Bom Pastor
Eu imagino que
Jesus caminhou muitas vezes pelos prados e campinas de sua região. Podemos pensar
ele conversando com pastores, com gente que cuidava de ovelhas. De uma forma ou
de outra, estas pessoas sempre estiveram presente em sua vida. Quando Ele
nasceu a Escritura ensina que os pastores o vieram adorar. Jacó, Moisés e Davi,
os maiores líderes da religião em que Jesus foi instruído, eram pastores. Os
salmos falam dos pastores, em especial o salmo 23. Sabemos que Jesus os rezava.
Enfim, são inúmeras as passagens que falam de Deus como pastor e do povo como
rebanho (Sl 23, 80,100; Gn 12, 2; Is 40,11, Jr 3,15;10,21; 23,1-2.4; Ez 34).
Pastores eram gente simples, sem muita instrução, mas corajosa e solidária. Eram gente que enfrentava lobos e intempéries, que sabiam ser dóceis, mas também
rudes, mansos e severos, firmes e singelos.
Jesus busca
parecer-se com eles (Jo 10, 1-10). Quer que o povo o entenda como um pastor. Quer
que o povo se sinta protegido e amado tal qual as ovelhas se sentiam pelo seu
pastor. Quer a intimidade, a proximidade, a mútua sintonia de toda a vida.
Quem ama cuida,
quem ama defende, quem ama alerta. O Senhor já começa dando um aviso: “cuidado,
porque tem ladrão tentando se aproximar! Para onde vocês estão olhando? Olhem
para a porta. É por lá que entra o pastor de vocês.” Quanta gente que está
buscando conforto e segurança em recursos que entram por outras vias e não pela
porta. Dá espaço para a morte. Jesus não quer isso. Ele nos ama, por isso diz
em alto e bom tom: CUIDADO! Nós conhecemos sua voz. É uma voz próxima, severa
quando é preciso, mansa a maior parte do tempo. Voz amorosa, voz ativa, voz
quem não emudece diante das ameaças e das possíveis desventuras.
“Em verdade, em verdade vos digo, eu sou a porta
das ovelhas. Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará
pastagem.” Só Jesus é assim. Não prende, não sufoca, não domina: protege! Nele
está a verdadeira liberdade e a verdadeira segurança. Quantas vezes nos
assustamos quando batem à porta, ou a vemos abrir sem saber quem vem, quando um
ruído estranho nos acorda! Pode ser um ladrão. “O ladrão só vem para roubar,
matar e destruir.” Jesus é diferente: “Eu vim para que tenham vida e a tenham
em abundância”. Não precisamos ter medo Dele, pelo contrário, devemos ter
alegria em acolhê-lo.
Sabe, gente, nós não estamos abandonados. Nós não estamos
deixados ao léu. Nós temos um Bom Pastor, mesmo quando nos sentimos esquecidos.
Isto deve nos confortar e nos fortalecer. Ainda que lobos queiram nos atacar e
ladrões se aproximem, o Bom Pastor levantará sua voz, tomará seu cajado, guardará
a porta. Ele mesmo é a Porta que nos guarda. E quando nos perdemos nos áridos precipícios
da nossa jornada, na hora certa, o Bom Pastor nos alcançará com sua voz. E nós
a reconheceremos. E Ele nos tomará em seus braços. E nós teremos a segurança e
o descanso. O Bom Pastor não se esquece do seu rebanho, de nenhuma de suas
ovelhas. As ovelhas não devem esquecer-se da voz do Pastor, por isso não
fiquemos longe de Cristo, não nos esquivemos Dele, porque sempre precisaremos reconhecer
sua voz para ter a vida plena. Se confundirmos a voz de Cristo com a voz do
ladrão teremos nossa vida ceifada. Não! Não podemos, pois do contrário teremos
a infelicidade. Eis que Jesus nos chama hoje, bate à nossa porta: ouçamo-lo! Deixemos
Ele nos tomar em seu braço, acariciar, curar as feridas, os medos, e nos
proteger, nos guardar.
E depois de refletir sobre tudo isso e de se deixar
participar do rebanho de Cristo Bom Pastor, aprendamos a fazer o mesmo e
tenhamos a coragem de ser bons pastores como Cristo é. “Aprendei de mim”, disse
Ele. Sim, uma vez cuidados pelo Senhor não temos o direito de guardar apenas na
memória afetiva e no reservatório resiliente para satisfazer os próprios sonhos
pessoais, mas para ser à sua imagem e semelhança, bons pastores para tantos
outros irmãos e irmãs.
Neste Domingo do Bom Pastor Jesus
se mostra como Bom Pastor. Sua identidade é o
amor. Amemos! Amemos de verdade e saberemos quem é o Bom Pastor e como é ser um
bom pastor. Deixemos ser conduzidos por quem com amor nos
pastoreia. Não haverá, pois, razões para arrependimentos, mas para júbilo e
paz.
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