O amor ao próximo segundo São Francisco de Sales - Espiritualidade Salesiana
São Francisco de
Sales conduziu sua vida pelo amor. Foi um verdadeiro cristão. Dizia: é preciso fazer tudo por amor e
nada à força! Ou amar ou morrer; morrer e amar! O amor é mais
forte do que a morte! Não estava falando de um
sentimento, apenas, mas de verdadeiro e mais sublime amor que pode ser dito
CARIDADE. Portanto, atitude. Segundo ele, amamos
o próximo enquanto é a imagem e a semelhança de Deus. Amar o próximo, por
caridade (isto é, sem outros interesses), é amar a Deus no homem, ou o homem em Deus. É estimar a Deus, pelo
amor de si mesmo, e à criatura por amor Dele (TAD, X, XI). Assim pensava o bispo de Genebra
referente ao mandamento do Senhor. É por Deus, pelo amor a Deus que amamos o
próximo. O mais excelente lugar para se amar a Deus é no irmão. E o jeito mais certo
de amar é irmão é em Deus.
De modo poético continuava sua
explicação: quando contemplamos o nosso
próximo, criado à imagem e semelhança de Deus, devíamos dizer uns aos outros:
Reparai para esta criatura, como ela se parece com o nosso Criador! E devíamos
abraça-la com carinho, rodeá-la das nossas atenções e chorar de amor por ela;
devíamos rogar a Deus que lhe concedesse mil bênçãos (TAD, X, XI). Mas por quê? Pelo amor de Deus, que a formou a sua imagem e semelhança, e a tornou,
por consequência, capaz de participar pela sua bondade na graça e na glória;
pelo amor de Deus, a quem essa criatura pertence, para quem é, por quem existe,
em quem vive e com quem se assemelha dum modo particular (TAD, X, XI). E
quase suspirando, concluía: o amor divino
não só recomenda com insistência o amor ao próximo, mas o difunde e inspira no
coração humano, como imagem e semelhança do seu próprio amor. Assim como o
homem é a imagem de Deus, assim o santo amor do homem pelo homem é a verdadeira
imagem do celeste amor do homem para com Deus (TAD, X, XI). Quem quer amar a Deus perfeitamente
deve amar seu irmão, pois “a perfeição do
amor da divina bondade do Pai celeste consiste na perfeição do amor aos nossos
semelhantes, que são nossos irmãos (TAD, X, XI).
São João disse o mesmo: nós
o amamos a ele (Deus) porque ele nos
amou primeiro. Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso.
Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não
viu? E dele temos este mandamento: que quem ama a Deus, ame também a seu irmão (1
João 4, 19-21).
São Paulo não fica atrás e se
expressa de modo enfático: Não fiquem devendo nada a
ninguém, a não ser o amor mútuo. Pois, quem ama o próximo cumpriu plenamente a
Lei. De fato, os mandamentos (...) se resumem nesta sentença: “Ame o seu
próximo como a si mesmo”. O amor não pratica o mal contra o próximo (Rm 13, 7-10a).
Ao lermos tão belas palavras
fica-nos a impressão de que é tão belo amar. Só que pondo os pés no chão acordamos:
amar é árduo, difícil, exigente. É preciso mais que vontade, mais que clareza,
mais que convicção: é preciso o exercício, a prática, a experiência carnal,
inteira do nosso ser, completa. O mestre da Sabóia nos instrui a irmos vivendo
o mandamento do amor com firmeza e paz, sem dar passos para trás, sem parar no
meio do caminho, sem hesitar. E nos esclarece que o amor de Deus e do próximo são dois amores que não vão um sem o outro,
e à medida que amamos mais a Deus, também amamos mais o próximo (EA IX,
110. Sermão de 29 de setembro de 1917). Se amamos a Deus com um simples sinal
da Cruz, amamos o próximo com um sorriso, com a paciência, com um gesto
cordial. Se podemos amar a Deus morrendo por ele, morrendo para nossas vontades
amamos o próximo; engolindo nosso orgulho, perdoando, sendo-lhe amigo ainda que
ele não inspire docilidade ou consolações; amar o próximo por Deus e em Deus é
enfrentar as próprias fragilidades e repugnâncias. Amar é ser irmão, estar do
lado, fazer o bem. E o afeto? Bem, se amarmos a Deus, Ele nos dará o gosto de
amar o próximo, mesmo que esteja sujo, seja amargo e nos decepcione.

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