Basta de Traição

Toca-nos profundamente a cena do Evangelho narrada nesta Terça-feira Santa (Jo 13, 21-33). Ela fala de relações, em especial, da amizade. Jesus encontra sinais de traição em Judas; em Pedro, Ele encontra sinais de covardia. Mas trata a ambos com respeito e com a verdade. No lugar do ódio, Jesus põe carinho. No lugar do ressentimento, Jesus derrama o perfume da confiança. A ferida da traição, Ele emplasta com o perdão.
Todos nós já enfrentamos ou haveremos de enfrentar algo parecido. Não sei listar as maiores dores depois da decepção e da traição (creio que a morte de um amigo ou de um filho possa ser). Mas a atitude de Jesus nos mostra que é possível passar por cima da traição sem entrar no jogo dela. O mal não se paga com o mal, pois se o fizermos, o multiplicaremos. O mal se derrota com o bem. A força do bem está no amor, amor que aceita ser gerado, que precisa de tempo para crescer, que aceita ser educado na escola do Evangelho e que tem consciência do constante aprendizado que é a vida humana. Amor que é oblação, que aceita dar a vida em prol dos amigos. Sim, a lição da Semana Santa é o perdão, é a entrega da vida, é o amor sem medida.
Olhando para Judas encontramos um pouco de nós. É bem verdade que simpatizamos com a pessoa de Jesus, que gostamos de suas palavras, que sua história nos emociona. Mas na hora que Ele pede a nós paciência, perseverança, coragem, justiça e perdão nem sempre estamos dispostos a permanecer fieis. Seria melhor ter um Deus que resolvesse tudo, um amigo super-poderoso que pudesse tirar todos os empecilhos da vida, alguém que satisfizesse nossos ideais e desejos, que não exigisse renúncia, mas nos empoderasse. Só que Jesus não é assim. Ele é um amigo que caminha junto, que promete sentido a nossa vida, que não nos abandona. Não um milagreiro, nem alguém vindo de outro planeta com a missão de privilegiar alguns. Ele é simplesmente nosso irmão, tão irmão que sofreu a traição, o abandono, a tristeza, assim como muitos de nós já o enfrentamos.  E essa é a loucura do cristianismo: crer num Deus que sofre, num Deus que aceita morrer, mas que jamais usará de violência, num Deus que é justo, mas não justiceiro. Num Deus que é amor, mesmo que amor rime com dor.
Ainda hoje o mesmo Jesus é traído, quando nas mesas dos governantes os pobres são esquecidos, quando o preconceito em nossas famílias e em nossos guetos fala mais alto do que a dignidade de cada pessoa, quando se quer resolver os problemas da vida com violência, quando abandonamos nossas crianças às ruas e esquecemos nossos idosos trancados em suas casas ou asilos, quando a vida humana é traficada. Basta de traição!
Por isso, peçamos ao Senhor que nos ajude a testemunhar seu Evangelho. “Sim, Senhor, nos ajude, nos ensine, porque, se os cristãos testemunharem aquilo que celebram nesta Semana, o mundo vai ser melhor! Cremos no Teu amor e sabemos que ele é nossa missão.
Basta de traição! Queremos viver o Teu Caminho, a Tua Vida. Queremos e nos comprometemos a ser outros Cristos num mundo que precisa de Ti! Levanta-nos quando a Cruz ficar pesada demais e nos conduza ao encontro de quem sofre dores mais doídas dos que a nossa. É pelo amor que seremos livres e é na caridade que descobriremos o sentido real de nossa vida. Basta de traição! É hora de ser cristão de verdade. Nos ajude, Senhor e amigo, nos ajude. Amém.”

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Dinâmica da Flor de Papel (recolhida pelo autor)

Dinâmica de Semana Santa para Grupos de Jovens

Roteiro de orações para procissão de Corpus Christi