estrelas e
constelações visíveis no céu daquela região no dia da aparição e marcam também
o solstício de inverno. Os astecas eram bons conhecedores das estrelas e
marcavam suas datas festivas e colheitas pela posição das estrelas. Por isso,
quando viram as estrelas no manto da Virgem de Guadalupe, compreenderam
imediatamente que aquela mulher vinha do céu, do divino, de Deus. Ampliações
gigantescas dos olhos de Nossa Senhora de Guadalupe feitas no microscópio
eletrônico revelaram o momento em que São Juan Diego, o índio que a vira, abre
seu manto diante do bispo local. Os olhos da Virgem mostram imagens como se
fossem de olhos humanos que estão vendo a cena naquele momento. Assim, é
possível ver que quando Juan Diego abriu seu manto, doze pessoas estavam
presentes, inclusive o bispo. As mãos
trazem uma mensagem clara para as Américas. A mão direita é mais escura e
representa os indígenas, nativos das Américas. A mão direita é mais clara e
representa os brancos vindos da Europa. As duas mãos juntas em sinal de oração simbolizam que brancos e índios devem se unir
e rezar, para a paz e o crescimento de todos. Por fim, é preciso lembrar
que "Guadalupe" significa no idioma indígena: “pisa na cabeça da serpente". É justamente a referência em
Génesis 3,15: Maria, vencedora do maligno.
"NÃO ESTOU EU AQUI, QUE SOU TUA MÃE?". Esta é,
depois das frases marianas na Bíblia, a mais impactante de todas. Por que? Porque
nos alcança onde e como estamos com uma ternura e uma força incomparáveis. Nossa
Mãe está conosco, nada vamos temer. Vai ser dura a luta, mas ela está conosco. Teremos
sofrimento, mas ela será nosso alívio. Sentiremos medo, titubearemos, mas ela
há de ser nosso sustento e proteção. "NÃO ESTOU EU AQUI, QUE SOU TUA
MÃE?". Ouçamos hoje, esta frase! Maria no-la diz. Vamos, irmãos e irmãs,
vamos em frente, sigamos com fé, pois nossa querida mãezinha, a Imperatriz e
senhora de todos os povos vem nos fortalecer. Por isso, numa só voz nós ecoamos
esta prece confiante: “Nossa Senhora de Guadalupe”, mãe querida e presente em nossa
vida, rogai por todos nós!” Vamos seguir convictos de que nos repetes sempre "NÃO
ESTOU EU AQUI, QUE SOU TUA MÃE?" e viveremos como ensinaste, “FAZENDO TUDO O
QUE ELE (JESUS) NOS DISSER” (Jo 2, 5)! Obrigado, Mãezinha, por tanto amor!!!
Referências:
BOFF, Clodovis
M. Mariologia Social. O Significado da Virgem para a Sociedade. São Paulo: Paulus, 2006.
CRUZ,
Terra Santa. Imagem de Nossa Senhora de
Guadalupe. Significado e Simbolismo. Disponível em: <http://www.cruzterrasanta.com.br/significado/nossa-senhora-de-guadalupe>.
Acesso em 12 de dez. 2013.
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