SÃO FRANCISCO DE SALES E A MÃE DE DEUS - Espiritualidade Salesiana


São Francisco de Sales sempre exprimiu uma especial devoção para com Nossa Senhora. Chamava-a de “Santíssima Virgem, Mãe de Deus, vaso espiritual, rainha do amor divino, a mais amável, a mais amante e a mais amada de todas as criaturas” (Intr. TAD). Para ele, ninguém esteve mais unido a Jesus do que Maria (TAD, VII, XIV), pois ninguém amou tanto como ela amou: “Só a santíssima Virgem Nossa Senhora atingiu perfeitamente esse grau supremo no amor de seu querido Amado; ela é a pomba tão exclusivamente única em amor, que todas as outras, postas em paralelo com ela, mais merecem o nome de gralhas do que de pombas” (TAD, X,V).
O santo bispo teve uma relação filial para com Maria durante toda sua vida. Quando menino, aprendeu a saudar a Nossa Senhora através do Ângelus, prática que usará com meio de santificação da jornada diária. Desde os sete anos rezava o rosário diariamente. Ao passar pela crise existencial em Paris, ainda jovem e estudante, foi liberto por Deus quando rezava a oração “Lembrai-vos, ó piissima Virgem Maria...” diante da imagem da Virgem Negra da igreja de Santo Estevão de Gres. Foi nessa igreja e diante da mesma imagem que também fez seu voto de castidade. Para ser ordenado bispo, escolheu o dia 8 de dezembro: “Recebi a consagração episcopal no dia da Conceição da Virgem Maria, Nossa Senhora, em cujas mãos coloquei a minha sorte”, escreveu poucos dias depois a seu amigo, o bispo de Saluces (ALBUQUERQUE, 2013, p.100). Quando, junto com Santa Joana Francisca de Chantal, funda suas Irmãs, dá-lhes o nome de Ordem da Visitação de Santa Maria. A Mãe de Deus é posta por ele como patrona e exemplo para as Visitandinas.
Na base da devoção e da espiritualidade mariana de Francisco de Sales “existem dois princípios muito claros: Maria é infinitamente inferior a Deus e ao Verbo encarnado, a Jesus. Ela não é mais do que uma criatura, mas, ao mesmo tempo, é extremadamente superior a qualquer criatura, incluídos os anjos e os santos. É a Mãe de Deus e, portanto, inigualável a todos os demais seres criados. A escolha de Deus e sua incomparável vocação para ser a Mãe de seu Filho a situam num lugar único na vida da Igreja” (ALBUQUERQUE, 2013, p.101).
“A Santíssima Virgem é a colméia mística na qual o Espírito Santo e o Pai prepararam o favo do mais doce mel, Jesus Cristo” (TODOS OS DIAS COM SFS, 2000, p.93). Deus a preparou e pediu-lhe seu consentimento. Maria aceitou, amou a Criancinha divina no ventre, na manjedoura, no seu crescimento e, quando Jesus tornou-se o missionário do Pai, fez-se sua discípula. Mas foi no Calvário, “o monte dos amantes”, onde Maria o amou de modo especial, pois “amava mais do que ninguém” e por isso “foi mais do que ninguém atravessada pela espada de dor. A dor do Filho foi uma espada cortante que traspassou o coração da mãe, cujo coração estava unido ao Filho com ligação tão perfeita, que ninguém poderia ferir a um sem ferir em seguida ao outro”. Realmente, “se esta mãe vivia a vida de seu Filho, morreu também da morte de seu Filho. Pois, assim como é a vida, assim é a morte” (TAD VII, XIII).
            Francisco de Sales dizia: “Nossa Senhora é Rainha do Céu e da terra, dos anjos e dos homens... Querendo dar-lhe, porém, um nome digno de sua excelência, é preciso chamá-la: MÃE DE DEUS, porque essa palavra é tão sublime que todos os títulos, louvores e elogios, que saberíamos dar-lhe, estão incluídos nela” (O.C. X, p.66). Por isso, na Espiritualidade Salesiana, chamá-la de Mãe de Deus é um modo muito corrente.
            A ela devemos sempre ir: “honra, reverencia e respeita com amor especial a Santíssima e gloriosa Virgem Maria, Mãe de Jesus Cristo e nossa Mãe também. Recorramos, pois, a Ela e como seus filhinhos, joguemonos no seu regaço com toda a confiança. Em todos os momentos e em todas as ocasiões, recorramos a esta doce Mãe, invoquemos seu amor maternal e procurando imitar suas virtudes, tenhamos para Ela coração filial” (IVD, II, XVI). Francisco nos ensina que estar nos passos de Maria é estar nos passos de Jesus. Ela é sinal do que o amor pode realizar nas pessoas. A espiritualidade que emana é missionária, Visitandina. E o modo simples, afetuoso e prático de Maria relacionar-se com Deus nos ensina a viver na plena UNIÃO DE VONTADES, na união da nossa vontade com a vontade de Deus, a característica principal de toda a espiritualidade salesiana: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a vossa Palavra” (Lc 11, 38).
            Maria Mãe de Deus, rogai por todos nós. Rogai pelas mães do mundo inteiro. Nossa Senhora da Luz, Mãe que Cristo entregou à humanidade, ajuda-nos a viver o amor a Deus e ao próximo como São Francisco de Sales nos orienta, para que o Evangelho seja reimprimido em nossa missão e Cristo seja visto em cada cristão/ã chamado/a a ser testemunha da Alegria do Evangelho. Amém.


FONTES:
ALBUQUERQUE, Eugênio. Uma espiritualidade do amor: São Francisco de Sales. Madrid: CCS, 2007.
ARCHENTI, Augustini; PEDRINI, Arnold. Todos os dias com São Francisco de Sales. Viamão: OSFS, 2000.
SALES, São Francisco de. Tratado do amor de Deus. 3.ed. Porto: Livraria Apostolado da Imprensa, 1958.
______. Filotéia ou Introdução à Vida Devota. Petrópolis: Vozes, 2004.

­­­­­­­­­______. Obras completas. Annecy, França.

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